Hollywood arrisca novamente ao adaptar para o cinema mais um videogame. Desta vez, a trama faz parte do jogo de Tomb Raider lançado em 2013. Mas vou ser bem sincera: nunca joguei e nem sou fã dos filmes anteriores protagonizados por Angelina Jolie. Sem expectativas nenhuma, assisti Tomb Raider – A Origem e posso dizer que, apesar de algumas ressalvas, eu fiquei satisfeita com o resultado de um bom blockbuster. Mais do que isso, Alicia Vikander mostra todo o preparo que teve em uma boa atuação na pele de Lara Croft.
Dirigido por Roar Uthaug, a trama acompanha Lara Croft, a independente filha de um excêntrico aventureiro que desaparece na época em que ela era adolescente. Aos 21 anos e sem nenhum propósito na vida, Lara faz entregas de bicicleta pelas ruas de Londres e, nas horas vagas, treina e luta. Determinada a fazer o seu próprio caminho, ela decide não ficar a frente do império do pai, assim como não aceita a sua morte, mesmo depois de ter passado sete anos. Aconselhada a seguir em frente, Lara busca resolver o mistério sobre o sumiço do pai, mesmo que ela não entenda as motivações que o levaram a partir. Assim, ela vai atrás do último destino em que ele foi visto: um lendário túmulo em uma mítica ilha localizada na costa do Japão. Repleto de obstáculos, inimigos e situações traiçoeiras, Lara precisará ter forças para sobreviver nesta aventura mortal e, quem sabe, essa seja a oportunidade para encontrar um propósito em sua vida.
Tomb Raider – A Origem já começa com Lara crescida e se virando para pagar suas contas. Enquanto acompanhamos o desenrolar da trama principal, é nos flashbacks que conhecemos o passado da personagem, como ela se tornou quem ela é hoje, a razão do desaparecimento do pai e o desafio que terá que enfrentar. Os flashbacks são um bom complemento à trama, pois o público compreende de onde vem a perspicácia e a força de Lara que, desde criança, escuta os conselhos do pai, aprende os truques deixados por ele, além de iniciar seu treinamento em arco e flecha.
Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa) carrega todo o filme nas costas e entrega uma ótima heroína que, aparentemente, parece ser intocável, perfeita e que nada a abala. Mas não é nada disso. Lara sofre, apanha, se machuca e, mesmo assim, sempre ergue a cabeça cada vez que cai. Ela é mais humanizada e natural, fugindo de uma caracterização mais sexualizada. É inteligente, aventureira, corajosa e audaciosa na hora de encarar os obstáculos. Mas também é um pouco ingênua e sentimental quando o assunto é seu pai, já que a figura paterna ficou ausente por tanto tempo em sua vida.
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No geral, pode se dizer que Tomb Raider – A Origem é um videogame para assistir. A sensação que o filme dá é que o espectador está controlando a personagem, apertando os botões de ‘pular’, ‘correr’ e ‘chutar’ em uma grande tela. O movimento mecânico dos braços da personagem enquanto corre, os pulos que assustam (parece que ela vai cair a todo o momento), os obstáculos pela ilha (lanças que brotam do solo, chão que se desmancha), entre outros, fazem boas referências a uma fase do videogame que precisamos passar de primeira.
O roteiro não perde tempo em criar uma atmosfera de suspense sob o mistério. A história é simples e gradativa, que ganha energia nas cenas de ação e nos bons efeitos especiais. É possível até lembrar de filmes de aventura como Indiana Jones. No entanto, o filme tenta entregar cenas quase “perfeitas”, mas resulta em algo forçado demais. Um exemplo é quando Lara precisa encaixar as pedras na posição certa para passar um obstáculo. Quando jogam as pedras, ela captura de primeira como se não houvesse uma grande probabilidade desses objetos caírem. É possível relevar cenas assim, mas o filme não sai da zona de conforto e nem se arrisca em entregar alternativas para sair dessas situações clássicas de risco.
O elenco dá um bom apoio, mas é Vikander quem carrega o filme todo nas costas. Walton Goggins é o vilão Matthias Vogel. Ele está na ilha servindo uma instituição acima dele que está a fim de encontrar o grande mistério que cerca a ilha, um segredo que poderá abalar o mundo. Vogel é frio, direto nas ações e se precisar matar para que o seu trabalho continue caminhando, ele simplesmente elimina o obstáculo.
Daniel Wu é Lu Ren, o rapaz que ajuda Lara a chegar à ilha. Seu pai também desapareceu sob as mesmas circunstâncias que o pai da protagonista, um motivo que o faz encarar o desafio ao lado de Lara. O personagem não tem tanto destaque, ganhando um pouco mais de força apenas na reta final do filme. Já Dominic West é Richard Croft e, por ser peça fundamental do mistério, não vou dizer muita coisa a seu respeito para não dar spoiler. Apenas assistam.
Considerações finais
Tomb Raider – A Origem é um reboot agradável e divertido, cuja narrativa é simples, gradativa e de bom ritmo. Alicia Vikander está ótima na pele da protagonista e não fica a desejar em nenhum momento. Quem não conhece os games ou os demais filmes, talvez fique satisfeito com o resultado desse filme. Quem for fã ou tiver um conhecimento maior sobre o videogame e a franquia, talvez seja mais exigente com o novo longa.
Ficha Técnica
Tomb Raider – A Origem
Direção: Roar Uthaug
Elenco: Alicia Vikander, Dominic West, Walton Goggins, Daniel Wu, Kristin Scott Thomas, Hannah John-Kamen, Derek Jacobi, Josef Altin, Alexandre Willaume-Jantzen, Michael Obiora, Roger Jean Nsengiyumva, Jaime Winstone e Nick Frost.
Duração: 1h58min
Nota: 7,9