Junho é o mês do orgulho LGBTQ+, para você relembrar as pautas importantes que envolvem a comunidade como sexualidade e gênero, reunimos cinco produções QUEER* para você aproveitar as férias dos estudos e se aproximar de assuntos tão importantes que prezam o respeito e a diversidade.
Existem inúmeras produções, tanto de filmes quanto séries e até realities shows sobre a comunidade. Mas, para você ter uma opção de cada, o Pipoca Na Madrugada fez uma lista com cinco tipos de produção, basta escolher um e aproveitar.
Se você prefere filmes ou séries, indicaremos. Se gosta de algo mais curto e rápido, tem um curta-metragem. Se você prefere algo mais descontraído e realista, temos um reality, e se você for fã de comédia, apresentamos um stand-up. Aproveite para conhecer, entender e se emocionar com as produções com tema LGBTQ+.
Filme: Me Chame Pelo Seu Nome
Se você quer saber como é a sensação e as reações durante a descoberta da orientação sexual, Me Chame Pelo Seu Nome (Call Me By Your Name) traz um romance cheio de sensibilidade que aborda essa descoberta. O filme chama a atenção desde sua palheta de cores até seus personagens.
Elio (Timothée Chalamet) é um adolescente italiano que está passando as férias de verão com a família no interior da Itália, e tudo muda quando Oliver (Armie Hammer), um amigo e aluno de seu pai, chega.
Oliver é historiador e visitou seu orientador, o pai de Elio, para ajudá-lo na pesquisa sobre cultura greco-romana. A presença e beleza de Oliver chama a atenção de Elio, além dos trejeitos e mistérios que cercam o aluno de seu pai. Depois desse interesse, começamos a viver a sensação de um romance de verão, cheio de indiretas, olhares e frio na barriga que Elio e Oliver trocam.
Sentimos que os personagens possuem sentimentos um pelo outro, mas que, demoram para assumir ou tomar uma postura diferente, principalmente Elio, que ao descobrir sua orientação aos poucos, começa a se permitir viver uma paixão de forma devagar, se descobrindo e se apaixonando ao mesmo tempo. O romance fica sensível e lindo com o cenário do interior da Itália como pano de fundo, além disso, os atores conseguem passar uma química nas cenas que faz o telespectador sentir que está vivendo um romance de verão.
Confira a crítica completa do filme
Conseguimos sentir a paixão em contraste com a descoberta da sexualidade de Elio. Me Chame Pelo Seu Nome é emocionante pelo romance, cenário e personagens, surpreendendo desde o começo, com a descoberta da sexualidade e a forma de lidar com tudo, até seu final que é inesperado e meio melancólico.
Série: Crônicas de San Francisco
Se você gosta de acompanhar séries para sempre ter um episódio para assistir, Crônicas de San Francisco (Tales of the City) proporciona um bom tempo de show (cada episódio com cerca de 50min a 1h). Além disso, nos aproxima de uma forma muito abrangente da comunidade LGBTQ+, possuindo mais de um personagem para todas as siglas.
A produção é nova, sua trama é antiga. A série estreou os seus dez episódios no dia 07 de junho na Netflix, mas sua história foi criada originalmente em 1978, pelo escritor Armistead Maupin. No começo, foi publicada em capítulos na coluna do escritor no jornal “San Francisco Chronicle”. Depois se transformou em uma saga de nove livros, criando as chamadas ‘Tales of the City’ que contam as histórias dos residentes da querida pensão Barbary Lane, na cidade norte-americana de São Francisco. Mais do que apenas um lugar, Barbary Lane é um porto seguro para muitas pessoas da comunidade QUEER, justamente por ter sido fundada e mantida pela trans Anna Madrigal.
Tanto a produção dos anos 90 quanto a de 2019 estão disponíveis na Netflix e ambas focam no estereótipo da “desconstruída” cidade de São Francisco, em conjunto das histórias, desafios, emoções, relações e até mistérios que cercam os residentes de Barbary Lane.
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Aos poucos percebemos que o personagem principal, a pensão, é a sensação de pertencimento, respeito e amor que todos desenvolvem, possuem ou procuram ter um pelo outro. Se você gosta de comédias, romance ou mistério, As Crônicas de San Francisco é uma ótima escolha para passar o tempo livre, sem mencionar toda a representatividade que a comunidade recebe para, assim, conseguirmos entender pautas sobre gênero, sexualidade e todo tipo de diversidade.
Curta-Metragem: Hoje Eu Não Quero Voltar Sozinho
Se você é fã de algo mais rápido, o curta brasileiro Hoje Eu Não Quero Voltar Sozinho, de 17min, disponível no Youtube, é uma ótima escolha. O curta também aborda uma temática QUEER que envolve a descoberta da sexualidade na adolescência, assim como Me Chame Pelo Seu Nome. Recebeu tanta crítica positiva e visibilidade que ganhou, em seguida, um longa baseado em seu enredo, intitulado Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, disponível na Netflix.
A produção aborda a história de três amigos do ensino médio, focando em dois principais e uma coadjuvante. Leonardo (Guilherme Lobo) é deficiente visual e luta pela sua independência em muitos âmbitos de sua vida. Giovanna (Tess Amorim) é uma das poucas (senão única) amiga dele que, além de ajudá-lo quando precisa, não tem nenhum tipo de preconceito com o amigo, diferente de outros personagens.
O enredo começa quando um novo estudante chega na turma após as férias de verão. Gabriel (Fábio Audi) chama a atenção de Leonardo após se tornarem amigos, com uma postura diferente de tratar ele, com carinho e atenção. Leo acaba criando sentimentos pelo novo colega, e, assim, a trama começa.
