Para quem você vai ligar? A nova geração de caça-fantasmas está de volta em Ghostbusters: Apocalipse de Gelo (Ghostbusters: Frozen Empire), sequência direta do filme Ghostbusters: Mais Além. O longa traz um novo capítulo para a família que encara uma nova aventura com mais ação e aquele toque sobrenatural, enquanto destaca novos problemas, reforçando o laço entre os personagens.
Mesmo sendo uma aventura divertida e gostosa no estilo ‘sessão da tarde’, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo apresenta menos saudosismo e sentimentalismo comparado ao filme anterior, além de algumas ressalvas. É um filme agradável de ver, mas menos nostálgico.
Com direção de Gil Kenan e roteiro de Jason Reitman, Ghostbusters: Apocalipse do Gelo se passa dois anos após os eventos de Mais Além, com a família Spengler instalada no antigo Corpo de Bombeiros em Nova York, atuando como os novos caça-fantasmas da região.
Callie e Gary estão firmes e fortes na relação e, agora, cuidam de Phoebe e Trevor, além de atuarem juntos na nova profissão de caçar fantasmas que, por sinal, quase sempre deixam um rastro de estragos pela cidade. Isso acaba despertando a revolta no prefeito (William Atherton), que dá uma advertência ao grupo e proíbe Phoebe de atuar, uma vez que ela ainda é menor de idade, o que a deixa revoltada, já que esta é a sua paixão.
Junto a isto, um antigo mal retorna à cidade quando uma relíquia vai parar na loja de Ray Stantz, despertando uma figura obscura do gelo que deseja terminar a destruição que começou em NY anos atrás.
Ghostbusters: Apocalipse de Gelo é diretamente uma continuação do primeiro filme, tendo a noção de que o espectador já tenha visto o filme anterior, dispensando assim, a apresentação dos personagens já veteranos neste universo. Dito isso, o primeiro ponto positivo é que a história aumenta e reforça os laços dos personagens, especialmente de Gary que, agora, é o mais novo membro da família Spengler.
Crítica: Ghostbusters – Mais Além
No entanto, Gary ainda se sente deslocado em sua posição dentro da casa, sendo namorado de Callie e padrasto dos adolescentes. E isso o faz ficar dividido e recuado quando complicações familiares surgem, como fato de Phoebe sempre discutir com a mãe, especialmente agora que está proibida de ser uma caça-fantasmas. O filme consegue balançar esta dinâmica, deixando-a mais firme e forte. Paul Rudd, Carrie Coon e Mckenna Grace continuam ótimos em seus papéis, agradando novamente o público.
Aliás, temos uma Phoebe já maiorzinha e, é claro que, por ser adolescente, ela tem os seus momentos de ‘aborrescência’, o que a deixa mais teimosa, impetuosa e, especialmente, curiosa quando o novo sobrenatural surge.
Nesta nova fase e com estes novos problemas, ela conhece Melody (Emily Alyn Lind), uma adolescente fantasma que ficou presa na Terra. A amizade das duas é bem interessante e rende bons plots, como a curiosidade em saber mais sobre a Melody, além de suas verdadeiras intenções ao se aproximar da protagonista; e o fato de Phoebe se interessar fortemente em saber como é ser um fantasma, rendendo boas reviravoltas à história.
Já o ator Finn Wolfhard retorna como Trevor, irmão mais velho de Phoebe, e devo dizer que o personagem não é tão bem aproveitado na trama. Sua participação é até satisfatória, mas reduzida, chegando ao ponto dele desaparecer de cena repentinamente, e retornar apenas na reta final. Infelizmente, o filme perde a oportunidade de explorar mais o personagem, se aprofundar mais na dinâmica dele com a mãe e o Gary – pelo fato dele se achar adulto por ter 18 anos – além de mostrar mais da parceria dele com a Lucky (Celeste O’Connor), uma vez que ela era seu ‘crush’ no filme anterior.
