Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa (Spider-Man: No Way Home) entrega um desfecho estrondoso à trilogia ‘Homecoming’, trazendo o ápice de Peter Parker em uma narrativa emotiva, divertida e sombria, com personagens coadjuvantes ainda mais fortes, vilões marcantes, reviravoltas que ditam uma nova jornada ao protagonista, além de uma celebração honrosa a todo legado do personagem Homem-Aranha.
Sem dúvidas, Sem Volta Para Casa é um dos melhores filmes da trilogia marcado por sequências de ação e muitas emoções fortes. O longa marca o fim de uma aventura e uma futura nova jornada tanto para Peter quanto para o amigo da vizinhança.
Primeira parte ******SEM SPOILERS******
Com Jon Watts de volta à direção, Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa parte dos eventos finais de Homem-Aranha: Longe de Casa em que a identidade do super-herói é revelada por Mysterio (Jake Gyllenhaal), alegando que foi morto por aquele que promete defender a cidade. Agora, Peter Parker se vê diante de um caos na qual perdeu o controle, já que alguns acreditam que ele ainda é um herói enquanto outros passam a enxergá-lo como uma grande ameaça e, até mesmo, um assassino.
Crítica: Homem-Aranha: De Volta ao Lar
Quando a vida das pessoas ao redor de Peter começa a sofrer os efeitos colaterais desta revelação, o garoto recorre à ajuda do Doutor Estranho para voltar no tempo e consertar tal grande imprevisto. Mas Stephen Strange deixa claro que retornar ao passado já não é mais uma solução ao alcance de suas mãos, mas um feitiço poderá reverter a situação que acarretará no esquecimento total de Peter Parker e Homem-Aranha na mente de todos, incluindo familiares, amigos e namorada. Com medo de ficar sozinho, Peter acaba atrapalhando o feitiço que sai às avessas (algo diferente acontece do que foi visto nos trailers), abrindo rachaduras para um multiverso que se torna real que, consequentemente, traz inimigos às escuras para o seu mundo, o que acarretará em uma batalha fenomenal.
Claramente a narrativa de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa se divide em duas partes em que uma constrói a jornada ditando uma segunda parte repleta de fan service e um desfecho emocionante. Na primeira, o público acompanha a reintrodução de personagens conhecidos dos outros filmes do super-herói em que o roteiro prioriza em estruturar a conexão deles neste universo para que tanto o protagonista quanto o espectador compreendam a razão para esta reunião se suceder.
Além disso, outro ponto forte e positivo desta primeira parte do longa é a forma como o roteiro trabalha a dinâmica em grupo e intensifica a conexão dos personagens que conhecemos em De Volta ao Lar, agregando novas adições.
Sem dúvidas, a atriz Zendaya e o ator Jacob Batalon ganham um espaço ainda maior e uma evolução positiva neste terceiro filme. Diferente do primeiro filme em que a participação foi reduzida, MJ tem presença forte e se torna mais do um par romântico ao protagonista. Claro que o amor juvenil entre ela e Peter Parker fortalece ainda mais a dupla, mas é a parceira proporcionada por MJ que intensifica a relação do trio e fortalece ainda mais o herói a arriscar, proteger e seguir em frente com os seus propósitos. Já Ned, que ganhou um lado mais cômico no segundo filme, aqui ele continua divertindo à sua maneira enquanto contribui ao sistema de parceria com os amigos, ganhando destaque em cenas cruciais.
Benedict Cumberbatch retorna magnificamente no papel de Doutor Estranho que, a princípio, parecia ser o grande destaque ao lado de Peter/Homem-Aranha, no entanto, o personagem se torna secundário participando de momentos pontuais do filme que engatilham o protagonista para as reviravoltas seguintes. Mas nem assim Doutor Estranho deixa de ser importante, uma vez que o feitiço é iniciado e finalizado por ele, além de garantir um ótimo confronto com Peter Parker na Dimensão Espelhada a fim de colocar o garoto nos trilhos e fazê-lo com que mude de ideia com relação aos vilões, uma responsabilidade que não é do super-herói (pelo menos deste universo).
