Frozen se consagrou com uma das melhores animações dos anos 2000, com destaque para a forte história de amor fraternal, a contagiante trilha sonora, os efeitos especiais estonteantes, os personagens carismáticos e, é claro, a quebra da tradicional ‘paixão à primeira vista’ dos clássicos contos de fada.
Em 2019 – no Brasil, o filme estreia em janeiro de 2020 – a história de Elsa, Anna, Kristoff, Olaf e Sven retorna em Frozen 2, trazendo mais detalhes sobre o enigmático passado de Arendelle e o mistério por trás da magia de Elsa. A sequência da aclamada animação de 2013 funciona bem do início ao fim, tem encanto, cenas magníficas que hipnotizam, personagens evoluídos, toques sombrios e cômicos e um desfecho redondo e satisfatório. A trilha sonora é bonita, mas não tem o mesmo apego que as músicas do primeiro longa (Let It Go está aí para comprovar), mas as canções ajudam a contar esta trama que, mais uma vez, envolve os apaixonados por esta história e os fãs da Disney.
Com direção de Chris Buck e Jennifer Lee, Frozen 2 se passa exatamente seis anos após os eventos do primeiro filme, mostrando a rotina da rainha Elsa (Idina Menzel) e da princesa Anna (Kristen Bell), ao lado de seu namorado Kristoff (Jonathan Groff), Sven e o amigo para todas as horas, Olaf (Josh Gad) que, graças à magia congelante, agora o boneco de neve consegue se manter ‘resfriado’ em qualquer clima. A trama engata a partir do instante em que somente Elsa passa a ouvir um canto agudo vindo bem distante, como se fosse um chamado para alertar a rainha de que algo precisa ser feito. Assim, o filme leva ao público ao passado, trazendo mais detalhes sobre os pais das garotas, suas origens e como eles se tornaram rei e rainha de Arendelle.
Crítica: Entre Facas e Segredos
Ainda pequenas, Elsa e Anna tomaram conhecimento de como tudo aconteceu para estarem ali. Perto de Arendelle existe a chamada Floresta Encantada, envolvida por magia e comandada pelos elementos principais da natureza: vento, fogo, terra e água. Para sanar os problemas, equilibrar a natureza e manter a paz entre os povos, Arendelle tenta se unir ao povo da floresta, no entanto, uma guerra acontece, culminando em uma grande tragédia e levando à desunião dos dois lados, o que faz com que a magia encubra a Floresta e prenda tudo e todos que estavam no local naquele momento.
A partir daqui o público engata na trama tendo a noção de como será o desenvolvimento, uma vez que a Floresta Encantada, magia e o mistério são as palavras enigmáticas a serem desvendadas. Ao relembrar desta história, Elsa, Anna, Kristoff, Olaf e Sven partem rumo ao local, justamente para saber o que, de fato, aconteceu e o que esta voz misteriosa deseja revelar. A partir daqui várias perguntas são respondidas, mistérios são desvendados e revelações são feitas. Só assistindo para saber.
Crítica: Brooklyn – Sem Pai Nem Mãe
O roteiro de Frozen 2 é simples e tem uma narrativa em que o passado se introduz nas lembranças resgatadas pelos personagens. O público ganha mais detalhes sobre a vida dos pais das irmãs, como eles se conheceram e reinaram Arendelle juntos, a razão de sua preocupação com o poder de Elsa, o motivo para Anna não ter poder e, é claro, o que realmente aconteceu na fatídica viagem que culminou na morte do rei e da rainha.
Muitas dúvidas levantadas no primeiro filme são respondidas nesta sequência que ganha um texto simples, maduro e envolvente, que se equilibra entre momentos sombrios quando a aventura começa para os personagens que partem para encontrar a verdade, ganhando cenas com tons mais escuros a fim de mostrar receio, medo, insegurança e difíceis tomadas de decisões; e momentos cômicos com músicas mais alegres e cenas divertidas garantidas por conversas fiadas (mas que devem prestar atenção), canções e pelo próprio Olaf.
Se o primeiro filme encanta pela história de amor fraternal entre Anna e Elsa, a sequência fortalece ainda mais as irmãs, uma vez que ambas prometem não se separarem mais. Mas a verdade é que em determinado momento a distância cresce, devido às circunstâncias impostas, no entanto o sentimento permanece forte conectando as duas a todo momento. O laço criado há seis anos se mantém intacto e ainda mais fortalecido.
