Para um terror acontecer, basta que um assassino psicopata e um inocente saiam de casa no mesmo dia. Esta é a premissa de Os Estranhos – Capítulo 1, novo filme da franquia Os Estranhos que, agora, ganhará uma nova trilogia. Posso dizer que a ideia poderia ser boa ao tentar trazer um frescor a este universo, mas infelizmente, temos mais um filme de terror cujo suspense é até bom, mas as decisões estúpidas no enredo tornam o longa desastroso. E o mais complicado de tudo, é que este é apenas o início que começou com o pé esquerdo.
Com direção de Renny Harlin, Os Estranhos – Capítulo 1, inicia com uma morte brutal, seguida por informações de que a violência está aumentando cada vez mais nos Estados Unidos, com foco em uma pequena cidade chamada Vênus, colocando o local no radar de alta periculosidade.
Na trama acompanhamos o casal Maya e Ryan que estão viajando pelo país de carro para comemorar os cinco anos de namoro. Mas quando passam por um pequeno incidente na estrada, eles decidem dar uma pausa antes de continuar a viagem. Assim, os dois param na cidade Vênus, que não hesita em demonstrar estranheza e medo tanto do cenário quanto dos habitantes que encaram os protagonistas, tornando tudo ainda mais bizarro.
Enquanto se alimentam e recuperam as energias, as primeiras coisas estranhas acontecem, como o fato deles serem questionados se são religiosos e o quão pecadores são; Maya é julgada por ser vegana; e, é claro, o motor do carro para de funcionar repentinamente, o que indica que o ato foi premeditado desde então.
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Com isso, os dois precisam passar a noite em uma cabana isolada na floresta da cidade, a contragosto de Ryan, que já notara algo de errado ali; e a extrema inocência de Maya ao dar crédito pela possível bondade dos habitantes do local.
Mesmo a ambientação não sendo a mais acolhedora, o casal se instala na casa e passa, pelo menos, a primeira hora em paz, até alguém começar a bater na porta, colocando os dois na mira de três estranhos mascarados que dão início a uma noite de terror perturbadora.
Os Estranhos já acertou no primeiro filme, mas seguiu decaindo nas sequências seguintes. O certo era ver onde errou e acertar com esta nova trilogia. Apesar de ainda ter alguns poucos pontos positivos, Os Estranhos – Capítulo 1 entrega um roteiro que menospreza a inteligência do espectador diante das ações e reações burras dos personagens, além do pouco esforço ao entregar uma perseguição assustadora e, minimamente, bem feita, independente de ter alguma sobrevivência ou não.
Em nenhum momento, o filme entrega uma explicação ou justificativa para a missão dos mascarados em eliminar o alvo da vez. Seria por puro prazer e sadismo? Eles matam aleatoriamente, quem chega na cidade? Há um tipo específico para tornar alguém na vítima da vez?
Por ser uma cidade com altas taxas de morte, Vênus já era para estar na mira da investigação há muito tempo. Além disso, o filme dá indícios de que as pessoas não religiosas ou que são consideradas pecadoras, automaticamente, entram na mira do trio de mascarados. Seria este o objetivo? Aliás, todos os habitantes do local conspiram para as atrocidades que ocorrem lá? Ou todos são obrigados a ajudar os mascarados por medo e ameaça?
Entendo que a ideia de Os Estranhos é entregar um terror psicológico e sádico em torno dos mascarados não identificados, mas esta nova trilogia poderia mudar e ousar ao, pelo menos, entregar respostas claras sobre a razão para estas mortes acontecerem em uma cidade onde qualquer pessoa que parar ali, corre risco de vida. Ainda há chance disso acontecer, até porque, este é apenas o primeiro capítulo.
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Os Estranhos – Capítulo 1 acerta na boa atmosfera de suspense que consegue deixar o público apreensivo com o que está por vir a qualquer momento. As cenas do suspeito batendo fortemente na porta, os mascarados caminhando pela casa sem que os protagonistas tenham completa noção disso, as máscaras de boneco; e os ataques arquitetados causam angústia e medo em que assiste.
Mas, infelizmente, o impacto do horror diminui drasticamente por conta das decisões burras dos personagens, como ter um mascarado na mira da espingarda e não atirar; iniciar um diálogo sermão, quando deveria somente entrar em ação; não pegar o único carro que estava funcionando para fugir, entre outras coisas. Isso tira o brilho dos olhos de quem está assistindo.
A atriz Madelaine Petsch entrega uma Maya inocente inicialmente, mas que ganha força e coragem para lidar com o mal que lhe rodeia. Da dupla, ela quem passa por mais situações de risco, conseguindo fugir até onde consegue.
O ator Froy Gutierrez entrega um Ryan que vai ao oposto da namorada: começa desconfiado da cidade e das pessoas e, quando o caos se instala, toma as atitudes mais estúpidas, diminuindo o esforço em querer salvar a si e a namorada, por não conseguir raciocinar. Soma-se também o pior timing para o personagem pedir a namorada em casamento, quando tudo está perdido. Sério que, depois de cinco anos, ele teve coragem e pedi-la em casamento diante do trágico? Patético.
Considerações finais
A reta final mantém a tensão, mas perde o interesse após as decisões controversas que levam os protagonistas a um destino trágico. Mas um deles sobrevive para dar continuidade à trilogia.
Os Estranhos – Capítulo 1 entrega uma boa atmosfera de suspense, ataques brutais bem feitos, mas um roteiro ruim por conta das decisões tomadas, menosprezando a inteligência do público.
Por ser apenas o começo, a história ainda tem como se salvar ao explorar a cidade, descobrir quem são esses habitantes e os mascarados e, é claro, o real objetivo de matar as pessoas que passam por lá, tornando este local um cemitério a céu aberto.
Os Estranhos – Capítulo 1 começa a torto, mas ainda tem chance de se redimir e acertar na continuação desta história.
Ficha Técnica
Os Estranhos – Capítulo 1
Direção: Renny Harlin
Elenco: Madelaine Petsch, Froy Gutierrez, Gabe Basso, Ema Horvath, Ryan Bown, Stevee Davies, Richard Brake, Ben Cartwright, Janis Ahern, Rafaella Biscayn, Pablo Sandstrom e Sara Freedland.
Duração: 1h31min
Nota: 1,9/5,0