Eu não sabia que precisava de Ryan Reynolds e Hugh Jackman juntos em ação até assistir Deadpool e Wolverine. O MCU dá as boas-vindas ao herói mais disfuncional, desbocado, agitado e falante nesta fase 5 que, convenhamos, vem capengando.
No entanto, este novo filme dá um respiro de alegria, com uma história divertida que mistura nostalgia e homenagens, abraça o multiverso e entrega uma das melhores químicas de super-heróis na tela ao som de uma trilha sonora formidável. É uma caixinha de surpresa dentro da outra que te surpreende. E vou te explicar o porquê.
Com a ótima direção de Shawn Levy, a maior dúvida de Deadpool e Wolverine era sobre a história, afinal, os trailers não divulgam exatamente como será este caminho, muito menos os desdobramentos para o retorno de um personagem X-Men já morto, além de sua missão ao lado de um herói bem improvável.
Mas sim, posso dizer que Deadpool e Wolverine entrega uma história bem simples e fácil de se entender. A sequência inicial – juntamente com os créditos – é formidável ao som de ‘Bye, Bye, Bye’ da banda N Sync, em que vemos Deadpool indo atrás de Logan e lutando contra os soldados da TVA (Autoridade de Variância do Tempo) em uma coreografia sangrenta, formidável e ritmada com a música. E é aí que tudo começa a ser explicado.
Deadpool e Wolverine parte após os eventos de Deadpool 2, depois que o herói luta contra o vilão Cable e usa da máquina do tempo para trazer Vanessa (Morena Baccarin) de volta à vida. Mas depois que tudo isso aconteceu, Wade precisa encontrar um propósito para si, como pessoa e super-herói.
Entre tentar entrar para o grupo Vingadores, trabalhar como vendedor de carros e comemorar o seu aniversário ao lado dos amigos que fez neste período, Wade é convocado forçadamente a comparecer ao TVA, sob às ordens do agente Mr. Paradox (Matthew Macfadyen). Tal convite é para explicar como e quando Deadpool se encaixa neste multiverso. No entanto, sua linha do tempo corre grande risco de desaparecer, uma vez que a Âncora do seu universo não existe mais. Agora, cabe ao Wade vestir novamente o uniforme vermelho para impedir que a sua linha do tempo suma e as pessoas que ele ama desapareçam para sempre.
O principal objetivo de Deadpool e Wolverine é explicar a introdução oficial de Deadpool ao Universo Cinematográfico Marvel, uma vez que o personagem fora desenvolvido pela Fox desde o começo. Quando a missão é dada e o Deadpool inicia sua viagem pelo multiverso, o filme inicia as explicações para entendermos, mais uma vez, a morte do Wolverine nesta atual linha do tempo, como vemos no filme Logan (2017) e como e por quê este personagem do grupo X-Men retorna para trabalhar ao lado de Deadpool.
O filme entrega uma proposta simples e direta ao ponto, até porque, o espectador precisa entender o que é necessário fazer para o personagem permanecer no MCU. Com a fusão da Fox e Disney, a ideia não era descartar um herói formidável que conquistou várias pessoas. Pelo contrário, o propósito do filme é desenhar esta jornada de boas-vindas, explorar e brincar com o multiverso e se aproximar ainda mais dos X-Men, dando abertura para a chegada de novas produções sobre os mutantes.
E é claro que, se tratando de Deadpool, o roteiro não seria apenas simples, recatado e do lar. Toda a essência do personagem continua firme e forte – mesmo sendo Disney – assim como é mantido os diálogos sarcásticos e pesados, além de sequências de luta bem sangrentas, do jeitinho Deadpool de ser. Não é à toa que a classificação do longa é para maiores de 18 e fico feliz que mantiveram isso, dando liberdade ao filme de ser ousado, forte e impactante, deixando a cautela bem distante.
