Depois de acompanhar quatro histórias interessantes (nem todas são), a Netflix e a Marvel resolveram juntar os lendários heróis urbanos – Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro – para salvar a cidade de nova York em uma única série. Após aquela maratona marota dos oito episódios que, para mim, são mais do que suficientes para essa 1ª temporada, podemos dizer que Os Defensores cumpre a proposta, mas não empolga tanto quanto eu esperava. Pelo menos, não do começo ao fim.
A trama começa com dois episódios (H de Herói e Gancho de Direita) introdutórios para situar os telespectadores de onde os personagens pararam em suas respectivas histórias e de onde a nova trama irá partir. Temos Matt Murdock (Charlie Cox) retomando sua vida como advogado, após largar o uniforme e a identidade de Demônio de Hell’s Kitchen na 2ª temporada de Demolidor; Jessica Jones (Krysten Ritter) tenta retomar a sua vida após a morte de Kilgrave na 1ª temporada da série; Luke Cage sai da cadeia após os últimos acontecimentos ocorridos em Luke Cage; Por fim, Danny Rand (Finn Jones) e Collen (Jessica Henwick) retornam à Nova York após descobrirem que Ku’lun foi destruída, junto com os seus integrantes. É a partir daqui que se inicia a saga de Os Defensores, pois a história pega o gancho dos acontecimentos em Punho de Ferro e conecta com as demais tramas.
É no terceiro episódio que os quatro heróis se reúnem para enfrentar o mesmo inimigo: o Tentáculo. Pra quem não sabe ou não assistiu as séries Demolidor ou Punho de Ferro, o Tentáculo é uma grande organização secreta que tem o objetivo de dominar várias partes do mundo. Fundada por cinco líderes, eles querem controlar as ruas e as grandes empresas não só para adquirir mais poder, mas também para fazer a cidade cair quando for mais conveniente. Infelizmente Nova York é o novo alvo e quem está no comando é Alexandra (Sigourney Weaver), a líder da vez, ao lado de Madame Gao e outros três integrantes que irão lhe ajudar nessa nova empreitada contra os heróis.
Só contei essa parte para situar cada um sobre a premissa da série. No geral, o roteiro de Os Defensores é regular, mas o fato da série não empolgar tanto é que as ações levam um tempo para acontecer. Os primeiros quatro episódios perdem um pouco da força com muitas explicações. Não há equilíbrio entre teoria e ação e, talvez, a primeira parte dessa temporada se torne um pouco cansativa para alguns. A partir do quinto episódio a série melhora e ganha um tom mais sombrio e instigante, já que a história ganha mais ação e energia. Aliás, as cenas de ação estão boas e, na minha opinião, as lutas são bem coreografas e prendem a atenção de quem está assistindo. Já os diálogos estão um pouco fracos. Em alguns momentos são bons, mas em outros, as palavras se tornam desnecessárias, uma vez que elas tentam explicar algo que já compreendemos apenas vendo a imagem e a ação dos personagens. Entendem o que eu quero dizer?
É preciso ver as séries solos?
É interessante que o público já tenha assistido as outras séries para entender melhor o que se passa em Os Defensores. Como a proposta é conectar as quatro histórias, talvez você não compreenda algumas situações ou motivações dos personagens, caso não tenha visto nenhuma série, isso sem contar nos possíveis spoilers que pegará ao longo da temporada. Por exemplo, eu não assisti a série Demolidor, mas consegui compreender a trama desse herói. No entanto, descobri que a personagem Elektra morreu no final da 2ª temporada. Pra falar a verdade, isso nem é mais spoiler, uma vez que você acompanha as notícias sobre a série, mas este é apenas um exemplo dos fatos que você irá descobrir ao longo da história.
Quarteto com química
Não podemos negar que o quarteto funciona bem a temporada toda, justamente por cada um manter a sua personalidade intacta desenvolvida em suas respectivas séries. Mas a grande jogada da série foi forma uma dupla de heróis em diversos momentos, o que funcionou ainda melhor. Demolidor e Jessica Jones se dão muito bem e, mesmo com personalidades tão distintas, eles tomam conta da série, sejam separados ou juntos. Ambos são práticos e objetivos quando querem resolver o problema e não perdem tempo em agir. Já Danny Rand e Luke Cage ficam com a responsabilidade de trazer um pouco de alívio cômico, uma vez que Luke não leva muito a sério a história de transformação de Danny em Punho de Ferro e o provoca quando o herói se empolga ao contar o momento em que atingiu a força “chi”. Pra falar a verdade, a provocação de Luke Cage seja uma tentativa de mostrar o quão chato é ver Danny falar muito e fazer pouco. Aliás, uma das propostas de Os Defensores é mostrar a transformação total de Danny em Punho de Ferro, mas isso não fica claro. Esse é mais um ponto que pode chatear os fãs, já que eles esperam por esse momento desde a série solo do herói.
