One Tree Hill (Lances da Vida) finalmente ganhou uma ‘casa’ para chamar de sua. Todas as temporadas da série teen dos anos 2000 estão disponíveis no Prime Video e, finalmente, decidi assistir a produção pela primeira vez em uma maratona nostálgica e a longo prazo, ou seja, um episódio por dia para não enjoar.
No momento, eu já vi a 1ª temporada completa e, neste texto, darei as minhas primeiras impressões sobre a história e sem spoilers. Na segunda parte, farei comentários com spoilers.
Afinal, qual é a trama de One Tree Hill? Com 9 temporadas e 187 episódios, a série é ambientada na cidade Tree Hill, na Carolina do Norte, e a trama gira em torno de dois personagens, Lucas e Nathan, que além de dividir o amor pelo basquete, também dividem o DNA por serem filhos do mesmo pai, mas os caminhos são completamente diferentes.
Nathan é o atleta popular da escola. Ele é filho de Dan Scott, que também foi a grande estrela do basquete em sua época na escola. Mas ele tem um segredo que não é guardado a sete chaves. Na adolescência, ele se apaixonou por Karen, que engravidou antes de ir para a faculdade. No entanto, Dan termina o relacionamento ao escolher a faculdade e o basquete, deixando Karen seguir como mãe solteira.
Ela é a mãe de Lucas que, foi criado por ela e o Keith (irmão de Dan) e, desde a infância até o período atual da adolescência, ele tem consciência de que Dan nunca o quis reconhecer como filho, criando um enorme desafeto e rancor pela ausência paterna.
Mas a situação começa a mudar quando o treinador da escola, Whitey Durham (Barry Corbin), convida Lucas a jogar no time de basquete, iniciando a discórdia e disputa entre ele e Nathan não só pelo esporte, mas também por serem irmãos com um currículo nada favorável no quesito paternidade.
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No entanto, à medida que eles são obrigados a conviver diariamente, os dois descobrem que têm mais coisas em comum do que imaginam, mas até lá, discussões, confusões, brigas e reconciliações vão acontecendo com eles e os demais que estão em torno dos irmãos Scott.
One Tree Hill te fisga imediatamente por ser uma série teen dos anos 2000 repleta de nostalgia. E se você for fã de The O.C e Gilmore Girls, vai gostar desta série com certeza.
Assim, One Tree Hill se passa no dia a dia desses personagens e os conflitos pessoais crescem e progridem à medida que eles vão evoluindo a cada temporada.
A trama de Lucas e Nathan é a base fundamental da narrativa, na qual o público tem sentimentos conflituosos sobre suas personalidades. Sem dúvidas, Nathan (James Lafferty) inicia a história sendo o personagem mais chato e tóxico, ou seja, o verdadeiro ‘boy lixo’ tanto com Lucas, mas especialmente com a Peyton que é a sua namorada no começo da série. É quase impossível torcer a favor, imaginando que não há solução ou redenção para Nathan.
Já Lucas (Chad Michael Muray) é mais observador, gosta da rotina que tem, mas que é totalmente modificada quando Nathan e Dan entram em sua vida, o que o faz remoer sentimentos, além de fuçar o passado para entender a razão para o pai não ter escolhido em reconhecê-lo de verdade. Outro ponto muito bom de acompanhar é a relação de mãe e filho de Lucas e Karen (Moira Kelly), na qual aos poucos o espectador também compreende as razões para Karen ter feito as escolhas que fez no passado para proteger o filho.
E essa relação se completa com o apoio crucial de Keith (Craig Sheffer) que, desde o início, ajudou Karen na criação de Lucas, criando uma cumplicidade entre tio e sobrinho, na qual Lucas acaba enxerga Keith como a figura paterna que não tem.
É claro que Dan (Paul Johansson) é a figura central de todo o caos que se desenrola nesta 1ª temporada. E sim, ele é o grande vilão de One Tree Hill, um personagem bastante detestável que, até agora, você o defende raramente.
Dan é um pai bem controlador ao pressionar Nathan ao máximo, abalando o garoto psicologicamente e emocionalmente. Não é à toa que o Nathan age da forma como vemos. Dan não esconde os seus sentimentos com relação ao Lucas, afirma sem medo que não quis ser pai na adolescência, dispara palavras maldosas, sem se importar quem ofende ou magoa; destrata o irmão Keith, assim como a esposa Deb (Barbara Alyn Woods) – que convenhamos, também não é uma mãe zelosa – dispara alfinetadas em Karen, entre outras coisas.
Dan é um personagem que se salva em pouquíssimos momentos, mas faz de tudo para ser odiado. E até quando tenta se redimir, sua ‘bondade’ soa extremamente falsa.
Em torno deste conflito familiar, temos outros personagens de One Tree Hill que se destacam por completo. Peyton (Hilarie Burton) é a namorada de Nathan que, inicialmente pode ser chata, mas o público compreende os motivos para sua personalidade ser assim, tanto o seu histórico de namoro tóxico com Nathan quanto o histórico familiar com perdas. Ainda assim, é uma personagem que te conquista logo, além de vê-la determinada a alcançar os seus sonhos como ilustradora, além de outros objetivos, e não apenas pensar em namoros, algo que ainda é forte em sua rotina.
