Sabe quando um dos seus livros favoritos vira realidade? Pois é, Fazendo Meu Filme finalmente chega no Prime Video e posso dizer que a adaptação da obra de Paula Pimenta segue com fidelidade a história original, dando vida ao que imaginamos do romance e dos personagens cativantes. O filme até poderia ter ido mais além em alguns detalhes e momentos, mas, no geral, acredito que irá agradar os fãs e atrair um novo público para conhecer a história e os romances de Fani.
Com direção de Pedro Antonio, Fazendo Meu Filme acompanha Fani, uma adolescente de 16 anos sonhadora, de imaginação fértil e extremamente apaixonada por cinema – especialmente comédias românticas – cujo maior sonho é seguir carreira nesta área. Fani tem um pequeno e melhor grupo de amigos, com destaque para o Leo, grande parceiro de todas as horas. Ela vive a sua vida como se fosse um filme, em que os colegas são os personagens coadjuvantes, cada momento tem a sua cena e as paixões o seu destaque na narrativa.
Mas o plot twist na vida de Fani acontece quando a mãe lhe inscreve em um intercâmbio para passar um ano na Inglaterra. A ideia de sair do país, ficar longe da família e dos amigos e lidar com o novo e inesperado faz Fani encarar a insegurança e o medo, especialmente quando ela descobre estar apaixonada por alguém que não imaginou, cujo sentimento é mais do que recíproco.
Antes de falar do filme, preciso dizer que já li o livro duas vezes, sendo que a releitura foi feita recentemente, uma ótima decisão, pois não só lembrei de vários detalhes, como ficou mais fácil fazer as conexões entre livro e filme. Dito isso, posso dizer que Fazendo Meu Filme segue com fidelidade a obra original trazendo não só os principais plots, como também a essência dos personagens como imaginamos enquanto viramos a página.
Claro que por ser uma adaptação, há pequenas mudanças e, acredito que o filme poderia ir mais além, aprofundando em alguns detalhes que gostaria de ter visto e vou explicar. O primeiro ponto positivo é que temos uma protagonista que quebra a quarta parede o tempo todo, o que não soa enjoativo. Tal escolha da narrativa ajuda o espectador a entender melhor os pensamentos, opiniões e ações de Fani sobre as situações, exatamente como ela faz no livro, já que a história é a partir do ponto de vista dela. Um filme que faz isso é Honor Society e, na minha opinião, a quebra da quarta parede funciona no longa, podendo ser reduzido em algumas ocasiões, mas que não prejudica no desenvolvimento.
Outro ponto interessante de Fazendo Meu Filme é o fato do longa mostrar a paixão de Fani pelos filmes, não só em querer seguir a profissão, mas também pela forma como ela enxerga sua vida em cenas tiradas de uma comédia romântica, fantasia ou, até mesmo, terror. Há uma sequência divertida e fofa de Fani vendo alguns trechos idealizados, com direito a menções de títulos de sucesso como Um Lugar Chamado Notting Hill, O Mágico de Oz, ET – O Extraterreste, Peter Pan, Aladdin, Esqueceram de Mim, Indiana Jones, O Casamento do Meu Melhor Amigo, A Hora do Pesadelo e Titanic.
Além de trazer a essência pura da protagonista e repleto de boas dicas, acredito que Fazendo Meu Filme poderia até ter ousado mais na adaptação, criando um vínculo ainda mais forte por sua paixão pelo cinema em um desenvolvimento que desse a chance de explorar mais este amor que a Fani nutre pelos filmes, já que ela é a responsável por reger a história. Ainda assim, tal característica da protagonista se encontra na medida certa.
Enquanto o amor ao cinema ajuda a desenhar a trama, o filme acompanha o dia a dia de Fani na escola e ao lado dos amigos e família. E quem já leu o livro, verá que a adaptação segue com maestria a história original, como o fato do Leo nutrir uma paixão pela melhor amiga; a forte amizade de Fani, Gabi e Natália que, por sinal, achei a mudança boa, já que no livro, a Fani tem um vínculo maior com a Gabi, enquanto a Natália fica em segundo plano; a notícia sobre o intercâmbio de Fani, o que chacoalha toda a trama; o distanciamento de Fani e Leo e a aproximação dele e Vanessa, a inimiga de Fani e vilã da história; a aceitação sobre a viagem; a descoberta de Fani sobre os seus sentimentos com relação ao Leo; a relação dela com a família, especialmente a mãe; o desfecho que dará início ao grande filme da vida da protagonista, entre outras coisas.
Sim, o filme adapta bem os principais momentos da história, o que vai agradar demais os fãs do livro. Uma sequência que sempre gostei é da festa de aniversário de casamento dos pais da Gabi, em que a Fani fica bêbada e não se lembra de nada do que rolou, ao mesmo tempo que é aqui que tudo se desenrola para ela e o Leo. Eu queria ter visto a cena em que ela pede o brinde bêbada, mas infelizmente não tem, mas no livro é bem hilário, justamente por vir de uma pessoa extremamente tímida.
