Adoráveis Mulheres (Little Women) é a nova adaptação da obra Mulherzinhas, da autora Louisa May Alcott, um filme que ganha o cenário do século XIX e traz uma atmosfera que mescla o clássico e o moderno, tornando a trama leve e reluzente que ganha pontos que emocionam em suas variadas formas para contar a história de mulheres que almejam os mais divergentes sonhos sem deixar de lado a união, a destreza, o amor, carinho e a família. É um filme sobre poder, luta, sucesso, fracasso e, acima de tudo, sobre liberdade sob o ponto de vista feminino. É um longa para apreciar e refletir sobre os personagens, diálogos, as paisagens e as lições que se tem a dar. É lindo e comovente à sua maneira.
Dirigido por Greta Gerwig, Adoráveis Mulheres acompanha a família March, composta pela mãe Marmee, a tia March (Meryl Streep) e as quatro filhas: Josephine March (Jo), Amy March, Meg March e Beth March. Enquanto o pai se encontra recrutado para ajudar no exército em plena guerra, esta família de mulheres mostra força e destreza para manter a casa e a comida na mesa, ajudando umas a outras, revelando uma rotina entre altos e baixos, discussões e reconciliações, ao mesmo tempo que mostra a união da mãe com suas filhas, sem nunca deixar de lado o ponto forte da trama: o verdadeiro sonho de cada uma delas.
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O roteiro se divide entre passado e presente em um intervalo de sete anos, em que vemos como eram as irmãs na infância/adolescência e como cada uma se encontra no auge da fase adulta, realizando seus objetivos, correndo atrás do pão de cada dia e lutando para manter a chama da vida sempre acesa, mesmo nos momentos mais difíceis. Mesmo sem deixar específico a data, o público reconhece em qual época se encontra tanto pelo cenário, quanto pelas roupas, as atitudes dos personagens, os cortes de cabelo e o momento que elas vivem, um ponto que às vezes pode confundir um pouco o espectador, principalmente se não estiver prestando atenção. Mas é quase impossível não mergulhar nessa história fascinante.
Um dos pontos mais fortes de Adoráveis Mulheres é mostrar a força feminina em um elenco juvenil com os seus mais diferentes objetivos que podem ter um alcance maior na identificação entre público e personagem. Em algum momento você se aproximará mais de Jo, que ganha uma excelente interpretação de Saoirse Ronan. Jo é tempestuosa, exala o prazer de desfrutar da tão sonhada liberdade que a deixa distante do tradicional casamento com um homem rico (matrimônio econômico) e mais próxima de se tornar uma grande escritora cujo nome será reconhecido e terá grande sucesso por onde passar. Nos dias atuais, ela luta para vender os seus textos, escrever diariamente, dar aulas para as crianças e ainda enviar dinheiro para sua mãe. De todas, ela é o grande destaque e o que mais tem a contar neste filme.
Quem não fica muito longe de Jo é a irmã do meio Amy, que ganha uma interpretação aflorada e forte de Florence Pugh. Amy é aquela sonhadora que se divide entre querer casar e se tornar uma mulher independente com o seu próprio sucesso como pintora ilustre de quadros. Por terem personalidades semelhantes, muitas vezes, Amy e Jo discutem, brigam, mas sem nunca deixar o amor fraternal de lado. De todas são as personagens mais fortes e de grande relevância ao filme, na qual veremos um desenvolvimento maior e mais detalhado da trama sob suas perspectivas e escolhas de vida.
A irmã mais velha Meg, que ganha uma interpretação satisfatória de Emma Watson, segue os seus sonhos mais tradicionais de participar de bailes e encontrar um ótimo marido para fazer um excelente casamento a fim de ficar distante da pobreza e trazer prosperidade à sua família e, é claro, ter os privilégios que nunca teve. Já a irmã mais nova, Beth, interpretada por Eliza Scanlen, é considerada a filha mais adorável da família, sempre pronta para ajudar, participa de todas as brincadeiras das irmãs, sente-se sempre unida e lembrada por todos, além de ser uma excelente pianista. No entanto, Beth fica doente, tirando boa parte dos seus sonhos e diminuindo os seus passos rumo ao crescimento e evolução.
Assim que Adoráveis Mulheres apresenta cada personagem, o público passa a acompanhar uma rotina trabalhadora e inspiradora desta família, em que a mãe Marmee, interpretada pela excelente Laura Dern, está sempre apta a ensinar os valores e sentimentos às suas filhas, desde a generosidade até o amor ao próximo, seja dividir a comida que está mesa, dar uma roupa do seu armário, até abrir mão de coisas e pessoas para ver a felicidade do próximo. Há uma cena de Marmee em que ela questiona os sentimentos da filha Jo que, para mim, é uma cena que diz muito sobre mãe e filha, felicidade, escolhas e sacrifícios.
Mais do que uma simples rotina de família, o filme aborda questões que, se nos dias atuais continuam importantes, décadas atrás era algo crucial, bastante questionável e, às vezes mal visto. Aqui, o filme engata no desenvolvimento sobre trabalho, independência, escolhas e, o principal, liberdade feminina que fogem dos destinos já traçados como casamento e família, em que o amor é o único sentimento que se pode moldar uma mulher, deixando de lado sua mente e alma. No entanto, o filme mostra que não é assim que funciona o tempo todo.
Mas, por mais que a liberdade e a independência sejam pontos cruciais às nossas personagens, o amor ainda é forte e mexe com os corações das irmãs March. Na trama, acompanhamos a história de amizade de Jo e Laurie (Theodore Laurence), interpretado por Timothée Chalamet, que cresce e vai se transformando em amor. Aqui há vários sentimentos explosivos como solidão, amor, amizade e liberdade que tornam tudo ainda mais aflorado e feroz para essa dupla que esbanja carisma na tela. Laurie mora com seu avô, é um rapaz rico, mas é desleixado e desligado com a vida, sem se importar muito com o dia de amanhã. Mas é quando a família March entra em sua rotina, que ele passa a enxergar a vida com um novo olhar.
Adoráveis Mulheres apresenta uma narrativa longa, mas em nenhum momento torna-se cansativa e, à medida que o público torce positivamente para o desfecho de cada personagem, sonha para que cada um faça a melhor escolha possível em sua jornada. E acredite, são escolhas que mesclam entre emoção, sacrifício e felicidade, culminando em um final contemplativo e magnífico.
Considerações finais
Adoráveis Mulheres caminha entre o clássico e o moderno para contar uma simples história sobre uma família, cuja grandeza está na força dos personagens, especialmente em que cada um almeja, destrinchando na força feminina, no casamento, na família, na escolha, independência e liberdade, opções que culminam para o mesmo caminho, que é o amor pelo que faz e por quem faz.
Ficha Técnica
Adoráveis Mulheres
Direção: Greta Gerwig
Elenco: Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh, Eliza Scanlen, Laura Dern, Meryl Strepp, Timothée Chalamet, Tracy Letts, Chris Cooper, Bob Odenkirk, James Norton, Louis Garrel e Jayne Houdyshell.
Duração: 2h14min
Nota: 9,0