E por falar nas irmãs, devo dizer que não só elas, mas todos os personagens ganham amadurecimento em Frozen 2. Elsa é uma rainha que presta atenção em suas preocupações, pois sabe como isso pode afetar sua família e toda Arendelle. Ao invés de se isolar como no primeiro filme, ela está mais exposta e disposta a encontrar a verdade, a fazer o certo e a receber a ajuda daqueles que a amam do jeito como ela é. Já Anna continua doce e otimista e, desta vez, mais realista, seja com a aproximação e o amor de Elsa, o seu relacionamento com Kristoff e a importância da sua posição como princesa de Arendelle.
Um dos grandes destaques em Frozen 2, sem dúvidas, é Olaf que está mais maduro e muito mais engraçado. Ele é um dos melhores personagens criados pela Disney nos últimos tempos e a nova animação comprova isso. O boneco de neve tem a responsabilidade de trazer alívios cômicos muito bons, junto com diálogos reflexivos que fazem o público pensar, especialmente as crianças que forem assistir. Aliás, Olaf protagoniza uma das cenas mais engraçadas do filme, que muitos vão dar boas risadas, assim como ele também protagoniza a cena mais triste do filme que farão alguns se emocionarem bastante. É um personagem icônico que ganha um destaque maior neste filme, merecendo um spin-off ou uma série solo.
O personagem Kristoff está bem e ganha uma música solo engraçada, como se fosse um clipe musical, justamente para mostrar o grande amor que sente por Anna. O mais interessante é que, mesmo apaixonado, ele sempre a deixa ir mesmo sabendo dos perigos, ciente de que sua parceira sabe se defender e que quando ela o chamar, ele estará lá. Infelizmente, o personagem não tem uma cena de ação maior, como merecia, afinal, isso traria um crescimento maior a ele.
Nesta nova animação, temos a introdução da doce salamandra verde, que tem certa função na trama, porém curta. Ela está ali mais para ser fofa nas cenas. Apenas isso.
Outro ponto magnífico em Frozen 2 são os traços dos desenhos feitos com requinte de detalhes, seja no momento em que Elsa entra no mar a ponto de o espectador enxergar as gotas de água em sua pele; o cabelo molhado; a textura da pele dos personagens, junto com o figurino que continua lindo nesta sequência; os cenários quase realistas que se mesclam entre tons escuros e coloridos. Além disso, outro ponto que hipnotiza o público são as cenas em que Elsa usa seu poder para descobrir a verdade, uma sequência linda de acompanhar, ocorrida no terceiro ato do filme. Impossível não se encantar neste momento.
A trilha sonora é boa e consegue te envolver durante o filme, uma vez que ajuda a contar a história, porém não tem o mesmo charme e encanto como a trilha do primeiro longa. Talvez você não coloque a música em seu celular para escutar a qualquer momento.
A animação na versão dublada não fica a desejar em nenhum momento, ganhando as mesmas vozes do primeiro filme, com destaque para Fábio Porchat que dubla Olaf de forma debochada, inocente e maravilhosa.
Considerações finais
O desfecho traz um final satisfatório levando a um final feliz diferente dos contos de fada, mas que muitos vão adorar. Frozen 2 é uma sequência que funciona bem do início ao fim, responde dúvidas deixadas no primeiro filme, desenvolve bem a trama, apresenta personagens evoluídos e ainda mais carismáticos, equilibra bem o sombrio e o cômico, possui efeitos especiais fantásticos e tem um doce final para ser apreciado por muitos. Mais uma vez, Frozen encanta adultos e crianças com mais uma história congelante.
PS: Há uma cena pós-créditos. Não saiam correndo do cinema!
Ficha Técnica
Frozen 2
Direção: Chris Buck e Jennifer Lee
Elenco: Idina Menzel, Kristen Bell, Jonathan Groff, Josh Gad, Evan Rachel Wood, Sterling K. Brown, Alfred Molina, Martha Plimpton, Jason Ritter e Rachel Matthews.
Duração: 1h43min
Nota: 8,0