A lenda do “filme que mata” foi novamente desenterrada e, com ela, a criatura que assusta e mata jovens e adultos também está de volta. Sim, estou falando de Samara. Assim como eu, acredito que muitos gostaram do primeiro filme, enquanto o segundo ficou um pouco a desejar, mas cumpriu o seu papel em nos mostrar a verdadeira identidade da garota que atravessa a tela de uma TV ou de um computador e mata sua vítima em sete dias. Mas, se ela voltou é porque o mistério ainda continua e O Chamado 3 veio para desvendar esta história. O filme cumpre o papel em nos dar essas respostas? Sim, inclusive achei legal a forma como eles vão atrás desses fatos, no entanto, o roteiro falha diversas vezes e nos entrega algumas cenas absurdas e interpretações que não convencem tanto assim. Calma que eu já vou explicar.
Dirigido por F. Javier Gutiérrez, a trama nos apresenta Julia (Matilda Lutz) que fica preocupada quando seu namorado, Holt (Alex Rose) começa a explorar a lenda urbana sobre um vídeo misterioso. Tal lenda diz que para salvar a vida da vítima, outra pessoa precisa assistir a cópia do vídeo e passar para frente, tornando a brincadeira macabra um ciclo sem fim. Assim, Julia assiste ao vídeo para salvar o namorado, no entanto, o que era para ser apenas um passa ou repassa, o jogo toma um rumo ainda mais terrível: Julia descobre que há um filme dentro do filme original, que ninguém nunca viu antes, tornando a garota “a escolhida”.
Não vou negar: a premissa é bastante interessante, pois ela vai nos contar a origem de Samara. Pra quem não se lembra, a garota morreu pelas mãos da mãe adotiva. O novo filme veio para nos contar o que aconteceu antes da Samara ir parar em um lar adotivo. De onde ela veio? O que aconteceu com os seus verdadeiros pais? Por que ela foi entregue para adoção? Gostei da forma como eles conseguiram criar um novo filme explorando uma antiga história que tem muito para contar.
Outro ponto positivo é que o filme se encaixa a modernidade que vivemos, com televisões de tela plana, mensagens instantâneas e, é claro, uma Samara digital que sai da televisão HD e do notebook. O filme poderia ter explorado mais a tecnologia e utilizado aplicativos mais modernos, como por exemplo, o Whatssap, para passar o vídeo adiante ao invés do e-mail.
Mas, se a premissa é boa, o que há de errado com o filme? Infelizmente o roteiro falha várias vezes ao entregar soluções fáceis, como se lutar contra um demônio sobrenatural fosse a coisa mais natural do mundo. A forma como a protagonista age irrita um pouco, pois ela trata a situação com muita naturalidade e o filme não explora o fator humano que é o MEDO. O filme até mostra as razões da garota agir desse jeito, mas ainda assim não são suficientes e tão convincentes.
Claro que O Chamado 3 abusa de cenas clichês e isso é de praxe em qualquer filme de terror, algo que o público já está até acostumado. No entanto, o filme força a barra com jump scares totalmente desnecessários e descartáveis. Há três momentos em que eles usam essa técnica que faz o espectador pensar: “precisava mesmo fazer isso?”.
Personagens
Matilda Lutz mostra esforço para entregar uma boa personagem, mas falha algumas vezes. Como disse, a protagonista tem o fardo de desvendar o mistério, porém a naturalidade com que ela age irrita. Ela poderia ter mostrado um pouco mais de medo para trazer mais realidade aos olhos do público. Outra coisa que pode incomodar é a interpretação meio robótica. A forma como ela interpreta as falas nos dá a sensação de que não passa de um texto decorado. Faltou mais energia, mais emoção.
Assim como Julia, o personagem Holt, interpretado pelo ator Alex Roe, também apresenta as mesmas falhas: interpretação sem uma boa carga de emoção e a sensação de apenas ter decorado o texto.
Interpretado por Johnny Galecki (The Big Bang Theory), Gabriel é o professor da faculdade que apresenta a lenda para Holt, colocando a própria vida do aluno (e de outros também) em risco. Mesmo que o seu propósito seja saber o que há por trás do vídeo e das imagens que matam a vítima em sete dias, Gabriel é covarde o suficiente para não abrir o jogo e dizer qual é “a real” do seu projeto. Em outras palavras, o personagem é cuzão (desculpe o termo utilizado, mas não há outra palavra que o defina melhor do que essa).
Considerações finais
O filme sofre uma reviravolta e nos dá um final até surpreendente, dando a possibilidade de a franquia O Chamado aumentar futuramente. O Chamado 3 tem uma boa premissa, apresenta uma Samara mais moderna, mas falha no roteiro com cenas um pouco absurdas, soluções fáceis, sustos desnecessários, interpretações medianas e a ausência da exploração do fator humano que é o medo. Algumas vezes você vai se pegar rindo durante o filme. Espera! Não era pra ter medo? Era né…
Vale a pena assistir? Bom, vale a pena cada um tirar as suas próprias conclusões a respeito do filme. Alguns podem amar e outros nem tanto. Deixem aqui nos comentários o que acharam sobre O Chamado 3.
Ficha Técnica
O Chamado 3
Direção: F. Javier Gutiérrez
Elenco: Matilda Lutz, Alex Roe, Johnny Galecki, Vincent D’Onofrio, Aimee Teegarden, Laura Wiggins e Bonnie Morgan.
Duração: 1h42min
Nota: 5,8