Quando as propagandas e os trailers de A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell começaram a pipocar na internet, minha atenção foi conquistada tanto pela fotografia e os efeitos, quanto pela escalação da atriz Scarlett Johansson como a protagonista do filme. No entanto, sabia pouca coisa a respeito do filme, como por exemplo, que ele é baseado no anime de 1995 que, por sinal, é uma adaptação do mangá Ghost in the Shell, criado por Masamune Shirow, em 1989. Como não estou por dentro de animes e mangás, seria errado eu ficar comparando o tempo todo o filme com o desenho, por isso não vou por esse caminho no decorrer do texto, mas apenas vou citar pequenos pontos entre essas duas obras para contextualizá-los melhor.
Dirigido por Rupert Sanders, a trama se passa em uma cidade futurística no Japão, após 2029, uma época em que cérebros se fundem facilmente a computadores e a tecnologia está em todos os lugares. Neste período surge Major, uma ciborgue com experiência militar que comanda a Seção 9, um esquadrão especializado em combater crimes cibernéticos. Quando Major precisa enfrentar um novo inimigo, ela tem mais revelações sobre o seu passado que, no momento, não passam de flashes apagados em sua mente. Assim que ela avança na investigação, ela descobre que, quando humana, se chamava Motoko Kusanagi, cuja vida foi salva pela Dra. Oulet (Juliette Binoche) e o Dr. Cutter (Peter Ferdinando), que lhe deram um corpo robótico.
A trama ganha forma a partir do momento em que Major tem a missão de capturar Hideo Kuze (Michael Pitt), um cyber-terrorista capaz de hackear mentes cibernéticas para utilizá-los sob seus interesses. Ele usa a consciência de sua vítima para se colocar em um corpo cibernético. Ao capturar a tal vítima, Major descobre que tais memórias implantadas na mente da pessoa são suspeitas e, com isso, ela começa a questionar e investigar se as memórias do seu passado são verdadeiras ou não.
Nos primeiros 15 minutos do primeiro ato, o público acompanha o surgimento de Major e como o seu corpo cibernético foi moldado. Logo em seguida, temos de 15 a 20 minutos de boas cenas de ação, que inclui a cena icônica do mergulho de Major ao invadir um prédio para capturar o cyber-terrorista (não é spoiler). No entanto, quando a protagonista investiga sobre a identidade do vilão e o propósito de hacker as mentes humanas, a narrativa dá uma bela freada e passa a caminhar lentamente para entendermos melhor os questionamentos de Major com relação à sua identidade. Acredito que algumas pessoas possam ficar um pouco desanimadas e até sonolentas durante o filme, pois esse desenrolar da trama ganha um ritmo devagar que se estica por um bom tempo, mais do que eu esperava pra falar a verdade.
Para ser sincera, A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell pouco me impressionou, pois falta energia no miolo da trama e um motivo mais forte para prender a atenção. Não achava que história seria desenvolvida em cima dos questionamentos sobre a vida de Major, apesar de que em alguns momentos eles são bons, pois a personagem faz boas pontuações sobre a vida, a consciência humana e como a tecnologia absorve e adentra na mente do homem, literalmente. Como disse anteriormente, não li o mangá e não assisti ao anime, o que me deixou um pouco fora do contexto. Quem é fã e já sabe sobre a história, há grandes chances de gostar bastante da adaptação americana.
O que é legal?
Sem dúvida, o ponto forte do filme é a fotografia e os efeitos especiais Os cenários ganham cores vibrantes e forte iluminação, além de hologramas espalhados pela cidade para garantir de que aquele mundo que estamos vendo é futurístico. Com relação à fotografia, parece que cada cena, objeto e movimento foram milimetricamente pensados e desenhados. E isso é fascinante. O nascimento e a formação do corpo cibernético de Major, a queda da personagem do alto do prédio, o mergulho; e sua imersão debaixo da água são apenas alguns exemplos que comprovam que tudo foi feito com muita precisão e requinte de detalhes, algo que vale a pena ver nas salas de cinema IMAX.
Personagens
Lembro que quando escalaram a atriz Scarlett Johansson para este filme, muitas polêmicas foram levantadas na internet pelo fato de não terem escolhido uma atriz japonesa. Mesmo assim, eu gostei da performance da Scarlett e acho que ela se encaixou perfeitamente no papel. Não podemos negar: sua Major está bem parecida com a do anime. Ela nos entrega uma protagonista que você consegue enxergar o lado humano e robótico com equilíbrio, nem mais e nem menos. Não temos aquele andar robótico exagerado e nem expressões e sentimentos tão aflorados, afinal, ela é uma ciborgue. Eu gostei de ver que essa dosagem foi feita sob medida.
Outro personagem que me chamou a atenção foi o soldado Batou, interpretado pelo ator Pilou Asbaek. Batou também faz parte da Seção 9 e é o companheiro de trabalho fiel de Major, aquele amigo que você sabe que pode contar. Por ter gostado tanto dele, eu queria ter visto mais coisas sobre sua vida e como ele foi trabalhar nesse esquadrão. Uma pena o filme não ter desenvolvido melhor esse personagem.
Tanto a Dra. Oulet quanto o Cutter são personagens que você apenas sabe quem são porque estão envolvidos no nascimento da Major. Mas, como disse, faltou energia no filme e acredito que essa dose de adrenalina poderia ter sido injetada nos plots desses dois personagens para trazer uma ameaça maior ao filme e, assim, prender melhor a atenção do público.
Considerações finais
O final é satisfatório e traz aquele ponto final do ciclo desenvolvido no filme. A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell tem uma linda fotografia e efeitos especiais maravilhosos. O roteiro ganha força no primeiro ato, mas segue para um ritmo mais lento no meio da trama, o que deixa o filme cansativo, sem energia suficiente e uma ameaça maior para prender a nossa atenção. A protagonista é boa, mas gostaria de ter visto um pouco mais sobre os personagens secundários, como por exemplo, o Batou. Quem nunca viu o anime ou leu o mangá, talvez se sinta um pouco descontextualizado. Mas quem é fã, talvez goste bastante dessa nova versão. Ah, talvez o filme ganhe uma sequência. Vamos aguardar.
E aí, o que acharam do filme? Deixem nos comentários!
Ficha Técnica
A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell
Direção: Rupert Sanders
Elenco: Scarlett Johansson, Juliette Binoche, Pilou Asbaek, Michael Pitt, Takeshi Kitano, Chin Han, Peter Ferdinando, Rila Fukushima, Kaori Momoi, Daniel Henshall, Andrew Stehlin, Joseph Naufahu e Xavier Horan.
Duração: 1h47min
Nota: 6,9