E como a premissa é trazer Deadpool ao MCU, o que não falta em Deadpool e Wolverine são piadas sobre a fusão e ‘morte’ da Fox, a 5ª fase da Marvel que está ruim (segundo os fãs), ao próprio Kevin Feige (CEO da Marvel) e a Disney e suas regras de ser ‘family friendly’, algo que este filme definitivamente não é. E posso dizer que este é um dos melhores filmes da atual fase do MCU (junto com Guardiões da Galáxia 3), mas que não tem a responsabilidade de salvar esta fase. E quem pensa assim, está criando expectativas acima do esperado.
O longa usa das conexões de filmes e séries do MCU, o que vai exigir que o espectador já tenha assistido (ou pelo menos tenha certo conhecimento) de detalhes do filme Logan, Vingadores: Ultimato (2019) e filmes da saga X-Men, a série Loki (2021), entre outros. Além destas, o filme aproveita para fazer piadas sobre a vida pessoal dos protagonistas e seus outros trabalhos, explorando também o que já saiu na mídia sobre notícias de mercado sobre a Marvel e fofocas de artistas, o que é genial.
Entre idas e vindas destes momentos divertidos, o roteiro abre portas para participações especiais em Deadpool e Wolverine, uma verdadeira caixinha de surpresas que surpreende ao entregar um ótimo fan service, o que deixará o público vibrante e feliz enquanto presencia este momento nostálgico e aprecia as homenagens.
E tais ‘cameos’ começam quando Deadpool passeia pelo multiverso, encontra o Wolverine e ambos vão parar em um lugar chamado ‘Vazio’, para onde os agentes da TVA enviam aqueles que alteram o espaço e tempo. E esta sequência é uma das mais formidáveis possíveis, com a presença de personagens icônicos deste universo, sejam heróis ou vilões.
Aqui, Deadpool e Wolverine apresenta a vilã da vez, Cassandra Nova, interpretada pela atriz Emma Corrin. Ela é irmã gêmea do professor Charles, a líder do Vazio, um local que ninguém sai ileso, ou seja, ou você morre ou trabalha sob os comandos inflexíveis da antagonista. Cassandra é forte, cujos poderes são assustadores, desde arrancar a pele de alguém com um pequeno movimento das mãos ou entrar literalmente na mente de uma pessoa para entender os seus sentimentos, sonhos e o que lhe atormenta, o que é bem legal de assistir.
Acredito que o filme poderia ter aproveitado mais esta personagem em cena, que tem potencial de sobra e uma força bem temerosa, mas que fora facilitado para os heróis lidarem com ela. O confronto com esta vilã poderia ter sido mais arriscado, difícil e perigoso, a fim de dar um toque especial ao caos.
E o que dizer de Ryan Reynolds e Hugh Jackman juntos em ação? Apenas um caos delicioso de assistir. A combinação de um herói falastrão, desbocado e falante com um herói bruto, arrogante e cheio de arrependimentos resulta em cenas caóticas, discussões acaloradas, brigas sangrentas, mas também em uma parceria emocionante. E eles ainda contam com a parceria fofa de Dogpool, Ladypool e demais Deadpools.
Temos a presença dos demais personagens dos filmes anteriores, como Vanessa, Al Cega, Negasonic, Peter, Dopinder, Yukio, Shatterstar e outros.
Aliás, não se pode deixar de falar da icônica trilha sonora que Deadpool e Wolverine nos oferece, com canções de N Sync, Avril Lavigne, Madonna, Stray Kids, O Rei do Show, Grease, Green Day e outros, o que vai deixar os Millenials com um quentinho no coração. Até mesmo a Geração Z que conhecer as músicas irão se sentir fisgados imediatamente.
Crítica: Pequenas Cartas Obscenas
Em termos de CGI e efeitos especiais, o filme entrega algo satisfatório e equilibrado. Já os figurinos continuam ótimos, especialmente o de Wolverine e o clássico uniforme do personagem que deixará os fãs felizes.
Considerações finais
A reta final de Deadpool e Wolverine culmina com a descoberta sobre as intenções do agente Mr. Paradox, as ações da TVA e o objetivo final de Cassandra Nova, o que leva Deadpool e Wolverine a uma última luta lado a lado para salvar este universo, além dos destinos de Wade/Deadpool e Logan/Wolverine.