O ator Tom Holland consegue atingir o ápice de sua atuação em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa ao entregar vertentes de um Peter Parker diante deste momento crucial de sua vida que era normal e passa a ser da conta de todo mundo após a sua identidade revelada. Enquanto lida e equilibra suas duas vidas paralelas, Peter caminha entre o medo e a solidão, alegria e a tristeza, a dor e a escuridão até chegar ao começo de uma nova jornada. A química dele com todos os personagens funciona muito bem e dá gosto de acompanhá-lo a qualquer momento. E assim como em toda trama do Homem-Aranha, vemos este Peter Parker sofrer o tradicional ponto de virada que faz tudo mudar ao seu redor, inclusive a própria narrativa que ganha um novo tom e dita como será o rumo da trama até o final.
Diferente dos filmes anteriores, a atriz Marisa Tomei ganha um espaço maior neste terceiro longa em que ela tem uma conexão ainda mais forte com Peter e o ajuda a tomar as decisões cruciais que ditam os próximos passos da trama, inclusive o próprio arco da personagem.
Crítica: Homem-Aranha: Longe de Casa
Com relação aos antagonistas mais esperados neste filme, todos têm o seu espaço de tempo na tela, mas alguns ganham um destaque maior que os demais, como o é caso do Duende Verde que ganha uma atuação ilustríssima de Willem Dafoe que entrega um personagem maníaco, alucinado e ameaçador de um lado, enquanto sua outra faceta como Norman Osborn encontra-se perdido no tempo e dentro de si mesmo.
Quem também ganha destaque é o ator Alfred Molina como Dr. Octopus, o primeiro a aparecer em cena e também a surpreender em suas atitudes ao lado do Homem-Aranha. Jamie Foxx entrega um Electro ainda fanático pelo seu arqui-inimigo, enquanto lida com a dor da invisibilidade e a solidão que continua o levando para o caminho errado, mas se vê diante de uma ajuda inesperada dada por Peter Parker.
Lagarto (Rhys Ifans) e Homem-Areia (Thomas Haden Church) também fazem participações especiais, inclusive Flint Marko até surpreende em sua primeira aparição que faz conexão à forma como sua trama foi finalizada no terceiro filme de 2007.
No geral, é possível dizer que o roteiro de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa entrega algumas conveniências em determinados pontos que, talvez, o público enxergue e aceite com tranquilidade, afinal, isso não prejudica a trama e não desmerece em nada do filme. No entanto, é possível notar certas decisões fáceis e, até mesmo, um pouco inconsequentes que acarretam nas grandes reviravoltas da história. Mas, no fim das contas, tudo funciona do jeito certo.
******COM SPOILERS******
Como já previsto e vazado na internet, a grande euforia do público é a tão aguardada reunião dos três homens-aranhas neste terceiro filme o que, de fato, acontece. Por isso, é imprescindível assistir todos os filmes deste super-herói, como a trilogia Homem-Aranha (2002, 2004, 2007) estrelada por Tobey Maguire; a duologia O Espetacular Homem-Aranha (2012, 2014) estrelada por Andrew Garfield e, é claro, os filmes De Volta ao Lar e Longe de Casa estrelados por Tom Holland.
De início, a primeira grande e esperada participação em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa é do personagem Matt Murdock (Charlie Cox). O Demolidor é inserido no universo cinematográfico da Marvel como o advogado de Peter Parker no momento em que sua identidade é revelada para todos, mas a situação com a polícia é contida por Matt. A participação é pequena e acontece somente nesta cena que já faz um grande barulho com o retorno deste personagem.
Outro questionamento que salta nas mentes enquanto se assiste ao filme é como cada vilão surge no universo de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, uma vez que alguns destes antagonistas já estavam mortos, como é o caso do Duende Verde e Dr. Octopus. Por meio das informações dadas nas trocas de diálogos entre Peter Parker e os vilões, é possível concluir que os personagens foram retirados de um ponto específico de suas linhas temporais dos seus respectivos universos, mais precisamente, antes do fatídico destino de cada um. A Marvel não entrega isso detalhadamente, mas joga estes detalhes a fim de que o público interprete.
O trio Homem-Aranha aconteceu!
