Ameaça Profunda (Underwater) atende satisfatoriamente as expectativas do gênero suspense ao entregar um drama claustrofóbico embaixo da água, no entanto, não espere muito do roteiro ou de explicações profundas e plausíveis, uma vez que o que realmente importa é mergulhar nos momentos de terror e desespero e torcer pela sobrevivência dos personagens, cuja protagonista carrega bem o filme do início ao fim.
Dirigido por William Eubank, Ameaça Profunda acompanha seis membros de uma tripulação que se encontram em uma grande estação de laboratório subaquático localizado a onze mil metros de profundidade. Em um dado momento, um terremoto atinge violentamente destruindo toda a base. A única chance de sobreviver é atravessar o leito oceânico até uma distante plataforma de petróleo abandonada. Além dos desafios físicos durante essa viagem, eles descobrem que há formas estranhas rondando eles, tornando essa jornada de sobrevivência ainda mais perigosa.
O filme não faz questão de apresentar os personagens no primeiro instante, muito menos dar explicações sobre o que se trata a finco o laboratório e a razão deles estarem a tantos meses no fundo do mar. Segundo a própria narração da protagonista Norah, ela e muitos já perderam a noção do tempo – de quando é dia ou noite -, um ponto que já pode indicar sobre a situação psicológica desses membros. Assim, acompanhamos a narração enquanto Norah escova os dentes e percebe barulhos e movimentos estranhos ao redor. Ao ver gotas de água caindo do teto, imediatamente ela é sucumbida por uma forte explosão que destrói corredores, quartos e outros compartimentos do laboratório. Enquanto o público acompanha com agonia a corrida contra ao desastre instantâneo, o filme dá início à trama proposta e, aos poucos, apresenta os personagens principais.
Ao se deparar com os caminhos entre os destroços, Norah vai encontrando mortos e sobreviventes, incluindo o capitão. Ao reunir os seis membros, eles dão início ao plano de como sair dali e ir para uma plataforma abandonada, onde terá equipamentos necessários para levá-los até a superfície.
Como disse anteriormente, Ameaça Profunda não está preocupado em explicar com precisão a missão dos personagens no fundo do mar ou exatamente o que fez tudo destruir em um piscar de olhos. O que o roteiro faz é apenas pincelar algumas informações para dar certa coesão à jornada de sobrevivência, na qual é a trama que realmente importa.
Sendo assim, temos informações mínimas de cada personagem. Interpretada por Kristen Stewart que, por sinal, entrega uma boa protagonista e carrega bem o filme o tempo todo, Norah é engenheira mecânica que usa de toda a sua experiência para ajudar os amigos e encontrar meios de escapar do fundo do mar; O Capitão (Vincent Cassel) coloca a vida de todos em primeiro lugar, mesmo sabendo que a sua também importa; Paul Abel (TJ Miller) é o cômico do grupo, que descontrai nos momentos de tensão, ao mesmo tempo que demonstra medo e empatia ao próximo; Emily (Jessica Henwick) é a que tem mais medo de seguir em frente e tomar decisões precipitadas que possam colocar a sua e a vida de todos em risco; Rodrigo (Mamoudou Athie) e Liam Smith (John Gallagher Jr) são os mais neutros.
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O mais interessante é que, mesmo com personalidades diferentes e medos que afloram o tempo todo, todos ali trabalham em grupo, seguem juntos na fuga e ajudam uns aos outros, não importa o risco.
Dada a pequena apresentação de cada um no decorrer da fuga, Ameaça Profunda acerta ao criar uma atmosfera bastante claustrofóbica e um cenário assombrado, escuro, silencioso em alguns momentos e estrondoso em outros para criar agonia, medo e desespero constantes nos personagens e, consequentemente, no espectador. O figurino também contribui para que tudo fique mais abafado e “preso”, uma vez que os personagens precisam usar roupas ao estilo astronauta para caminhar no fundo mar, correndo um risco altíssimo de falhar, inclusive acabar o oxigênio.
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Aliás, um ponto importante do filme é o fato de que à medida que o oxigênio vai acabando, há consequências para o cérebro, sendo uma delas a alucinação. No entanto, Ameaça Profunda não utiliza desse argumento para entregar cenas maiores de ameaças, ilusões ou problemas psicológicos que algum dos personagens estejam criando em meio a situação turbulenta que vive.
À medida que o público acompanha essa fuga agoniante de quem sobrevive ou não, descobrimos o que, de fato, causou a destruição do laboratório. O filme apresenta criaturas aquáticas que faz lembrar do filme Alien, no entanto não é possível dizer o tipo de criatura, o que ela faz e a razão de destruir tudo o que passa a sua frente, uma vez que o roteiro não se importa em dar maiores explicações. É instigante e assustador? Sim e isso satisfaz no longa.
Considerações finais
O desfecho tem grandiosidade à sua proposta dando um final triste para alguns personagens e, novamente, sem respostas, já que a ideia nunca foi dar explicações detalhadas, apenas uma jornada arriscada pela sobrevivência no fundo do mar.
Ameaça Profunda é um suspense claustrofóbico bom, com personagens satisfatórios e uma protagonista que carrega bem toda a trama. No entanto, não espere muito do roteiro e nem de explicações plausíveis tanto sobre o laboratório quanto das criaturas subaquáticas, apenas contente-se com a história proposta, assim, o filme irá agradar e cumprir apenas o necessário.
Ficha Técnica
Ameaça Profunda
Direção: William Eubank
Elenco: Kristen Stewart, Vicent Cassel, TJ Miller, Jessica Henwick, John Gallagher Jr, Mamoudou Athie e Gunner Wright.
Duração: 1h35min
Nota: 6,7