Se o primeiro filme foi uma grande farofa divertida, Belo Desastre – O Casamento (Beautiful Wedding) abraça o nonsense total da comédia e do romance e entrega uma história que leva à sério o título que recebe: desastre. A sequência do filme de 2023 é ruim, tem a consciência disso e, ainda assim, consegue arrancar boas risadas do público com as cenas mais absurdas que há aqui. Se vale a pena assistir, eu sinceramente não sei te dizer, mas vou explicar o que acontece nesta trama.
Com direção de Roger Kumble, Belo Desastre – O Casamento traz de volta Travis e Abby, o casal mais improvável e com uma química que dá o que falar. A sequência parte dos eventos finais do primeiro filme, em que os dois vão até Las Vegas para acertar a dívida de jogo do pai de Abby com o vilão Benny.
Com grande sucesso e o bolso cheio de dinheiro, Abby e Travis – juntamente com os amigos America e Shepley – vivem uma noite louca na cidade. No dia seguinte, os dois acordam confusos, de resseca e, é claro, casados.
Eles poderiam anular o casamento facilmente, mas como estão apaixonados, ambos decidem levar o matrimônio adiante para ver no que dará. Com isso, eles viajam para o México para viver a tão esperada lua de mel, ao lado dos amigos e da família. Mas, é claro que muitas confusões vão acontecer, colocando à prova se Abby e Travis se conhecem de verdade, e se o amor é capaz de aguentar qualquer situação.
É até difícil explicar Belo Desastre – O Casamento, porque por mais que se destrinche as cenas em palavras, só assistindo para entender o sentimento de ‘filme ruim, mas divertido’. Sem dúvidas o primeiro longa é o melhor e, ainda assim, a sequência consegue ser melhor que os filmes After (somente o primeiro se salva).
Dito isso, Belo Desastre – O Casamento entrega várias sequências que parecem esquetes de um programa de comédia ruim.
A narrativa inicia de forma não linear, com Abby e Travis conversando com um padre sobre tudo o que aconteceu nos últimos dias. Assim, o público é levado ao passado para presenciar todos os fatos, desde a descoberta do casamento em Las Vegas e a escolha de levar adiante em uma lua de mel que começa bem e vai ladeira abaixo com as decisões desastrosas.
O cenário principal é um resort mexicano, um lugar lindo e praiano que tem tudo para fazer este romance florescer de vez. No entanto, a dinâmica de Abby e Travis é o gatilho perfeito para o caos se instalar, desde discussões por conta de jogo; brigas no jantar; topless na praia; ataques de ciúmes e a falta de confiança que balança fortemente esta relação, uma vez que ambos querem que o casamento dê certo, mas é necessário que cada um saiba compartilhar uma vida juntos, além de dividir os seus sentimentos.
Falando assim, parece até romântico e dramático, não é mesmo? Mas Belo Desastre – O Casamento entrega um desenvolvimento absurdo de uma comédia caricata, com direito a desenhos na tela – sim, temos até um pintômetro – para mostrar o nível de raiva ou tesão do casal; uma sequência de rinha de galo que se transforma em um filme de terror de última categoria; cena de jogo de vôlei na praia da Shopee ao estilo da cena icônica de Top Gun: Maverick; personagens fazendo barulhos estranhos, seja imitando cachorrinhos ou gatinhos; homens em atos desesperados para recuperar o amor da amada, como é o caso do Shepley quando America se sente sufocada por ele; há novamente a cena de Abby brincando com as partes íntimas de alguém; entre muitas outras.
Além disso, temos o retorno do vilão Benny (Rob Estes), que simplesmente esquece do seu objetivo – recuperar o dinheiro com os protagonistas – e mergulha em uma melancolia horrível para reconquistar seu amado parceiro, que não aguenta mais seus planos. E o filme conta com a presença de Sancho (Steve Bauer), o gerente do resort, que parece o ‘bobo da corte’, aquele personagem piadista exagerado em tudo o que fala e faz.
Enquanto o primeiro filme equilibra romance, sensualidade, cenas hot, drama, momentos cafonas, apresenta e desenvolve as personalidades dos personagens – entre qualidades e falhas – a sequência simplesmente larga a mão de uma boa construção narrativa e uma trama sólida, triplicando o exagero em absolutamente todos os temas, perdendo o foco. Só não se afunda, pois a premissa ainda serve de base para que todo o resto não vá por água abaixo.
Mas como disse, mesmo ciente do quão ruim é, o espectador ainda dá ótimas risadas com os absurdos que vê em Belo Desastre – O Casamento, em que Dylan Sprouse e Virginia Gardner são os verdadeiros pilares do caos. A dupla esbanja química, beleza e simpatia em seus papeis e não tem como sentir raiva dos personagens, independente de estarem certos ou errados em alguma situação. Claro que nem todo mundo vai levar o filme na brincadeira e poderá ficar frustrado com a adaptação, especialmente aqueles que são fãs dos livros. É compreensível esta frustração.
Considerações finais
A reta final coloca a confusão nos eixos dando o veredito sobre o casamento e o final feliz e engraçado de Abby e Travis. Não há indícios de que Belo Desastre ganhe um novo filme. E sinceramente? Melhor não ter. Mas se tiver, assistirei.
Belo Desastre – O Casamento se desprende da seriedade e entrega o puro suco do caos romântico em um filme ruim que pode ser divertido para alguns e horrível para outros.
Ficha Técnica
Belo Desastre – O Casamento
Adaptação da obra de Jamie McGuire
Direção: Roger Kumble
Elenco: Dylan Sprouse, Viriginia Gardner, Libe Barber, Austin North, Rob Estes, Alex Aiono, Steve Bauer, Neil Bishop, Jack Hesketh, Declan Michael Laird, Trevor Van Uden, Micky Dartford e Génesis Estévez.
Duração: 1h40min
Nota: 2,0/5,0