Já Brooke (Sophia Bush) tornou-se a personagem queridinha do público e o maior destaque da série na época. Mas infelizmente ela não me conquistou tão rapidamente, por conta do estereótipo que representa. Brooke é a adolescente rica, bonita e popular, mas completamente fútil. Uma garota que só pensa em garotos e sexo, enquanto estudos e objetivos para o seu futuro são inexistentes para ela.
Confesso que é bem enjoativo acompanhá-la, soando chato a tamanha superficialidade da personagem. Mas assim como a Summer de The OC que cresceu, amadureceu e roubou a cena na série, eu acredito que com a Brooke será da mesma forma. Mas até o momento, poucas coisas mudaram.
Já a Haley (Bethany Joy Lenz) é uma personagem que te fisga logo com sua personalidade doce e tamanha inteligência, bem o oposto da Brooke. Ela é a melhor amiga de Lucas e, por ver o amigo em grande conflito e ser prejudicado, ela tenta uma trégua com Nathan. E a proximidade dos dois o levam para um relacionamento que, a princípio, parece que será o maior erro, mas o público se surpreende ao ver o quanto ambos melhoram, especialmente pelo fato de Haley fazer Nathan se tornar uma pessoa melhor, enxergar os seus erros, mudar a sua personalidade e, é claro, enfrentar a pressão tóxica do pai.
Haley tem um futuro promissor, mas uma decisão tomada no final da 1ª temporada assusta por ser impulsiva e até estúpida, mas acredito que dá para segurar as rédeas e evoluir, mesmo com mais e novos obstáculos pelo caminho.
Nesta 1ª temporada de One Tree Hill é normal você não gostar dos personagens, ter ‘ranço’ de alguns (eu tive bastante), mas a virada de chave começa a acontecer da metade ao final, fazendo eles darem os primeiros passos em seu upgrade, mesmo que com deslizes ainda ocorrendo, e muitos que ainda virão pela frente.
******COM SPOILERS******
Nesta segunda parte, farei alguns comentários com spoilers do que aconteceu nesta 1ª temporada de One Tree Hill.
Para começar, o namoro de Peyton e Nathan é insuportável de acompanhar pelo fato do garoto ser um péssimo namorado em todos os sentidos. A melhor coisa que aconteceu para ambos foi o término.
Desde o primeiro episódio, é possível shippar Lucas e Peyton, mesmo com bagagens sobrecarregadas dos dois lados, seja por problemas pessoais e familiares ou por namoros e amizades. Eu gosto deles e ainda torço para que fiquem juntos em algum momento.
No entanto, One Tree Hill acaba formando um triângulo amoroso entre Lucas, Peyton e Brooke, colocando a amizade de longa data das amigas em risco. É uma jogada ousada, mas injusta, pois Lucas e Peyton agem pelas costas de Brooke, inicia uma traição tanto de namorado quanto de melhor amiga. E apesar de não shippar absolutamente nada a Brooke e o Lucas, ela não merecia levar essa tijolada pelas costas, algo que a abala bastante, iniciando a virada de chave da personagem, ainda que lentamente.
Outra relação na qual o público torce é de Karen e Keith, que soa positivo e interessante, mas tudo vai por água abaixo após o acidente de carro, deixando o Lucas bastante ferido. Como o Keith estava alcoolizado no momento em que outro carro bateu neles, Karen joga a culpa nas costas de Keith, ainda mais pelo fato dele ser o responsável pelo Lucas enquanto Karen estava estudando na Itália. Infelizmente, por conta deste enorme contratempo, o possível namoro não vinga e a amizade dos dois esfria totalmente.
Neste acidente, Dan salva Lucas levando-o imediatamente ao hospital e autorizando a cirurgia. Este é um dos poucos momentos que Dan faz algo de bom ao filho.
Como disse, a virada de chave do Nathan começa nesta 1ª temporada, sendo o personagem que mais se transforma positivamente aqui. Entre erros e acertos, Nathan começa a amadurecer e a relação com a Haley é fundamental para isso acontecer. Nathan se emancipa dos pais, começa a cortar relações com Dan e Deb e inicia sua independência pessoal e financeira, mesmo com sacrifícios.
O casamento com Haley no final da temporada soa estúpido inicialmente por conta da idade e do futuro promissor para cada um, mas é possível enxergar uma luz no final do túnel.
Nesta temporada de One Tree Hill também acompanhamos outras subtramas, como de Jake e sua vida como pai adolescente e solo; a aproximação dele com a Peyton; a amizade abalada de Brooke e Peyton; o retorno de Deb na vida de Nathan e Dan, além da aproximação com Karen e Keith; os campeonatos de basquete e relação com o treinador, e muito mais.
Considerações finais
A 1ª temporada de One Tree Hill é viciante e traz toda aquela essência das séries teen dos anos 2000 que gostamos de ver, mesmo que tenhamos uma visão e um conhecimento bem diferentes em 2024.
Em breve, retorno com a minha review sobre a 2ª temporada.
Ficha Técnica
One Tree Hill
Criação: Mark Schwahn
Elenco: Chad Michael Murray, James Lafferty, Hilarie Burton, Sophia Bush, Bethany Joy Lenz, Paul Johansson, Moira Kelly, Craig Sheffer, Barbara Alyn Woods, Barry Corbin, Lee Norris, Antwon Tanner e Brett Claywell.
Duração: 9 temporadas (187 episódios)
Nota: 4,0/5,0 (1ª temporada)