Os coadjuvantes
Com a reunião dos heróis, era certo que outros personagens das séries solos fossem aparecer em Os Defensores. No geral, todos são aproveitados na medida certa. Foggy (Elden Henson) e Karen (Deborah Ann Woll) aparecem para dar o apoio (ou não) às novas decisões tomadas por Murdock; Trish (Rachael Taylor) dá o suporte à Jessica Jones, mas também está ali para relatar o que está acontecendo em Nova York, já que seu programa de rádio é sucesso na cidade; A advogada Hogarth (Carrie-Ann Moss) aparece uma vez em cena e apenas o seu nome é mencionado ao longo da temporada para servir de status e ajuda jurídica aos heróis. Por fim, as três personagens que ganham mais destaque aqui é Colleen, Claire (Rosario Dawson) e Misty (Simone Missick). Colleen ganha mais espaço que as outras, uma vez que sua história está entrelaçada com a de Danny. Mesmo sendo um pouco mais interessante que na série solo do herói, o plot da personagem continua chatinho e, sinceramente, não sei por que ganhou tanto espaço assim.
Seria uma continuação de Punho de Ferro?
Posso estar errada, mas a primeira temporada de Os Defensores dá a entender que é uma continuação de Punho de Ferro, com participações especiais. Infelizmente a história de Danny Rand é que menos empolga e cai na graça dos fãs das séries da Marvel com a Netflix, e o fato de Os Defensores puxar o gancho da história desse herói pode fazer com que algumas pessoas torçam o nariz. Para saber exatamente qual é essa ligação, sugiro que assista a série. E para saber mais sobre Punho de Ferro, confira a crítica no blog.
O vilão é bom?
Uma das coisas mais importantes da série são as motivações que levam os heróis a sua grande jornada que, na maioria das vezes, são exercidas pelo vilão da vez. Neste caso, temos uma vilã distinta e que não perde a pose em nenhum momento. Sigourney Weaver cumpre esse papel bem, mas em nenhum momento me vi empolgada com a personagem, muito menos temerosa ou ansiosa com os seus próximos passos. Ela desempenha o papel de explicar os motivos e planejar as ações, uma vez seus aliados executam o trabalho sujo. É possível entender e compreender as suas motivações para estar à frente do Tentáculo, mas ainda assim não achei suficiente, sabe? Até seria mais interessante se a vilã tivesse mais energia na série. É difícil explicar sem dar spoilers, mas para mim, a personagem não empolga e nem se torna tão forte assim na trama.
Aliás, quem tira a vilã de cena várias vezes é Elektra (Elodie Yung), que volta do mundo dos mortos com a ajuda do Tentáculo. Novamente: se você não assistiu Punho de Ferro, talvez não compreenda direito essa parte. E, sinceramente, isso nem é spoiler. Por voltar com uma mente completamente diferente, as motivações de Elektra são bipolares e confusas, uma vez que passa a lutar ao lado do inimigo e contra o Demolidor, o amor de sua vida. A personagem é forte e todas as suas cenas de luta são satisfatórias, além de ela testar a força de cada defensor. Até a força indestrutível de Luke Cage é colocada à prova, uma vez que ele passa a lidar com pessoas do mesmo padrão de habilidade que a dele. Ainda assim, Elektra não ganha a minha afeição tanto assim. Talvez o fato de eu não ter assistido Demolidor tenha peso sobre a minha opinião. Quem sabe quando eu assistir a série, eu não mude de ideia com relação à personagem.
Considerações finais
Os dois últimos episódios ganha um pico de energia máxima com o plot twist que, para mim, é inesperada e muito boa, construindo um final satisfatório com ganhos e fortes perdas, além de trazer um gancho para as próximas temporadas de Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro. No geral, Os Defensores apresenta um roteiro oscilador, que começa com muitas explicações e ganha força e ação a partir da metade da temporada, exigindo um pouco de paciência do telespectador. O quarteto funciona bem e a química em duplas é melhor ainda. A vilã cumpre o seu papel, mas não empolga tanto quanto eu esperava. As cenas de ação são boas e as lutas coreografadas são satisfatórias. A série tem prós e contras que cabe a cada um analisar para saber o que vai pesar mais ao final da maratona.
E aí, o que acharam da série? Será que vamos ter uma 2ª temporada?
Ficha Técnica
Os Defensores
Criado por: Douglas Petrie e Marco Ramirez
Elenco: Charlie Cox, Krysten Ritter, Mike Colter, Finn Jones, Sigourney Weaver, Elodie Yung, Jessica Henwick, Rosario Dawson, Simone Missick, Elden Henson, Deborah Ann Woll, Rachael Taylor, Scott Glenn, Carrie-Ann Moss e Eka Darville.
Duração: Oito episódios (apróx. 50 a 60 minutos)
Nota: 6,9