Sem dúvida, The Faithful é um dos episódios mais tocantes, bonitos e com uma temática forte e importante desta 3ª temporada de Supergirl, se não um dos melhores episódios da série toda. A razão de dizer tudo isso é que nunca imaginei que uma série de super herói fosse falar sobre religião e suas escolhas. Alguma vez, alguém imaginou que a nossa Supergirl poderia se tornar um milagre aos olhos de muitas pessoas? Nem eu. E essa foi a proposta do episódio.
Lembram-se da season premiere da 1ª temporada em que Kara resgata um avião de um possível grande desastre para salvar Alex, revelando-se ser uma alienígena heroína para toda a National City? Pelo visto, alguém viu o rosto de Kara e jamais se esqueceu desse dia. Dois anos depois, descobrimos que há uma espécie de culto, um grupo de fanáticos que veneram e abençoam Supergirl por todos os salvamentos que ela fez até hoje. Esse grupo é liderado por Thomas Coville, 44 anos, um homem que viu sua vida desmoronar após o divórcio, mas tomou as rédeas depois que foi resgatado pela heroína no avião. Ele se sentiu no dever de iniciar um culto, honrar Supergirl e espalhar a palavra de Rao, Deus de Krypton. O problema é a forma como ele argumenta tais palavras e coloca a fé de outros discípulos à prova.
Para provar que é merecedor de ser um seguidor de Supergirl, o mesmo precisa ser salvo pela heroína. Porém não são as circunstâncias que fazem o incidente acontecer, mas sim é provocado pela própria vítima a fim de chamar o “milagre em pessoa”. É interessante a forma como a série discute o fanatismo e a distorção que a fé tem aos olhos de muita gente a ponto de colocar outras vidas em risco. Mesmo pedindo para acabar com esse culto, Supergirl não é só desobedecida como também tem a sua identidade descoberta por Coville, mas que jura jamais revelar isso para ninguém. Por ser um seguidor fiel, ele cumpre a sua palavra, o que diminui um pouco o peso dos seus atos. Infelizmente, ao tentar provocar um grande acidente em um estádio, Coville é preso, mas nem assim ele deixa a sua crença para trás, revelando que está mais feliz e em paz preso do que em liberdade.
Para mim, a cena final que mostra o diálogo de Coville e Supergirl e a heroína recitando a oração de Rao ao som de Hallelujah é a cena mais emocionante desse episódio. Não tem como não se comover com o tema abordado envolto por essa música. Eu não sei vocês, mas eu gostei muito da forma como a religião é proposta na série, na tentativa de abordar de um jeito fácil e objetivo aos olhos dos telespectadores mais novos o que é fanatismo, o que pode ser considerado milagre ou não e quais escolhas as pessoas podem ter nessa vida.
E por falar em escolhas, outro plot muito legal é o de Alex e o seu desabafo sobre a maternidade. Por mais que Alex tenha concordado com Maggie em não ter filhos, a agente joga tudo para o alto e admite o seu desejo de ser mãe, que se imagina cuidando de sua filha, ensinando-a a ler, escrever e até a dar o seu primeiro soco. Que ela quer mais do que tudo poder ter a chance de viver todas essas experiências assim como sua mãe viveu com ela e Kara. O mais lindo é que da mesma forma que existem mulheres que não querem ter filho, há aquelas que realmente querem ter, que sonham em ser mãe e que sabem que não será fácil criar um filho, mas que está disposta a passar por tudo isso pelo simples fato de ter o amor maternal em sua vida. Assim como defendo as mulheres que não querem ser mães, eu defendo e apoio discussões, livros, filmes e séries que abordam a escolha da mulher em colocar a maternidade na sua vida e até em primeiro lugar.
Por fim, o final desse episódio nos deixa um cliffhanger suspeito, pois ele dá os primeiros passos para o surgimento da nova vilã da série. Sam se assusta com a visão de várias tatuagens kryptonianas em seu corpo sem ao menos saber o que é e porque estão nela. O que mais assusta é a visão de um espírito medonho que aparece em seu banheiro. Segundo essa entidade, ela é uma das escolhidas de Rao. O que ela quer dizer com isso? O que a gente sabe é que, muito em breve, vamos ver a transformação de Sam em Reign e o grande embate dela com Supergirl. Aliás, a série fez questão de fortalecer a amizade entre as personagens mulheres: Kara/Supergirl, Alex, Maggie, Sam e Lena. Isso significa que o confronto entre Sam/Reign e Kara/Supergirl será mais forte e, talvez, irá abalar pessoas em volta.
The Faithful é um dos episódios mais tocantes da 3ª temporada de Supergirl. Com uma temática forte e raramente vista em séries de super-heróis, o episódio aborda sobre religião, escolhas, responsabilidade e representatividade, além de se aprofundar um pouco mais para retratar a questão do fanatismo e milagre. A cada episódio Supergirl surpreende mais não só pelo lado emocional, mas também com roteiros cada vez mais maduros e consistentes.
O que acharam desse episódio? Deixem nos comentários!
PS: O Culto de Rao já apareceu nos quadrinhos antes, em Superman: Blood of My Ancestors #1 – Blood of My Ancestors.
Nota: 9,0
Fotos: Recap Guide