Aliás, outro desenvolvimento modificado em Fazendo Meu Filme é o crush que Fani tem pelo professor de biologia, Marquinho (Caio Paduan), uma vez que no livro, o professor dá abertura para as pequenas investidas de Fani, iludindo a garota, o que soa errado no livro, tanto pela diferença de idade quanto pelo fato dele ser professor e ela aluna. No filme isso não acontece, mostrando apenas o amor platônico que Fani tem por Marquinho, cujo balde de água fria é jogado ao descobrir sobre o status de relacionamento dele. Achei a alteração plausível e coerente, especialmente para os dias de hoje, se comparado ao livro que foi publicado em 2008.
Com relação aos personagens, Fazendo Meu Filme acerta no elenco que consegue transmitir a mesma essência dos personagens do livro. A atriz Bela Fernandes é Fani, apaixonante, tímida, meio reclusa, desconfiada, uma garota que pensa demais antes de agir, o que a faz se enrolar em algumas situações, especialmente quando o assunto é amor. Por viver em um mundo fictício criado em sua cabeça, ela não acredita nos momentos reais que acontecem, o que a faz ficar confusa, mas age a tempo antes que seja tarde demais.
A sua paixão pelo cinema é uma das melhores coisas de acompanhar tanto no filme quanto no livro, cuja identificação é imediata. Ela é de poucos amigos, mas são os melhores que ela poderia ter, como o Leo, a Gabi e Natália, cujas personalidades são idênticas ao do livro – Gabi (Alanys Santos) é prática, astuta e fiel; Natalia (Júlia Svacinna) é animada, apaixonada, agitada e deslumbrada – o casal Priscila (Kíria Malheiros) e Rodrigo (Pedro David) – que têm a sua própria história nos livros Minha Vida Fora de Série. Aliás, gostei que o filme forma o trio de amigas, uma vez que o livro, a Fani possui um vínculo maior com a Gabi, deixando a Natalia em segundo plano.
Outro personagem apaixonante de Fazendo Meu Filme, sem dúvidas, é o Leo, que ganha uma interpretação doce de Xande Valois, que entrega o mesmo charme e carisma do personagem no livro. Leo é apaixonado, mas não sabe se é recíproco, é comunicativo, fiel aos amigos, confuso com os seus sentimentos, ao mesmo tempo que escolhe a distância para não se machucar. A química dele com Bela Fernandes é doce, gentil, harmoniosa e extremamente apaixonante em que o espectador consegue ver e sentir o amor entre dois amigos florescer.
Há também personagens que vem para instalar o caos, como é o caso de Vanessa (Giovanna Chaves), a “arqui-inimiga’ de Fani, que surge para provocar a protagonista afastando-a de Leo.
Outra relação importante no filme é de Fani com a família, especialmente com sua mãe Christiana (Samara Felippo), que sempre quer o melhor para a filha, o que a faz pesar um pouco no seu controle sobre a vida de Fani. Isso é um ponto que é bem introduzido no primeiro livro e o filme faz a mesma coisa, aumentando no decorrer da história. Acredito que veremos mais do aprofundamento da relação de mãe e filha em uma futura sequência, assim como vemos nos livros seguintes (no total são 4 livros). Além da mãe, também temos a presença do pai, cuja participação é mínima, e do irmão mais velho Alberto (Matheus Costa), que é divertida com os mesmos plots. Aliás, gostaria de ter visto um charme maior do personagem, da mesma forma como é mostrado no livro.
Considerações finais
A reta final de Fazendo Meu Filme segue à risca o livro, em que descobrimos se Leo e Fani ficam juntos e o embarque de Fani rumo a sua aventura na Inglaterra, dando início ao verdadeiro filme da vida da protagonista.
Fazendo Meu Filme traz uma adaptação fiel e doce à obra original, agradando os fãs do livro e também atraindo novas pessoas a conhecer este romance teen cujo desenvolvimento é agradável e apaixonante. Mesmo podendo ousar mais na adaptação, o filme se mantém em uma zona de conforto que funciona, transmitindo a história criada por Paula Pimenta que conquistou vários corações.
No final há um ‘Continua’ e espero que Fazendo Meu Filme ganhe continuações para acompanharmos toda a história de Fani e seus amigos em busca de um final feliz. Está aí um filme que merece ganhar uma sequência.
PS: Prestem atenção, pois a autora Paula Pimenta participa de duas cenas no filme!
Ficha Técnica
Fazendo Meu Filme
Direção: Pedro Antonio
Elenco: Bela Fernandes, Xande Valois, Giovanna Chaves, Alanys Santos, Júlia Svacinna, Kiria Malheiros, Pedro David, Caio Paduan, Samara Felippo, Anderson Lima e Luca Ribeiro.
Duração: 1h34min
Nota: 3,5/5,0