O momento mais aguardado pelos fãs finalmente aconteceu! Os três Homens-Aranhas se reúnem em Homem-Aranha: Sem Votla Para Casa. Assim como os vilões, os heróis também são retirados de seus universos em um respectivo ponto de suas linhas temporais. Peter Parker de Andrew Garfield retorna após os eventos de O Espetacular Homem-Aranha 2, enquanto Peter Parker de Tobey Maguire faz a sua entrada triunfal, singela e doce anos depois após os eventos de Homem-Aranha 3, em que se encontra mais velho, mais experiente e com os anos de heroísmo sobrecarregados nas costas.
A chegada da dupla Peter Parker acontece quando Ned e MJ estão tentando encontrar o atual Peter Parker após uma grande tragédia acontecer. Acidentalmente, Ned – que está com o anel do Doutor Estranho – consegue abrir o portal que dá de encontro com Peter Parker (Andrew) e o original Peter Parker (Tobey), que chegam após sentir o famoso ‘arrepio do aranha’ vendo a necessidade de ajudar o atual Peter Parker.
Uma pequena observação a se fazer aqui é que, mesmo sendo um momento incrível, ver o Ned abrir um portal mágico é conveniente demais, uma vez que tal magia foi praticada por anos por Stephen Strange, enquanto o garoto consegue realizar o movimento em segundos e de forma acidental. Mas ainda assim, é possível relevar este detalhe diante do maior encontro que a Marvel realiza em seu universo.
Enquanto a primeira parte da narrativa constrói todas ações e reviravoltas até aqui, a segunda parte engatilha para os acontecimentos finais e entrega o melhor fan service possível com o encontro dos diferentes Peter Parker/Homem-Aranha de universos paralelos, com direito a famosa referência dos meme dos aranhas apontando um para o outro; cada herói relembra os momentos cruciais de suas aventuras; brincam com os seus anos de experiência e a chegada da velhice; descobrem curiosidades sobre o poder um do outro – por exemplo, a forma como cada um atira a teia; e, é claro, as principais perdas que cada Homem-Aranha sofreu, ganhando o seu ponto de virada para se tornar uma pessoa e um herói melhor.
Como disse, os dois Peter Parker aparecem durante o ponto de virada que o atual Peter Parker sofre ao ver a tia May morrer em seus braços durante uma briga espetacular com o Duende Verde em uma sequência de perseguição e luta realizada em um prédio. A morte de May é um grande choque para todos e, mesmo ciente de que as ações levam para este desfecho triste e injusto, é um ponto que faz Peter sofrer fortemente com uma culpa pesada e dolorosa.
Tudo isso acontece, pois May incentiva Peter e dar uma nova chance aos vilões para se curarem e retornarem aos seus universos como uma pessoa melhor, assim como ela teve uma nova chance ao retornar do ‘blip’. É uma ideia inconsequente e perigosa, especialmente depois do aviso dado pelo Doutor Estranho? Sim, mas é notável a intenção inocente da personagem em tentar guiar Peter para o caminho da empatia. As consequências não são boas e quem conhece a trama do jovem Peter Parker, sabe que as responsabilidades vêm sempre pelo caminho mais difícil.
Final explicado
Após a morte de May e a chegada de Peter Parker de Andrew Garfield e Tobey Maguire, a reta final de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa acontece em um confronto épico que acontece na estátua da liberdade em construção com o escudo do Capitão América.
Depois de anos lutando sozinhos, os dois Peter Parker aprendem a lutar em grupo e, assim, os três Homens-Aranhas iniciam uma sequência inicialmente calma e eufórica para capturar cada vilão e, assim, injetar uma cura para eles, como Peter faz com Dr. Octopus que, consequentemente, ajuda o super-herói nesta reta final a frear os demais vilões.
Durante a batalha, Doutor Estranho retorna após Peter prendê-lo em outra dimensão, e tenta finalizar o caos colocando todos dentro da caixa para retornar aos seus respectivos universos, porém, o feiticeiro percebe que Peter Parker cumpriu com sua promessa de curar os vilões. Mas ainda assim, é imprescindível encerrar tudo isso, uma vez que o multiverso está sofrendo rachaduras, o que pode resultar em algo ainda pior.
Neste momento várias coisas acontecem, como a fatídica cena da queda de MJ. Peter não consegue salvá-la ao ser impedido pelo Duende Verde, mas o Peter 2 (Andrew Garifeld) a salva e, finalmente, tem a sua redenção por não ter conseguido salvar Gwen Stacy (Emma Stone), o seu grande amor.
