Extasiada. Essa é a palavra que define a sensação do espectador após assistir Logan. Talvez você não seja fã número 1 do personagem, mas uma coisa não se pode negar: o terceiro filme do Wolverine é extremamente visceral, pesado, violento, bem estruturado, com interpretações espetaculares e um final que emociona, anestesia e traz um ponto final ao heroi depois de 17 anos nas telas do cinema.
Logan se passa em um cenário pós-apocalíptico, onde todos os mutantes foram extintos, especialmente os X-Men, sobrando apenas ele. O filme a decadência do heroi, afinal os seus tempos de glória foram embora, restando apenas o peso de um passado bruto e grandes cicatrizes no corpo que não se curam mais como antes. Logan (Hugh Jackman) traz o aspecto de vivo-morto, levando seus últimos dias como um simples motorista de limusine, se escondendo atrás do álcool e cuidando de seu mestre Professor Charles (Patrick Stewart) em um antigo galpão no interior dos Estados Unidos.
Mas, agora, Logan precisa enfrentar uma última missão e a mais difícil que já teve. Mesmo com sua habilidade de cura reduzida e o cansaço estampado no rosto, ele aceita o pedido de Charles para cuidar da jovem Laura/X-23 (Dafne Keen), uma criança de onze anos que possui habilidades extraordinárias. Ela é a cópia perfeita de um Logan mais jovem, mais brutal e, com certeza, muito mais violenta. Logan descobre que a menina é fruto de experimentos genéticos para criar novos mutantes, só que quem está por trás disso são pessoas cruéis, capazes de fazer qualquer coisa para colocar as mãos novamente em Laura.
Esqueça as tradicionais lutas de herois uniformizados, com suas típicas armas, prontos para enfrentar os vilões. A direção de James Mangold traz cenas brutas, extremamente violentas e viscerais em um cenário com cores quentes que traz um estilo western ao filme. O tempo todo o público vê garras atravessando braços e pernas, além de cabeças rolando pelo chão.
Mas a trama não se resume a tiro, porrada e garras. Logan chega para testar os últimos limites do protagonista e mostrar as consequências da violência que sempre esteve presente em sua vida, além de trabalhar os conceitos de força, decadência, família, identidade e morte, afinal, “você tem que ser o que você é e não o que os outros obrigam você a ser”.
Personagens
Depois de 17 anos de jornada, o ator Hugh Jackman encarna Logan/Wolverine pela última vez. Como posso definir a sua interpretação? Autêntica, brutal, vulnerável, decadente e forte. Jackman incorpora tudo isso tanto nas características físicas (velho, com rugas, olhos avermelhados e corpo marcado por cicatrizes) quanto nas características psicológicas (absorvido pela solidão, pelo medo de machucar ou perder alguém que ama e extremamente cansado). Vemos um lado cru e humanizado do heroi que, ao mesmo tempo em que é bruto é também doce.
Durante a coletiva de imprensa que o Pipoca na Madrugada participou no dia 19 de fevereiro, o ator contou que o personagem estará com ele para sempre. “Eu nunca vou deixar de ser o Logan e ele nunca vai me deixar. Fico emocionado como eu cresci com o papel e o quanto o personagem me ensinou. Sempre soube que havia uma história mais profunda sobre ele”.
Mesmo com Wolverine protagonizando a história, quem se torna o centro das atenções diversas vezes é a pequena Laura, a famosa X-23, interpretada pela atriz Dafne Keen. A produção escolheu a atriz certa para o papel certo. Em duas horas e quinze minutos de filme, não ouvimos uma palavra sair da boca da garota. É apenas com o olhar e as expressões que ela transmite nitidamente o lado violento, mas também doce e gentil para que o público não esqueça que ela é apenas uma criança tentando encontrar um lugar neste mundo devastado e cheio de intenções cruéis, principalmente quando se trata de mutantes. A química entre ela e Hugh Jackman é formidável e, sim, o espectador dará risadas em alguns momentos, pois ela é a única que consegue tirar o Wolverine do sério e ainda obrigá-lo a fazer o que ela quer. Isso sem contar na explicação que o filme dá a respeito de sua mutação e como suas habilidades funcionam. É simplesmente fantástico. Quem assistir vai entender o que estou falando.
Quem também está excelente no filme é Patrick Stewart, que retorna como o Professor Charles Xavier em uma idade avançada e debilitado. Mesmo apresentando sinais de “delírio” e algumas “convulsões”, o professor ainda está apto para usar suas habilidades excepcionais para ajudar Logan e Laura. Em meio a tanta tristeza, medo e dificuldade, eles conseguem construir a ideia de família para trazer um momento de calma e tranquilidade ao filme. A relação de Logan e Charles é muito mais forte do que vimos em outros filmes dos X-Men. Há afeto, compreensão e confiança entre mestre e mutante. Não tem como não se emocionar com os dois em cena.
Outro que também não fica para trás é o ator Boyd Holbrook como o vilão Donald Pierce. Ele é frio, irônico, cruel e bruto seja com quem for. O personagem se estrutura muito bem na narrativa, sem ficar acima ou abaixo dos demais personagens.
Considerações finais
A cena final anestesia, emociona e o espectador sai da sala do cinema com a sensação de que teve o coração arrancado. Logan chega para dar um final digno ao personagem junto a uma despedida triste e foda ao público, inclusive ao seu intérprete Hugh Jackman. O que posso dizer é que finalmente Logan encontra o destino que tanto procurou ao longo desses 17 anos.
Vale a pena assistir? Com certeza! Esqueça os dois primeiros filmes do Wolverine. É Logan que ficará marcado em nossos corações e entrará para a lista de melhores filmes de super-herois. Mais uma vez, a Marvel e a FOX acertaram em cheio.
E aí, gostaram? Deixem nos comentários!
PS: Por ser um filme violento, pense bem antes de levar a criançada para assistir.
Ficha Técnica
Logan
Direção: James Mangold
Elenco: Hugh Jackman, Patrick Stewart, Dafne Keen, Boyd Holbrook, Stephen Merchant, Richard E. Grant e Elizabeth Rodriguez.
Duração: 2h17min
Nota: 10
Fotos: Copyright Twentieth Century Fox France