Existem animações que tem uma estrutura infantil, mas apresenta um conceito mais maduro cujos adultos irão se identificar de imediato; mas também há animações feitas exclusivamente para crianças em que, muitas vezes, elas vão se identificar e dizer: “poxa, eu faço isso mesmo”. O Poderoso Chefinho é exatamente assim. Isso não significa que adolescentes e adultos não se identificarão, muito pelo contrário; se você vestir a sua “capinha da infância” e assistir este filme com olhos de criança, garanto a você, jovem maduro leitor, que você se verá nessa trama. Principalmente se tiver um irmão ou irmã.
Dirigido por Tom McGrath, a animação conta a história de Tim, um menino divertido, cheio de energia, uma imaginação extremamente fértil e que recebe a atenção de seus pais 24 horas por dia. Tim é aquele garotinho que imagina um mundo repleto de aventuras, ação, obstáculos, monstros e herois. O mais legal é que seus pais também embarcam nessa jornada não só para agradar o menino, mas para nos mostrar o verdadeiro laço que eles têm. Porém, tudo isso acaba com a chegada de um novo integrante na família. Mas não é qualquer integrante, é o novo irmãozinho de Tim, mais conhecido como Chefinho.
Chefinho não é qualquer bebê que diz “gugu-dadá”, enfia o pé na boca e come caca de nariz. Chefinho é inteligente, esperto e está ali para uma grande missão. Ele trabalha na Baby Corp, uma empresa que envia recém-nascidos para suas respectivas casas. Os menos aptos para ser o bebezinho da família são levados para trabalhar na empresa e garantir que tudo funcione corretamente. No entanto, a Baby Corp passa por uma grande crise, já que casais estão optando por cachorros ao invés de filhos. Assim, eles precisam averiguar a razão disso estar acontecendo e descobrir qual será o próximo cachorrinho que irá tomar o lugar dos bebês. A grande sacada é que Chefinho entra para a família certa, pois os pais de Tim trabalham na concorrência, a famosa Puppy Co, responsável pelo lançamento do cachorrinho mais fofo do mundo.
O Poderoso Chefinho tem uma trama simples que apresenta fatores que fazem o público se identificar e se apaixonar instantaneamente pela animação. Em primeiro lugar, o filme aborda um aspecto muito comum que é o ciúme de irmão. Aqui, Tim se vê obrigado a dividir o amor de seus pais com o irmãozinho. O garoto enxerga o bebê como um rival e vilão, afinal ele suga toda a atenção dos pais, deixando Tim de escanteio. Em vários momentos vamos ver os dois batendo de frente um com o outro, como se tivessem em uma guerra dentro de casa quando, na verdade, aos olhos dos adultos, eles apenas estão se conhecendo e se estranhando um pouco. Quem nunca brigou com o irmão ou a irmã? Até mesmo quem não tem, já sentiu ciúmes quando a mãe deu mais atenção ao primo do que para você. Em algum momento você vai se identificar com essas cenas.
Outro ponto interessante é que a animação é contada sob o ponto de vista de Tim adulto, mas que lembra perfeitamente de sua infância. Tim é um garoto que tem uma animação muito fértil, transformando a brincadeira mais simples em uma grande aventura. É muito legal ver a forma como ele enxerga o irmão não apenas como um bebê, mas um violãozinho que veio tomar o seu lugar. Não é à toa que Chefinho chega de terno, gravata e maleta como um grande empresário prestes a tomar o seu devido posto. Pode ser que alguns achem um exagero, mas essa é a forma como Tim vê a situação. Além disso, a sua mente cria cenários e situações inusitadas. Um simples corredor se transforma em um lugar escuro e medonho, cheio de monstros e bichos esquisitos que o garoto precisa enfrentar. Com certeza, muitos irão se ver nessa cena, afinal quem nunca imaginou sombras ganhando forma de monstros e obstáculos em uma simples ida ao banheiro? Aliás, tem muito marmanjo que vê isso até hoje. Vai dizer que não? rs
Mais um acerto da animação é a junção de bebês e cachorrinhos na mesma história. Não tem como não achar uma grande fofura! É aqui que Tim e Chefinho se unem para enfrentar o inimigo em comum: o criador do próximo cachorrinho fofo. É dessa união que nasce o verdadeiro amor entre irmãos, em que cada um vai perceber que essa “disputa de poder” não leva a lugar algum e que é possível dividir o espaço e o amor dos pais igualmente.
Com relação à parte técnica, o filme não fica a desejar em nenhum momento. A fotografia e a construção dos personagens são ótimas, além das cores vibrantes (azul, vermelho, branco, amarelo, laranja, verde) que dá aquele toque a mais na imaginação fértil dos personagens.
O Poderoso Chefinho é uma animação que leva o público de volta à infância e faz relembrar as brigas com os irmãos, as aventuras que viveu e a imaginação fértil ativada em uma simples brincadeira ou, até mesmo, um simples corredor. Mas, acima de tudo, o filme traz uma lição sobre o amor entre irmãos e como esse sentimento é construído com o tempo, tudo isso visto pelos olhos de uma criança que está vivendo aquilo. Vale a pena assistir? Vale para relaxar, se divertir e para ficar com o coração cheio de ternura. Ah, também vale assistir só para ver o Chefinho com a bundinha de fora. rs
E aí, o que acharam do filme? Deixem nos comentários!
Ficha Técnica
O Poderoso Chefinho
Direção: Tom McGrath
Elenco de dublagem: Alec Baldwin, Steve Buscemi, Tobey Maguire, Jimmy Kimmel, Lisa Kudrow, Conrad Vernon, David Soren, Walt Dohrn e Chris Miller.
Dublagem brasileira: Giovanna Antonelli
Duração: 1h38min
Nota: 8,5