Quem me conhece sabe que não gosto de julgar uma série logo no primeiro episódio. Ás vezes, o piloto fica a desejar, mas no decorrer da temporada, a série ganha força e conquista de vez nossa atenção. Criada por Ben Queen, Powerless apresentou um episódio piloto bom, equilibrado e divertido que tem tudo para melhorar no decorrer da temporada. Claro que os primeiros episódios são promissores, afinal são eles que vão estabelecer se a série continua ou se encerra por aqui. Acredito que Powerless tem chances de continuar se injetar mais energia na trama, nos personagens e desenvolver bons plots.
Tanto no cinema quanto na televisão, estamos acostumados com as famosas lutas e confrontos entre grandes herois e vilões, sem nem ao menos ter a noção do que se passa na cabeça das pessoas que acompanham essas batalhas a céu aberto. Assim, a nova série da DC Comics e da NBC veio para tirar essas dúvidas e nos mostrar esse panorama sob o ponto de vista dessas pessoas comuns, que tem a rotina interrompida diariamente com destruições de prédios, pontes derrubadas, vagões para fora dos trilhos e cidades partidas ao meio.
Logo no primeiro minuto, Powerless nos apresenta Emily Locke (Vanessa Hudgens), uma garota que nasceu no interior e não está acostumada com agitação que os herois e vilões proporcionam. Ao se mudar para Charm City, ela se vê totalmente deslumbrada com todos esses conflitos em meio à cidade. Mas a sua grande empolgação é que, desta vez, o seu sonho de “fazer a diferença para o mundo” vai se tornar realidade. Ela é contratada para trabalhar na Wayne Security (uma das filiais da empresa de Bruce Wayne), comandada por Van Wayne (Alan Tudyk), primo distante de Bruce. A responsabilidade da nova diretora de pesquisa e desenvolvimento da empresa é de liderar e motivar a equipe a desenvolver produtos bons para combater o mal e evitar novos contratempos entre herois e vilões.
Em 22 minutos de episódio, a série cumpriu o seu papel em nos apresentar os personagens principais, suas primeiras características, o cenário principal, o primeiro problema e sua solução. Todos esses pontos mostraram qual é o propósito de Powerless: contar a história de super-herois sob o ponto de vista de pessoas que não só trabalham para eles, como também sofrem as consequências dos ataques no dia a dia. Falando assim, parece até algo chato de assistir, mas não é. A série tem uma pegada divertida, leve e nerd, afinal, os personagens são experts em desenvolver produtos de ponta para combater o mal.
No entanto, os mesmos estão muito desmotivados, já que nada do que eles produzem dá certo, seja por falta de verba ou desinteresse da chefia. A saída foi “plagiar” produtos já existentes com um custo menor. É aí que entra o papel de Emily que tem a responsabilidade de inovar e dar uma injeção ânimo no pessoal. É até engraçado a forma como eles apresentam os produtos que já estão no mercado, como é o caso da injeção anti-Coringa. Achei a ideia sensacional e eles poderiam vender o produto lá na série Gotham. Jim Gordon ia adorar.
Dos personagens, os que mais se destacam no primeiro episódio são Emily e Van Wayne. Vanessa Hudgens entrega uma personagem bem alegre e otimista em fazer a diferença. Talvez o seu entusiasmo até irrite um pouco os telespectadores, como irritou o próprio grupo do trabalho, que satiriza com frases de motivação e efeito. Isso sem contar quando a secretária Jackie (Christina Kirk) começa a ler trechos do livro motivador que o próprio Bruce Wayne escreveu.
Alan Tudyk entendeu bem o personagem e nos mostrou um Van Wayne engraçado e que se preocupa mais no seu próprio umbigo do que com a empresa. Seu sonho é alcançar uma boa posição no prédio mais requisitado de Gotham, além de ficar bem na fita com o primo Wayne. O entusiasmo dele ao falar com Bruce no telefone é cômico.
Na equipe, temos o designer de produtos Teddy (Danny Pudi), o engenheiro Ron (Ron Funches) e a engenheira de softwares Wendy (Jennie Pierson). Dos três, a que eu menos simpatizei foi a Wendy, que mostrou ser a mais chatinha e a que gosta de criticar e interromper assuntos importantes com ideias bobas. Torci para que Emily desse alguma patada nela, mas não rolou. Pode ser que minha opinião sobre a personagem mude com o tempo, mas agora, ela é a menos favorita da série. Já os rapazes tem tudo para ter bons plots na série e, consequentemente, gerar boas risadas.
Powerless é uma série com pegada “office” que vai mostrar a história dos herois e vilões sob o ponto de vista de pessoas comuns que não só sofrem com as consequências desses confrontos, como também trabalham para facilitar a vida dos herois. A ideia é mostrar, com humor e um toque nerd, como é salvar o dia sem ter poderes, apenas usando a mente, a inteligência, a perspicácia, a criatividade e o otimismo. Por enquanto, acredito que o programa não trará nenhum heroi famoso, mas quem sabe mais pra frente. Powerless tem uma boa história nas mãos, personagens que ainda podem melhorar (como é o caso de Emily e Wendy) e bons elementos. Vamos ver se os roteiristas e produtores vão usufruir bem o que tem nas mãos.
E aí, já assistiram a season premiere de Powerless? O que acharam da série? Deixem nos comentários!
PS: A abertura da série ao estilo quadrinhos é bem divertida!
Ficha Técnica
Powerless
Criação: Ben Queen
Elenco: Vanessa Hudgens, Alan Tudyk, Danny Pudi, Christina Kirk, Ron Funches, Jennie Pierson e Atlin Mitchell.
Nota: 7,0 (episódio piloto)
Fotos: IMDB