Good Omens é a nova série da Amazon Prime Vídeo e posso dizer que a história é uma grata surpresa. Já conhecida, a trama é contada de forma sarcástica e envolvente, interpretada por um elenco de primeira categoria, com cenários coloridos, bons efeitos, um humor irônico e refinado e um desfecho dos deuses. Quer saber porque você precisa assistir? Confira o texto!
História
Adaptado da obra Belas Maldições, escrita por Neil Gaiman e Terry Pratchett, a série relata a história da criação da Terra e da humanidade, passando por períodos históricos e religiosos como Adão e Eva, Shakespeare, revoluções, até o momento crucial em que o mundo será dizimado com a chegada do Apocalipse.
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A trama acompanha Aziraphale, um anjo que vive na Terra desde a criação, encarregado de guardar os portões orientais do paraíso. Ao seu lado, desde o começo de tudo, está Crowley, um demônio enviado do submundo para, de início, ser a cobra que tentou Eva com a maçã da árvore. Anos depois, ele recebe uma nova missão que o fará ficar dividido entre o céu e o inferno: ele precisa entregar o bebê Anticristo nas mãos certas para que o Armagedon aconteça no futuro exato. Acostumados com a vida boa, calma e equilibrada proporcionada pelos humanos, Aziraphale e Crowley vão fazer de tudo para impedir o fim dos tempos.
Narrativa
Com seis episódios de quase uma hora de duração, Good Omens ganha uma narrativa irônica apontando os fatos certeiros da história sob o ponto de vista de Deus (quem tudo fez, afinal) que, por sinal, ganha a voz de Frances McDormand (Três Anúncios Para Um Crime) que dá um tom jovial e sarcástico à série toda. Além disso, tal narrativa tem o intuito não só de contar, mas também de detalhar para tirar algumas dúvidas do telespectador.
Na jornada de impedir o apocalipse, o público conhece fatos e pessoas importantes da história pelo ponto de vista do anjo e do demônio. Além de sabermos como o Anticristo chega à Terra, conhecemos a trama de Adão e Eva, quem os expulsa de lá e o que acontece quando eles colocam o primeiro pé para fora do Jardim do Éden, revoluções na França e Inglaterra, o primeiro encontro com Shakespeare, entre outros pontos.
Juntamente com essa trama, a série entrega flashbacks que complementam a linha temporal atual e elementos do passado que podem ajudar a impedir o fim dos tempos. Como é caso da história de Agnes Nutter (Josie Lawrence), uma bruxa que viveu no século XVII e previu os eventos em seu livro ‘As Profecias Agradáveis e Precisas de Agnes Nutter, Bruxa’, único livro de profecias já escrito. Assim que conhecemos este momento específico, retornamos aos tempos atuais para acompanharmos Anathema (Adria Arjona), descendente de Agnes, e Newton Pulsifer (Jack Whitehall), descendente do feiticeiro Pulsifer que queimou Agnes na fogueira.
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O que torna a narrativa ainda mais atrativa é a conexão perfeita entre as subtramas, que são costuradas aos poucos para o momento crucial. Além disso, o humor britânico torna a série sutil e, talvez, é possível até estranhar esse humor, uma vez que estamos acostumados a assistir muitas produções americanas.
Bem e Mal
A história não só ganha uma linha bem estruturada, como também interpretações fantásticas dos protagonistas Michael Sheen e David Tennant. Sem dúvida, eles são as escolhas formidáveis para os papeis de Anjo e Demônio, esbanjando uma química de dar inveja em qualquer ser divino. Ao descobrirem que um anula a missão do outro (um faz o mal, enquanto o outro impede o mal), Aziraphale e Crowley se rendem a vida humana e suas tentações, como comer em um ótimo restaurante, desfrutar de bons livros, comer um delicioso sorvete na praça, dirigir o melhor carro, cuidar das plantas (momento icônico de Crowley), entre outras coisas. Mas, o que mais agrada e conquista o telespectador é a amizade improvável desses dois, que torna a história divertida de acompanhar e entrega uma mensagem instigante de que, independentemente de você ser um ser divino ou das trevas, TODOS têm um pouco de bondade e maldade dentro de si. São as ações dos personagens que vão concretizando tal afirmação, uma vez que Aziraphale precisa tomar medidas que não condizem muito com sua divindade, enquanto Crowley tem ações que irritam bastante o submundo. Uma dupla de tirar o chapéu que, inclusive, poderiam ganhar uma série spin-off.
Outros personagens
Good Omens também tem um elenco que dá conta do recado. Jon Hamm interpreta o Arcanjo Gabriel, que faz marcação cerrada em Aziraphale, desconfia de suas artimanhas e precisa que os fatos sigam de forma correta para que a guerra entre o Céu e o Inferno aconteça. Anathema e Newton Pulsifer também ganham força na trama, assim como o quarteto de crianças do pequeno vilarejo de Tadfield, comandado por Adam Young (Sam Taylor Buck), o Anticristo. Uma parte cômica da série também fica por conta do Sargento Shadwell (Michael McKean), que recruta Newton, e de sua vizinha, Madame Tracy (Miranda Richardson), médium e cortesã. O elenco satã não fica para trás e entrega personagens bem peculiares como Belzebu, o demônio Hastur que causa na vida de Crowley, além dos cavaleiros do apocalipse (Guerra, Fome, Poluição e Morte) e, é claro, o próprio Satã, que ganha a excelente voz de Benedict Cumberbatch.
Trilha Sonora
O ponto forte da trilha sonora da série são as músicas da Banda Queen, que são tocadas especificamente nas cenas de Crowley quando ele está dirigindo. É simplesmente formidável. Aliás, a abertura da série é sensacional e a música é viciante. Já se tornou uma das minhas vinhetas de séries favoritas.
Referências e easter eggs
Quem for fã de Neil Gaiman, outras séries britânicas e tiver um olhar bem afiado, vai captar referências e easter eggs de Doctor Who e American Gods. Porque será, né? rs
Cenário e figurinos
A série não hesita em entregar várias ambientações na França e Inglaterra, especialmente em pontos turísticos, praças e vilarejos que dão um ar refinado, complementado de outros cenários coloridos e figurinos, como as vestimentas de Crowley (e suas perucas), Aziraphale, Madame Tracy e outros, que trazem o medieval, moderno e contemporâneo junto e misturado.
Desfecho divino
O desfecho da série é simples e formidável à história, com reviravoltas divertidas e surpreendentes, uma vez que o final caminha para algo previsível e engana os olhos do telespectador.
Good Omens vale a pena o seu tempo e uma boa maratona!
Ficha Técnica
Good Omens
Adaptação: Belas Maldições de Neil Gaiman e Terry Pratchett
Direção: Douglas Mackinnon
Roteiro e showrunner: Neil Gaiman
Elenco: Michael Sheen, David Tennant, Jon Hamm, Frances McDormand, Adria Arjona, Jack Whitehall, Miranda Richardson, Sam Taylor Buck Michael Kean, Mireille Enos, Anna Maxwell, Josie Lawrence, Benedict Cumberbatch, Lourdes Faberes, Yusuf Gatewood, Brian Cox, Reece Shearsmith, Nick Offerman, Derek Jacobi, Mark Gatiss, Steve Pemberton, Amma Ris, Ilan Galkoff, Alfie Taylor, Daniel Mays e Sian Brooke.
Duração: seis episódios (1 hora aprox.)
Nota: 9,0