Se Turma da Mônica – Laços conquistou pela simplicidade, carisma e nostalgia ao trazer ao cinema personagens icônicos dos gibis e HQ’s que marcaram a infância de muitos, agora, podemos matar as saudades novamente ao conhecer uma nova história em Turma da Mônica – Lições que, diferente do primeiro filme, caminha pelas vulnerabilidades ao tratar sobre separação, crescimento e amadurecimento de um jeito delicado, jovial, sensível e divertido. A turminha do Bairro do Limoeiro está pronta para mais uma aventura um tanto quanto diferente desta vez.
Com uma excelente direção, Daniel Rezende nos leva de volta ao conhecido Bairro do Limoeiro para acompanhar mais um capítulo adorável desta turma. Em Turma da Mônica – Lições, Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali continuam plenos na amizade, ainda regada de muita brincadeira, união, mas também, discussões e brigas especialmente da ‘dona da rua’ cujo amigo ainda deseja colocar as mãos em Sansão.
Durante a rotina escolar, o quarteto esquece de fazer a lição de casa e, na tentativa de se livrar de uma bronca, eles fogem da escola que acaba resultando em um acidente. Cansados das brigas e dos planos não infalíveis, além de acreditar que os quatro precisam de uma leve separação, os pais decidem acrescentar atividades em suas rotinas. No entanto, os pais de Mônica vão mais além e decidem mudá-la de colégio, afetando drasticamente esta amizade. E mesmo fazendo novas amigos, a turminha sente saudades de estar sempre junta. Nessa nova e emocionante aventura, Cebolinha resolve bolar um plano infalível com Magali e Cascão para trazer a ‘dona da rua de volta’, mesmo que para isso precise recuperar o coelhinho Sansão para a amiga. Será que dessa vez o plano vai dar certo?
Enquanto o primeiro filme fez uma ótima introdução tanto na ambientação quanto na personalidade de cada personagem, Turma da Mônica – Lições explora o crescimento e o amadurecimento ao trabalhar a separação dos amigos enquanto cutuca as características peculiares de cada um a fim de retratar suas fraquezas que, ao longo da narrativa, se transformam no ponto mais forte.
Crítica: Turma da Mônica – Laços
De início, a história usa da referência da trama de Romeu e Julieta para explicar a separação dos amigos, principalmente quando os pais de Cebolinha e Mônica acreditam que a má influência vem de cada lado. Tal metáfora se destrincha entre a diversão e sensibilidade que entrega um ótimo gancho que é desenvolvido ao longo do filme.
Turma da Mônica – Lições tem como principal assunto tratar o crescimento de cada personagem que se encontra em uma das melhores fases da vida: a infância. Por quê deixar de ser criança é tão difícil? Parar de brincar, se divertir e de ter gostos únicos para amadurecer? Por quê crescer é tão chato? Essas são as questões levantadas e desenvolvidas quando o público acompanha os personagens lidando com suas respectivas fragilidades que se tornam característica única de cada um.
Já separados, Mônica (Giulia Benite) precisa sair da sua zona de conforto ao se adaptar em uma nova escola com a árdua tarefa de fazer novos amigos. Além disso, neste novo cenário, ninguém conhece sua fama de ‘dona da rua’, o que a fragiliza ainda mais quando se depara com Tonhão, que a confronta e pega o Sansão – sonho do Cebolinha – atingindo o ‘calcanhar de Áquiles’ da protagonista.
Paralelamente, o restante do grupo também encara seus problemas e medos aflorados pela separação, como o Cebolinha (Kevin Vechiatto) que inicia um tratamento com a fonoaudióloga para começar a falar as palavras com ‘R’; Cascão (Gabriel Moreira) tem que confrontar o medo da água com as aulas de natação. Ambos ainda têm que lidar com os garotos malvados da escola, uma vez que Mônica e sua fama de forte e corajosa se encontra ausente; e Magali (Laura Rauseo) passa a comer ainda mais para saciar a intensa ansiedade por não ter mais a sua amiga ao lado. No entanto, ela consegue transformar a constante fome em um processo de autocontrole ao participar das aulas de culinária com a Tia Nena (Eliana Fonseca).
Crítica: Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
O que era para ser uma fraqueza, Turma da Mônica – Lições faz da característica peculiar um degrau para superar o medo e transformar tal fragilidade em qualidade que os tornam diferentes e únicos à sua maneira, deixando a mensagem do filme ainda mais forte e natural em um roteiro que sabe desenvolver tais temáticas.