Há também o retorno do personagem Podcast (Logan Kim) que continua ótimo e, agora, forma uma boa parceria com Ray. Dos novos personagens, temos Nadeem (Kumail Nanjini), o rapaz responsável por entregar a relíquia sombria ao Ray. Como o objeto faz parte de sua descendência, Nadeem acaba se tornando peça essencial nesta nova aventura em meio ao sobrenatural. Para a comédia, o personagem até segura as pontas, mas como elemento importante à resolução do caos, acredito que o filme acaba forçando uma peça que não se encaixa direito no quebra-cabeça, fazendo o espectador questionar se realmente era necessário este personagem na história.
Claro que o trio original dos caça-fantasmas retornam à tela, com destaque maior para Ray (Dan Aykroyd) e Winston (Ernie Hudson). Enquanto Ray mergulha em pesquisas sobre o mistério a cerca do objeto amaldiçoado que chega em suas mãos, tendo Podcast e Phoebe como os seus ajudantes fiéis, Ernie apresenta a evolução de sua empresa, com estudos e a criação de armadilhas ainda mais fortes para capturar os fantasmas, mas também para compreender o funcionamento entre matéria e partículas. Uma das ferramentas em destaque é a máquina de separar matéria e fantasma, algo que será gatilho fundamental na reta final.
Já o ator Bill Murray faz uma participação reduzida em Ghostbusters: Apocalipse de Gelo, aparecendo na metade e no final do filme. Acredito que o salário do ator seja o mais alto e, por conta disso, não seria possível tê-lo o filme todo. Mas isto é apenas uma suposição. Em compensação, o filme traz Annie Potts como a ex-secretária Janine, que se junta novamente aos caça-fantasmas.
Com relação às referências e os easter eggs, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo não esquece de nada desde os uniformes, equipamentos, personagens e, é claro, os fantasmas carismáticos, como o Geleia, os mini Marshamallows, além do fantasma Possessor que é o meu favorito e o que mais causa em cena.
Porém, o filme apresenta uma atmosfera aventureira e sobrenatural maior, diminuindo o lado saudosista e sentimental da história, como tivemos no filme anterior. Pode ser que alguns achem isso um ponto negativo. De fato, não é algo ruim, mas tal ausência nostálgica é bastante sentida, mesmo que a história tenha que seguir em frente.
Quando o caos é instalado, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo utiliza bastante de efeitos especiais para construir a criatura de gelo, o que é interessante, mesmo que sua irrealidade na tela seja sentida. É um ponto que pode dividir opiniões. Não é nada prejudicial à trama, mas é notório que o lado fantasioso faz a história tirar os pés do chão, ser ainda menos real temporariamente.
Outro ponto é que o filme faz questão é explicar o passado e toda a mitologia por trás da relíquia que desperta a figura fantasmagórica de gelo. Em parte, isso é bom, no entanto, o roteiro poderia ter diminuído tais explicações para trabalhar melhor alguns personagens e suas dinâmicas como foi citado anteriormente.
Considerações finais
A reta final de Ghostbusters: Apocalipse de Gelo entrega um desfecho satisfatório e feliz, mostrando, mais uma vez, que o dia foi salvo pelos caça-fantasmas. Além disso, amarra de vez os laços familiares entre os personagens, tornando esta família sólida.
Mesmo com o final redondo, é possível que Ghostbusters ganhe mais um filme para fechar a trilogia. Mas até o momento nada foi confirmado. Mas se isso acontecer, espero que a nova sequência seja dirigida pelo Jason Reitman para injetar mais da essência que seu pai, Ivan Reitman, colocou nos filmes originais.
Ghostbusters: Apocalipse de Gelo não é perfeito e traz menos sentimentalismo que o filme anterior, mas apresenta uma aventura que sabe entreter, reforçando o carisma de personagens que já ganharam os corações dos espectadores.
Ficha Técnica
Ghostbusters: Apocalipse de Gelo
Direção: Gil Kenan
Elenco: Paul Rudd, Carrie Coon, Mckenna Grace, Finn Wolfhard, Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Bill Murray, Kumail Nanjiani, Patton Oswalt, Logan Kim, Celeste O’Connor, Emily Alyn Lind, James Acaster, Annie Potts, William Atherton e John Rothman.
Duração: 1h55min
Nota: 3,0/5,0