Rivais (Challengers), novo filme estrelado por Zendaya, chega aos cinemas…e sabe o que você pode esperar desta história? Uma excelente trama que sabe construir uma tensão sexual entre competição, ambição, sentimentos e manipulação dentro e fora da quadra de tênis.
O trio de protagonistas entrega um triângulo amoroso extremamente provocativo que transborda na tela. É um filme sexy sem ser vulgar, desperta o tesão no espectador em uma narrativa sensual e instigante para saber o que vai acontecer com cada um, sem apelações, rumo a um final prazeroso. Sem dúvida, Rivais pode ser considerado um dos favoritos do ano e vou te dizer o porquê.
Com direção de Luca Guadagnino – conhecido pelo longa Me Chame Pelo Seu Nome – Rivais acompanha Tashi Duncan, atleta prodígio no tênis que se tornou treinadora. Ela é uma jogadora forte que bate o pé e não se desculpa ou se curva por seu jogo dentro ou fora da quadra de tênis.
Nos dias atuais, Tashi é casada com Art Donaldson, um jogador de tênis medíocre, mas com a ajuda dela, se torna campeão e famoso, construindo um império no universo do tênis junto com a esposa. No entanto, nos últimos tempos, Art vem acumulando apenas derrotas na quadra, o que faz Tashi reavaliar a estratégia para colocá-lo ao topo novamente.
Assim, ela o coloca para disputar um torneio de tênis menor, mas promissor. No entanto, esta competição coloca o casal diante de Patrick Zweig, ex-melhor amigo de Art e ex-namorado de Tashi. Este reencontro faz passado e presente entrar em colisão, aumentando as tensões. Assim, Tashi passa a analisar o seu casamento, enquanto questiona qual é o custo que vai pagar por esta vitória.
Não se pode negar que Luca Guadagnino soube desenhar com maestria uma partida de tênis não só o jogo em si na tela, mas na narrativa, cuja construção não linear se molda como uma bola de tênis que quica de um lado para o outro na quadra, a fim de conectar os pontos entre passado e presente para que o espectador entenda o que sucedeu ao que se vê nos dias atuais, tornando-se o ‘match point’ do filme.
Ou seja, à medida que vemos um acontecimento no presente, a história retorna 13 anos para desenhar o relacionamento do trio de protagonistas, diminuindo os anos (12 anos atrás, 8 anos atrás), para assim, apresentar pontos fundamentais da trama que compõe este quebra-cabeça competitivo.
Quando se entende perfeitamente esta magnifica narrativa no estilo partida de tênis, Rivais cria uma atmosfera instigante ao demonstrar uma intenção apaixonante por trás das motivações dos personagens.
A partir da amizade forte e de longa data de dois grandes amigos, há uma disputa para saber quem vai conquistar o coração e a atenção de Tashi, ao mesmo tempo que revela o que realmente a jovem tenista sente e quer para sua vida e carreira.
Quando digo que Rivais é sexy sem ser vulgar, é porque o filme esbanja sensualidade sem apelar para cenas explícitas. A atmosfera sensual fica por conta de uma direção que desfruta do corpo dos personagens homens, objetificando suas curvas, músculos, tonificação, em que há cenas de nudez na medida certa, com algo a se dizer.
Já o corpo feminino – no caso, de Tashi – é enaltecido e contemplado em cenas simples, desde da personagem usando lingerie, passando creme nas pernas ou apenas caminhando pela quadra de tênis, iniciando um desfile de aplausos com sua chegada, o que revela força e o poder de manipulação que será usado por ela.
Claro que a tensão sexual é o molde principal da história, a partir de uma rivalidade masculina inflamável entre Art e Patrick, a excelente provocação por parte de cada personagem, cuja manipulação movimenta este triângulo amoroso diante da ambição em competir, ganhar o que deseja e desfrutar do prazer que sente no exato momento.
Tudo isso é visto pelas atuações, expressões, olhares e diálogos de um elenco formidável que Rivais conseguiu reunir. Sem dúvidas, este pode entrar na lista de melhores trabalhos da carreira de Zendaya, que oficializa um amadurecimento em sua atuação. Ela entrega uma Tashi que, desde nova, sabe o que quer e gosta, tem foco na carreira e não tem medo de dizer o que pensa ou o que é preciso fazer, com o receio de machucar os sentimentos de alguém.
Tashi é ambiciosa e usa da manipulação e provocação para conquistar os seus objetivos e sentir prazer, mesmo que o seu sonho seja realizado por outra pessoa, no caso, o marido Art. Mesmo não querendo ser, ela é uma ‘destruidora de lares’, criando uma rivalidade masculina entre dois melhores amigos, a fim de extrair o que há de mais visceral, sensual e gostoso de ver e sentir.
O prazer de Tashi é ter suas expectativas atendidas. Como a mesma cita no filme, ela não precisa de alguém apaixonado por ela, mas ela gosta de ter a sensação de ser a paixão de alguém, desde que atendam o seu real desejo. E é aqui que a maior tensão se concentra, desenhando as ações de cada um.
De um lado, Art é apaixonado e se curva para Tashi, mas não atende as reais expectativas da garota na quadra de tênis, por conta da sua mediocridade como tenista. Do outro lado, Patrick atende as expectativas de Tashi na quadra, mas não se curva a ela, muito menos é ambicioso com sua carreira, levando a uma vida derrotada e com poucas realizações.
É a rivalidade masculina junto à competição na quadra e a luta em realizar novamente o desejo de Tashi, que desperta a ambição e fúria entre os dois que, mais do que rivais, há um ‘bromance’ entre eles que não fica explícito, mas muito bem subtendido nas entrelinhas.
E se conseguimos ver tudo isso atravessar a tela é graças também as atuações de Mike Faist e Josh O’Connor que roubam as cenas no timing certo, com Zendaya dando o toque especial com o seu protagonismo. Acrescenta-se também aos diálogos ácidos e excitantes entre os três, especialmente entre Tashi e Patrick, que mistura desejo, ambição e frustração.
Outro ponto que não se pode deixar de falar em Rivais é que a direção ousa bastante com ângulos, closes nos corpos e o uso de lentes, especialmente na quadra, quando a câmera é colocada tanto na bola quando nos próprios personagens para acompanharmos o ponto de vista de um jogo de tênis, indo para um lado e outro, assim como quem assiste ao jogo da arquibancada, virando a cabeça de um lado a outro constantemente.
Considerações finais
A reta final de Rivais eleva o nível de tensão sexual para os ‘finalmentes’, em uma última partida de tênis com ótimas revelações, intensidade, raiva, fúria e tesão, conquistando o ‘match point’ fortemente desejado pelos três à primeira vista, resultando em um grito de Tashi pelo prazer finalmente ser cumprido.
Rivais entrega uma competição com desejo e tesão em uma narrativa bem construída em que as entrelinhas dizem muito mais do que uma frase explícita. Há ambição, emoção, prazer, sensualidade, rivalidade masculina, enaltecimento corporal e fúria em atuações que dão gosto de assistir, assim como uma excelente partida de tênis.
Sem dúvida, Rivais entra para a lista de filmes favoritos de 2024.
Ficha Técnica
Rivais
Direção: Luca Guadagnino
Elenco: Zendaya, Mike Faist, Josh O’Connor, Bryan Doo, Darnell Appling, Shane T. Harris, Nada Despotovich, Joan Mcshane, A.J Lister, Connor Aulson, Doria Bramante, Christine Dye e Kevin Collins.
Duração: 2h11min
Nota: 4,0/5,0