Hoje Eu Não Quero Voltar Sozinho tem como título o momento que, às vezes Giovanna e, às vezes, Gabriel, levam Leonardo a pé, fazendo companhia e o guiando, para sua casa, depois da escola.
Além dos momentos de conversa, Leonardo e Gabriel desenvolvem uma relação mais intensa, confessando sentimentos e sensações que se desdobram na adolescência. Leonardo é um personagem que demonstra ter tantos problemas de preconceito pela sua deficiência visual quanto pela sua sexualidade, quando começa a descobrir e assumi-la.
Além do tema QUEER, tanto o curta quanto o longa expõe as experiências e os desafios de uma pessoa com deficiência visual, a necessidade da independência da proteção dos pais, limitações que para o personagem não existem, mas que muitos ao seu redor impõem sobre ele, seja com comentários preconceituosos, proibições e conversas menos sincera de pais e amigos.
Reality Show: QUEER EYE
Para fugir um pouco do clássico reality com tema QUEER, como RuPaul, trouxemos uma nova produção, que começou em 2018 e já está em sua terceira temporada. Queer Eye é uma alternativa de reality para você se aproximar e conhecer um pouco do universo da comunidade LGBTQ+. Disponível na Netflix, o reality é focado mais em como ter representatividade à comunidade do que apenas falar sobre ou abordá-la de alguma forma.
A série busca ajudar de diversas maneiras pessoas que buscam mudar o estilo de vida, pois julgam não explorar a melhor versão de si mesmas. Os participantes são de todos os tipos, incluindo héteros, casados, divorciados, pais, solteiros, etc. Com especialistas em áreas difusas, como comida, moda, cultura, design e cuidados pessoais, o reality proporciona mudanças de comportamento nos participantes que se sentem gratos pela interferência do grupo.
Antoni Porowski é especialista em comida e vinho; Tan France em moda; Karamo Brown em cultura; Bobby Berk em design e por fim, não menos importante, Jonathan Van Ness é especialista em cuidados pessoais. E o mais importante de tudo, todos fazem parte e questão de afirmar para os participantes e telespectadores que são da comunidade LGBTQ+.
O próprio nome do programa busca explorar a representatividade. A tradução do jogo de palavras do título é algo como “um olhar gay para um homem hétero”, isso porque o show aproxima os “Fab Five” (ou os “cinco fabulosos”) que trabalham para atender, conhecer e mudar alguns aspectos de homens héteros. A nova temporada, entretanto, está explorando participantes além dessas características.
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Os novos participantes são pessoas de todo tipo de diversidade, independente do gênero ou orientação sexual, a fim de aproximar o conteúdo das propostas do reality: aceitação e ajuda, independente da sexualidade, seja de quem atribui ou de quem recebe. Mais do que isso, o programa expõe o comportamento de quem faz o reality, como também a vestimenta e aparência, que são da comunidade QUEER. Buscando mostrar além da diversidade de sexualidade e de gênero, ao retratar a forma como eles, os apresentadores, se portam para o mundo que algo é complemente único. A finalidade do programa é mostrar que todos podem ser quem o quiser, independentemente do gênero ou da orientação sexual.
Stand-up: Nanette
Você prefere opta pela comédia quando vai assistir algo? Pois até neste gênero temos produções com conteúdo QUEER. Desta vez, criada pela Netflix, Nanette é um stand-up de Hannah Gadsby, atriz e comediante orgulhosamente lésbica, a comédia busca retratar um pouca de sua vida, abordando questões desde pessoais até às mais banais do seu cotidiano.
Mais do que isso, Nanette subverte o intuito de um stand-up ao abordar críticas sobre as comédias produzidas pela comunidade LGBTQ+, ou que abordam ela, à medida que satirizam de forma agressiva e preconceituosa as questões de gênero e sexualidade. Gadsby consegue nos fazer rir e refletir com sua comédia ao satirizar, de forma saudável, algumas situações e criticar outras, sem nenhuma piada, por terem ações ou verbalizações preconceituosas.
Além disso, o stand-up busca fugir do humor negro, que banaliza questões importantes e tem certo teor preconceituoso nas piadas, conseguindo criticar os humoristas que fazem do seu show algo pautado em tudo que tenta fugir.
Sempre fazendo rir e refletir, Hannah Gadsby foge do senso comum de um stand-up, buscando explicar como o humor funciona e utilizando isso como crítica, fazendo o público repensar sobre as piadas que ri. Será que é certo dar risada de todas as piadas que ouvimos? Será que alguma carrega algum tipo de preconceito e tal percepção não é clara? Essas são alguns dos pensamentos que Nanette consegue nos fazer ter durante seu show em meio aos risos mais saudáveis.
A temática do show aborda desde o preconceito e a LGBTFobia até as tradições e os pensamentos conservadores de comportamento. Ela busca temáticas fora deste eixo, mas que o insere minimamente, como entre várias, seja problemas familiares, relacionamentos abusivos e mercado de trabalho.
Tudo é abordado como exemplo a vida de Hannah e a sua história em se assumir, resistir e lutar por ser quem é. A resistência e luta contra os preconceitos são as bases da vida da humorista e de seus stand-ups ao expor e criticar tanto as pessoas quanto as temáticas que propagam os variados preconceitos em seu caminho, seja em relação à sua sexualidade, seu corpo ou sua forma de se vestir.
QUEER*: palavra proveniente do inglês que é utilizada para designar pessoas que não seguem modelos heteronormativos, ou seja, não seguem padrões de orientação sexual (heterossexualidade) ou de gênero (cisgeneridade). Usada normalmente para englobar tanto a comunidade LGBTQ+, de lésbicas, gays, bixessuais e trans, quanto todas as outras siglas que não estão expostas no nome da comunidade. Pode ser considerado um termo “guarda-chuva”, englobando minorias sexuais e de gênero.