A Hora da Sua Morte (Countdown) é uma divertida história justamente por saber misturar tecnologia e horror, mexendo com o psicológico dos personagens e fazendo jus à frase ‘a curiosidade matou o gato’, porque, de fato, ser curioso pode trazer um destino nada feliz. É um filme de terror clichê, com jump scares que funcionam, momentos de tensão, e cenas que forçam para que certas coisas aconteçam. É exagerado, mas é um bom entretenimento.
O que você faria se um aplicativo mostrasse quanto tempo de vida você tem? 50 anos? 30 anos? Ou apenas dois dias? Dirigido por Justin Dec, A Hora da Sua Morte começa com a famosa cena que apresenta a primeira vítima antes de dar início a jornada da protagonista. Durante uma festa, um grupo de amigos descobre o aplicativo e desafiam um ao outro a baixar. Aquele que tiver menos tempo de vida deve beber mais álcool. Infelizmente quem perde a brincadeira é Courtney (Anne Winters), que somente tem minutos de vida. O que era para ser divertido, torna-se uma paranoia, deixando a garota amedrontada. Ao deixar o namorado bêbado para trás, ela segue para casa sozinha, mas ao terminar a contagem do app, algo sobrenatural acontece.
Assim, o filme muda de cenário e nos leva ao hospital onde conhecemos Quinn (Elizabeth Lail), uma jovem enfermeira pronta para ser promovida. Em um de seus plantões, ela conhece o namorado de Courtney, que também baixou o aplicativo. Com este alvoroço, Quinn, outros enfermeiros e o médico atendente Dr. Sullivan (Peter Facinelli) fazem o download do aplicativo, recebendo seus respectivos tempos de vida. A única que tem apenas dois dias até à morte é Quinn, que a partir daí, inicia uma paranoia, afinal, ela passa a ver coisas estranhas a sua volta e tenta entender quem ou o que está por trás desse aplicativo que está matando as pessoas. Mas ela vai ter que correr contra o seu próprio tempo antes que seja tarde demais.
O primeiro ponto positivo é que o filme consegue construir bons jump scares, por incrível que pareça. Além das cenas clichês de sustos com portas abertas, aparição de pessoas, luzes acendendo e apagando, junto com uma trilha sonora que complementa o susto, o medo pode ser relativo, mas acredito que alguns vão dar uns pulinhos da poltrona do cinema.
Assim que Quinn começa a investigar o que há por trás do aplicativo, o público vai tomando conhecimento das pistas e o significado do sobrenatural. Toda vez que o aplicativo é baixado, ninguém lê os termos e já aceita sem ao menos saber do que se trata. Um erro bem comum que todos comentem, mas, neste caso, ele é fatal. Além disso, uma vez que o download do app é realizado e o usuário descobre o tempo de vida que tem, não é possível mudar o seu destino. Se mudar, o desfecho pode ser ainda pior.
Outro ponto interessante é que A Hora da Sua Morte mergulha em histórias antigas sobre a bíblia e os demônios que assombraram no passado, gerando certa curiosidade no espectador para pesquisar a respeito. Quinn e Matt (Jordan Calloway) – rapaz que ela conhece e que também tem pouco tempo de vida – pedem ajuda ao padre John (P.J Byrne) que, imediatamente, mergulha neste horror para encontrar respostas. O personagem é bem caricato e exagerado, que tenta entregar momentos de alívio cômico, mas acaba soando forçado.
À medida que o tempo vai encurtando, as circunstâncias vão se agravando uma vez que as respostas são rasas e as tentativas de acabar com este mal são poucas, seja apagar o aplicativo, destruir o celular, hacker a programação, entre outros. Para complicar ainda mais, outros personagens são arrastados para este mal, como é o caso da irmã de Quinn, Jordan (Talitha Bateman).
Junto a essa aventura macabra, A Hora da Sua Morte tenta injetar drama no roteiro que acaba ficando raso, funcionando apenas em algumas partes do filme, como por exemplo, o assédio que Quinn sofre dentro do hospital. É um assunto importante a se tratar, mas que é somente usado para afastar a protagonista do local de trabalho a fim de que ela foque na investigação. Além disso, há o drama familiar da jovem, envolvendo o pai e a irmã. O foco fica mais na relação com a Jordan, enquanto o pai fica de escanteio.
Outro problema do filme são os personagens coadjuvantes desperdiçados. Na trama, temos a chefe da enfermaria Amy (Tichina Arnold) e o enfermeiro Scott (Charlie McDermott), que mostram potencial e fazem o público acreditar na possibilidade deles terem um envolvimento a mais, especialmente com o aplicativo, mas infelizmente isso não acontece.
Quando o filme chega na reta final, os segundos mostrados dentro do aplicativo acabam durando mais do que o esperado, fazendo a protagonista tomar decisões radicais, exageradas e bem absurdas, entregando um final forçado e, ao mesmo tempo, um pouco engraçado e trágico. No entanto, os segundos finais revelam que o ciclo foi interrompido, mas talvez este não seja o fim.
Considerações finais
A Hora da Sua Morte traz uma trama interessante que envolve tecnologia, demônios e horror, com jump scares que funcionam e momentos de tensão satisfatórios. A protagonista é boa, enquanto alguns coadjuvantes são mal aproveitados. Há cenas forçadas, que levam a um final aberto e um pouco exagerado. É ruim? Não, mas não é excelente. No entanto, pode ser um bom entretenimento para alguns.
Ficha Técnica
A Hora da Sua Morte
Direção: Justin Dec
Elenco: Elizabeth Lail, Jordan Calloway, Anne Winters, Talitha Bateman, Peter Facinelli, PJ Byrne, Tichina Arnold e Tom Segura.
Duração: 1h30min
Nota: 6,5