Claro que, durante este processo, novos personagens são adicionados na trama a fim de expandir a turma e contribuir nesta jornada de amadurecimento dos protagonistas, sem desmerecer a amizade forte deles. Marina (Laís Vilela), Milena (Emily Nayara), Humberto (Lucas Infante), Do Contra (Vinicius Hugo), Nimbus (Rodrigo Kenji), Tonhão (Marcos), Dudu (Giovani Nicholas) são personagens coadjuvantes cujas participações especiais são doces e oferecem uma válvula de escape, uma sugestão, uma brincadeira, um carinho e um ombro amigo, deixando claro que crescer não significa deixa de ser criança, além de agregar e não substituir uma amizade por outra.
Se no primeiro filme, o quarteto encantou o público ao encarnar a turminha mais famosa das HQ’s, em Turma da Mônica – Lições os protagonistas se encontram ainda mais confortáveis em seus papéis com atuações mais naturais e menos improvisadas, uma vez que Daniel Rezende afirmou, em coletiva de imprensa, que o elenco leu o texto, enquanto no primeiro filme isso não foi feito. Não seguir à risca todas as falas (somente algumas) faz a interpretação de cada um fugir do “robotismo”, tornando-se ainda mais carismática e tranquila, mesmo esta sequência exigindo um tom dramático mais forte que o filme anterior, um ponto alcançado com sucesso por todos.
Aqui, o elenco conta com adições formidáveis com os personagens Tina (Isabelle Drummond), Rolo (Gustavo Merighi), Pipa (Camila Brandão), Zecão (Fernando Mais) e a professora (Malu Mader) que contribuem no arco de Mônica e no desfecho do filme, assim como a participação especial de Franjinha (Tiago Minski Schmitt) e seu adorável cãozinho Bidu, personagens icônicos e nostálgicos dos gibis que, finalmente, ganham sua versão em carne e osso.
And Just Like That: primeiras impressões da continuação de Sex And The City
Claro que o próprio Mauricio de Sousa e, agora, sua filha Mônica, também fizeram uma participação especial nesta sequência, aquecendo os corações dos fãs mais uma vez e de um jeito bem divertido.
Desta vez, os pais dos personagens principais ganham mais espaço de tela, especialmente Dona Luísa (Monica Iozzi), mãe de Mônica, Dona Cebola (Fafá Rennó) e Seu Cebola (Paulo Vilhena), pais de Cebolinha, já que cada um inicia certa rixa em nome do amor, da proteção e do que é melhor para os seus filhos.
A ambientação do Bairro do Limoeiro continua igual ao filme anterior, seguindo o mesmo desenho do cenário que carrega uma coloração vibrante e traços cartunescos retratados em uma época cuja atmosfera não é contemporânea e nem tecnológica.
Considerações finais
Turma da Mônica – Lições leva o público de volta ao famoso Bairro do Limoeiro em uma nova jornada da turma que passa a lidar com a dor e a alegria do caminho do crescimento, amadurecimento e transformação em uma história leve, divertida e sensível. Os protagonistas estão ainda melhores nesta sequência que conta com participações novas, especiais e queridas pelos fãs dos gibis de Turma da Mônica.
Se o primeiro longa encantou a todos, com certeza Turma da Mônica – Lições conquistará ainda mais e será a dica certeira para assistir nos cinemas ou a qualquer momento. Ah, o filme ainda conta com uma cena pós-crédito adorável e nostálgica, abrindo portas para um futuro terceiro filme. Será que vem aí?
Ficha Técnica
Turma da Mônica – Lições
Direção: Daniel Rezende
Elenco: Giulia Benite, Kevin Vechiatto, Gabriel Moreira, Laura Rauseo, Fafá Rennó, Mônica Iozzi, Paulo Vilhena, Luiz Pacini, Isabelle Drummond, Malu Mader, Camila Brandão, Fernando Mais, Gustavo Merighi, Emily Nayara, Lucas Infante, Vinicius Higo, Rodrigo Kenji, Giovani Nicholas, Marcos, Eliana Fonseca, Laís Vilela, Tiago Minski Schmitt e Vitor Queiroz.
Duração: 1h37min
Nota: 9,3