Para dar início a TAG Oscar 2015, vamos falar de um dos filmes mais comentados neste momento: Boyhood – Da Infância à Juventude. O ponto alto deste filme é a sua produção que durou 12 anos. Sim, se você parar pra pensar, é muito tempo, no entanto, a ideia é genial! A história, dirigida por Richard Linklater, acompanha o crescimento e amadurecimento do personagem Mason Jr. (Ellar Coltrane) dos seis aos 18 anos. Ao lado da irmã Samantha (Lorelei Linklater) e de seus pais divorciados Olivia (Patricia Arquette) e Mason (Ethan Hawke) a trama nos leva aos momentos mais importantes da vida do garoto: a mudança de cidade, o primeiro amigo, o relacionamento com sua irmã, os dois casamentos fracassados de sua mãe, bullying, a primeira namorada, o primeiro contato com as drogas, a dúvida do que fazer da vida após o fim da escola, a descoberta do talento e assim por diante.
Quem assistiu e não gostou justamente por não ter ação ou cenas com ápices de aflição, expectativa e ansiedade, não significa que a história seja ruim. Muito pelo contrário, ela foi feita para retratar o cotidiano e a evolução de uma criança com sua família em um mundo em constante transformação. Boyhood é o tipo de filme que mexe com a sensibilidade do telespectador. Ou seja, a trama vai mostrar simplesmente as trivialidades da vida, os percalços e, em algum momento, você vai se identificar com alguma cena. “Nossa, isso também aconteceu comigo”. Quantas vezes, você não escutou uma história ou leu livros e se identificou com o personagem? Boyhood entra nessa mesma linha.
Um dos grandes destaques para o cinema é a sua produção que durou 12 anos. A cronologia é marcada no filme não com legendas de “Um ano depois”, “Cinco anos depois”, e sim, pela evolução dos personagens, amadurecimento e, até mesmo, os cortes de cabelo, a tecnologia e alguns fatos que marcaram a época em que estavam gravando. Um exemplo disso é quando Mason Jr. mexe no computador colorido da Apple (vocês lembram qual era?) e quando ele vai ao lançamento do livro Harry Potter e o Enigma do Príncipe (me corrijam se eu estiver errada).
Outro ponto bastante interessante da trama são os diálogos. As conversas abordam temas cotidianos, como as redes sociais, o primeiro namoro e a perda de seu amor, idas e vindas, qual carreira seguir, música, etc. Dois diálogos que exemplificam são quando Mason e o pai conversam sobre os Beatles, se há possibilidade de escolher apenas um integrante como o seu preferido ou não; outra conversa que rola é entre o garoto e a namorada Shanna. Na cena, ele questiona se deve ou não deletar sua página no Facebook. Falando assim, parece ser bem chato, mas garanto que não. Pode ter certeza, alguma vez você já teve alguma discussão parecida.
Personagens e interpretações
Não posso negar, todas as interpretações estão fantásticas. Patricia Arquette mostra a realidade de uma mãe que batalha para dar uma vida melhor aos seus filhos, na pele de Olivia. Conseguimos acompanhar sua evolução e determinação. Vibrei quando algo de bom aconteceu e torci para que as coisas melhorassem nos momentos de tristeza e dificuldade.
Ethan Hawke não fica para trás em nenhum momento. Não dava nada para o seu personagem, mas, no decorrer da trama, ele me surpreendeu muito. No início, temos um pai que ama seus filhos, mas sem um pingo de foco na vida. Ele mostra que quer seguir a vida de músico, mas não demonstra tanto empenho assim. Porém, com o tempo, ele reconhece que é preciso mudar e, com isso, começa a sua transformação. Melhor não falar para não perder a graça, caso você não tenha assistido.
Ah, Mason. Tornei-me, praticamente, uma amiga do personagem. Acompanhei toda sua jornada, suas dificuldades e conquistas. A interpretação de Ellar Coltrane trouxe proximidade entre o personagem e o telespectador. Várias vezes senti vontade de sentar ao lado dele para conversar.
A personagem de Lorelei Linklater também não fica a desejar. Ela consegue retratar muito bem o relacionamento de Samantha com o irmão, as briguinhas chatas, os namoros, a vergonha de ter conversas íntimas com o pai, etc. Achei sua interpretação bastante natural.
Considerações finais
Em duas horas e quarenta e cinco minutos, Boyhood – Da Infância à Juventude faz você acompanhar uma vida, uma história parecida com a nossa, que não cansa e não se torna monótona. O filme acaba no momento certo, com uma frase que faz o telespectador sair do cinema refletindo. A única coisa que eu teria mudado era o final de Olivia. Acho que ela merecia um pouco mais, depois de tudo que ela passou.
Corra para o cinema e assista. Vale à pena acompanhar essa história. Boyhood ganhou o Globo de Ouro como melhor filme. Agora ele também segue entre os indicados ao Oscar nessa mesma categoria. Uma indicação justa.
Nota: 9,0