O alvoroço, a quebra dos tradicionais filmes de super-herói, o tom violento e o sucesso fizeram o mundo se voltar para Deadpool, um anti-herói que até faz a coisa certa, mas por caminhos completamente controversos. Confesso que o primeiro filme me agradou pelo tom irônico, forte e agressivo, além da ousadia de apresentar um personagem completamente fora dos padrões. No entanto, a história não cativou tanto por ser simples demais e fiquei com receio que o segundo filme fosse pelo mesmo caminho. Mas eu me enganei: Deadpool 2 é uma surpresa do começo ao fim! Além do herói retornar três vezes mais sarcástico, o filme é ainda mais sanguinolento, com diálogos ainda mais afiados, personagens que funcionam bem, um antagonista que surpreende e, o principal, um roteiro robusto, repleto de reviravoltas que movem bem a história, trazendo mensagens divertidas ao estilo do mercenário, sobre família e a construção da imagem do super-herói.
Se você pesquisar por uma sinopse oficial de Deadpool 2, você não vai encontrar um texto que explique corretamente sobre o que se trata a história. Eis o motivo: Deadpool 2 apresenta um plot twist atrás do outro, desenvolvendo uma trama surpresa e movimentando os personagens para caminhos inesperados (pelo menos para mim). Os primeiros minutos do filme entrega uma reviravolta que choca e impacta. A partir daí, as únicas coisas que você precisa saber é que Deadpool (Ryan Reynolds) se junta ao X-Men (o mesmo grupo do primeiro filme), engata em uma missão assassina, cria o seu grupo X-Force e enfrenta o oponente da vez: Cable (Josh Brolin).
Caso tenha achado o primeiro longa pesado, prepara-se pois Deadpool 2 é duas vezes mais violento e com boas cenas de ação que prendem a sua atenção sem que você ao menos pisque. Há uma cena de perseguição de um caminhão que é uma das minhas favoritas. Graças ao poder de regeneração, Deadpool sobrevive a poucas e boas nesse filme, pois o tanto de tiro e porrada que ele leva, além dos inúmeros ossos quebrados que ele sofre não é para os fracos! Em termos de efeitos especiais e ação, esta sequência não fica a desejar. Conforme a gente acompanha o desenrolar da história, o público compreende o significado de ‘filme família’ e a moral que envolve a construção da essência de um super-herói. Se no primeiro filme vemos a origem de Deadpool, no segundo vemos o personagem modelar o seu caráter.
Afiado e divertido
Claro que, se for pra fazer um filme do Deadpool e não usar ironia, sarcasmo, humor e referências à cultura pop, as filmagens nem começam. Deadpool 2 traz novamente diálogos que são ainda mais afiados e divertidos, fazendo o público esquecer que o longa tem duas horas de duração. O tom sarcástico se sobressai e o humor negro embala todos em ótimas risadas.
Já assistiu Vingadores: Guerra Infinita?
O filme não se esquece de aplicar altas doses de referências a outros filmes, como John Wick, Batman, Superman (o universo DC agradece) e, é claro, ao eterno amigo Wolverine. Além disso, o longa apresenta uma das trilhas sonoras mais bonitas e debochadas que eu já vi, com direito à Celine Dion e Barbra Streisand.
Gratas surpresas
Ryan Reynolds se encontrou em Deadpool e isso ninguém pode mais tirar. O ator está completamente confortável no papel, dominando 100% o filme. Nem consigo imaginar outra pessoa interpretando esse papel. O ponto alto é a ótima química do herói com Cable, tornando tudo ainda mais perigoso e bom de acompanhar. Josh Brolin encarna um personagem carrancudo, durão e que dá até um pouco de medo tamanha força e destreza que tem. As motivações que o levam a ter atitudes radicais e agressivas são plausíveis. De resto, só assistindo para você descobrir.
Outra grande surpresa é Dominó, interpretada por Zazie Beetz. Sua força vem da sorte que lhe acompanha, rendendo cenas boas e hilárias. Ela é praticamente o braço direito de Deadpool.
Quem realmente não se espera muita coisa e surpreende bastante é Russell/Firefist, interpretado por Julian Dennison. O garoto carrega um grande peso e sofrimento por ser um mutante, fazendo com que ele tome atitudes extremamente precipitadas. Ele é quem faz Deadpool agir, além de aprender o que é ser um herói de verdade.
Morena Baccarin (Gotham) retorna como Vanessa, namorada do mercenário, e é ela a principal fonte de amor e emoção do herói.
A equipe X-Force é outra coisa boa do filme, especialmente pela participação de Terry Crews (Brooklyn Nine-Nine) e Bill Skarsgard (It – A Coisa). Aliás, há outra duas participações que são SENSACIONAIS! Prestem atenção, pois as cenas são rápidas!
Da equipe, o único que se destaca é o cromadão Colossus (Andre Tricoteux). Infelizmente a personagem Negasonic (Brianna Hildebrand) é novamente mal aproveitada no filme. Aparece pouco e não faz absolutamente nada, a não ser reclamar e ser mal-humorada. Uma pena desperdiçar uma personagem assim.
Considerações finais
O desfecho de Deadpool 2 traz uma nova reviravolta que pode ser bastante interessante para alguns; para outros pode ser divertido, mas um pouco batida. Particularmente, eu gostei da resolução.
Melhor que o primeiro, Deadpool 2 apresenta um roteiro mais elaborado, diálogos mais afiados, um ótimo humor negro, referências boas e no timing certo, personagens cativantes e surpreendentes, um vilão que cumpre o seu papel e, é claro, um herói que retorna mais irônico, sarcástico e, é claro, melhor!
OBS: Não saia correndo do cinema, pois Deadpool 2 tem DUAS CENAS pós-créditos que são ótimas!
Ficha Técnica
Direção: David Leitch
Elenco: Ryan Reynolds, Josh Brolin, Morena Baccarin, Zazie Beetz, Julian Dennison, T.J Miller, Leslie Uggams, Andre Tricoteux, Brianna Hildebrand, Shioli Kutsuna, Terry Crews, Bill Skarsgard, Rob Delaney, Jack Kesy, Karan Soni, Eddie Master e Lewis Tan.
Duração: 2h
Nota: 9,5