Na última grande luta contra o Duende Verde, Peter Parker mergulha de vez na escuridão e tenta matar o vilão, mas logo é impedido por Peter Parker 1 (Tobey Maguire), evitando que o herói escolha o pior caminho. Porém, Peter 1 é esfaqueado pelo Duende, não morre e é socorrido por Peter 2. Logo, o atual Peter Parker injeta a cura e traz Norman Osborn de volta à realidade.
Com as rachaduras do universo aumentando cada vez mais, Doutor Estranho precisa levar os vilões e heróis de volta os seus universos. Para isso, é necessário finalizar o feitiço feito lá no começo. Com isso, Peter Parker aceita o seu destino e pede para Stephen Strange apagar a identidade do Homem-Aranha da mente de todo mundo, incluindo MJ, Ned, Happy e o próprio Doutor Estranho.
Com isso, todos retornam para os seus lares e esquecem quem é Peter Parker e Homem-Aranha. Assim, Peter começa uma vida nova e sozinho em Nova York, o que relembra a trajetória inicial do Homem-Aranha de Tobey Maguire. Ele promete que irá fazer Ned e MJ lembrar dele, mas enquanto isso, Peter inicia uma nova jornada tanto como um jovem rumo à universidade quanto como Homem-Aranha que, novamente, volta a ser o super-herói anônimo da vizinhança.
Considerações finais
Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa encerra a trilogia ‘Homecoming’ honrando e celebrando o legado do personagem de forma nostálgica. Mais do que isso, o filme entrega uma narrativa que caminha pela diversão, emoção e pelas sombras, encerrando um capítulo da jornada de Peter Parker que dá um novo passo para a sua futura jornada que possivelmente veremos em uma nova trilogia do protagonista.
O elenco continua formidável e cresce ainda mais neste filme que, por sinal, conta com participações especiais e triunfantes que entrega um prato cheio de fan service que aquece os corações dos fãs. Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa deixa uma marca forte no MCU e é um filme que não será esquecido.
Cenas pós-créditos
A primeira cena pós-crédito faz ligação com a cena pós-crédito de Venom 2. Aqui, Eddie Brock (Tom Hardy) e simbionte se encontram no mesmo universo de Peter Parker quando o feitiço dá errado no início. Lembram do terremoto que Eddie e Venom sentem dentro do quarto de hotel? Em novo território, eles chegam a descobrir várias curiosidades, como a existência de Thanos, o ‘blip’ e as figuras heroínas de Hulk e Homem de Ferro. Eddie chega a cogitar a procurar pelo Homem-Aranha, mas neste momento ele é levado de volta para o seu universo no instante em que Doutor Estranho finaliza o feitiço. Porém, um resquício do simbionte é deixado para trás neste universo. Será que a famosa gosma preta irá de encontro com Peter Parker? Ou outro Eddie Brock deste universo?
A segunda cena acontece ao final de todos os créditos e entrega o primeiro teaser oficial de Doutor Estranho No Multiverso da Loucura, que estreia nos cinemas em maio de 2022. Na cena vemos Stephen Strange procurar por Wanda (Elizabeth Olsen) e pedir a sua ajuda com relação ao multiverso após os eventos da série WandaVision.
No teaser vemos o retorno do Barão Mordo, que traiu Doutor Estranho no primeiro filme; ele retorna por acreditar que Stephen Strange é uma grande ameaça ao multiverso. Isso se dá, uma vez que o Doutor Estranho da série What If também estará neste segundo filme. Na série, a variante de Stephen Strange consumiu o próprio universo ao tentar trazer a amada Christine Palmer da morte. Para isso, ele viajou no tempo e absorveu todas as criaturas possíveis para trazer de volta o amor de sua vida. Agora é esperar e ver o que vai rolar neste segundo filme.
Ficha Técnica
Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
Direção: Jon Watts
Elenco: Tom Holland, Zendaya, Jacob Batalon, Benedict Cumberbatch, Marisa Tomei, Jon Favreau, Andrew Garfield, Tobey Maguire, Charlie Cox, Willem Dafoe, Alfred Molina, Jamie Fox, JK Simmons, Benedict Wong, Rhys Ifans, Thomas Haden Church, Paula Newsome, Tony Revolori, Angourie Rice, J.B Smoove e Martin Starr.
Duração: 2h28min
Nota: 9,8