Deadpool e Wolverine apresenta uma história simples e direta ao ponto ao introduzir o herói ao MCU. O roteiro é embalado de diálogos fortes e sarcásticos, piadas ao universo Marvel, Disney, Fox, figurões do estúdio e aos próprios atores, fan service, referências, conexões e homenagens, além de uma trilha sonora que embala a trama dando o toque especial.
Deadpool e Wolverine não veio para salvar a fase 5 da Marvel, mas sem dúvidas, se destaca entre os demais desta fase, assim como Guardiões da Galáxia 3.
OBS: O filme tem uma cena pós-créditos e um vídeo de bastidores dos filmes anteriores X-Men.
****** CONTÊM SPOILERS******
Participações especiais em Deadpool e Wolverine
Deadpool e Wolverine conta com participações especiais que, talvez, muitas pessoas não esperam ver, se surpreendem e ficam felizes com o resultado.
A primeira participação é de Happy Hogan (Jon Favreau), que está à frente da empresa Stark e os Vingadores. Ele é quem entrevista Wade, quando ele deseja ser escalado para ser um Vingador.
Uma grande participação que temos é de Henry Cavill como Wolverine em um dos universos alternativos. Na cena, quando Deadpool viaja pelo multiverso para encontrar o Wolverine certo, ele se depara com um que seria o ideal. Ao virar o rosto, nos deparamos com o Wolverine versão Cavill, na qual Deadpool já vê que não é o certo.
A segunda grande participação é de Chris Evans, que retorna ao MCU, mas não do jeito que você imagina. Na sequência em que Deadpool e Wolverine estão no Vazio, Chris Evans entra em cena, acreditando ser Steve Rogers/Capitão América. Mas, na verdade, ele é Johnny Storm, mais conhecido como Tocha Humana de Quarteto Fantástico, o que deixa os fãs e o próprio Deadpool chocados. E a sequência com o Chris é sensacional.
Um grupo inusitado, nostálgico e maravilhoso também participa. Ainda no Vazio, Deadpool e Wolverine são resgatados – após a briga no carro – pela X-23/Laura (Dafne Keen) do filme Logan.
E junto com ela, o grande encontro acontece com Elektra (Jennifer Gardner), Blade (Wesley Snipes) e a introdução de Gambit, interpretado por Channing Tatum, em que o filme debocha pelo fato do herói nunca ter ganhado um filme solo.
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Uma personagem que aparece é Ladypool, cuja máscara não é tirada no filme. Mas nos créditos finais, é revelado que a variante de Deadpool é interpretada pela atriz Blake Lively (Gossip Girl, É Assim Que Acaba), esposa de Ryan Reynolds.
Na TVA, temos a participação da personagem B-15, interpretada pela atriz Wunmi Mosaku, da série Loki.
Alguns vilões da saga X-Men também dão as caras no filme, ao lado de Cassandra Nova, como o Dentes-de-Sabre por exemplo.
Cena pós-crédito
Deadpool e Wolverine tem apenas uma cena pós-créditos hilária. Cansado de ser acusado e cancelado pela morte de Johnny Storm (morto por Cassandra), Deadpool volta ao TVA para mostrar os bastidores sobre quem realmente falou atrocidades sobre Cassandra. E a verdade é que o Johnny realmente xingou a vilã, enquanto que o Deadpool apenas repassou as informações, resultando na morte do Tocha Humana.
Ficha Técnica
Deadpool e Wolverine
Direção: Shawn Levy
Elenco: Ryan Reynolds, Hugh Jackman, Emma Corrin, Peggy The Dog, Morena Baccarin, Matthew Macfadyen, Rob Delaney, Leslie Uggams, Karan Soni, Brianna Hildebrand, Shioli Kutsuna, Jon Favreau, Aaron Stanford, Tyler Mane, Chris Evans, Jennifer Gardner, Wesley Snipes, Channing Tatum, Dafne Keen e Henry Cavill.
Duração: 2h7min
Nota: 3,9/5,0