Por incrível que pareça não é um total desastre como o próprio título indica. Mas também não é um filme para qualquer público. Belo Desastre (Beautiful Disaster) chega aos cinemas e apresenta mais um romance hot na qual se debruça mais na sensualidade, equilibrado com momentos cômicos, dramáticos e aquela boa dose de exagero com vergonha alheia que fará o público dar risada, mas também se envolver com o romance em construção.
Mas, o que realmente surpreende é o texto e as ações dos personagens que fazem a trama funcionar, mesmo não sendo perfeito. Arrisco dizer que Belo Desastre é melhor que After. Se você curte o gênero e consegue abraçar a proposta, sem elevar tanto as expectativas, as chances de sair satisfeito no final podem existir. Como disse, não é uma produção para todos, mas atinge o público fã da obra original e atrai os curiosos para saber mais sobre a história.
******COM SPOILERS******
Com direção de Roger Kumble, Belo Desastre é uma adaptação da obra de mesmo nome da autora Jamie McGuire, e apresenta Abby Abernathy, uma jovem que chega na cidade para iniciar a faculdade. Ela vê uma grande chance de recomeçar a vida longe de qualquer problema, especialmente do seu pai, uma vez que o passado e sua relação com ele são carregados de segredos.
Com a ajuda da amiga America e do namorado Shepley, Abby começa a se adaptar ao lugar e as pessoas. Mas logo de cara, ela é levada para assistir a uma luta, e neste momento, ela conhece Travis ‘Cachorro Louco’ Maddox, um bad boy que divide a rotina com encontros e lutas clandestinas. Imediatamente, Travis se vê encantado por Abby, enquanto a própria tenta fugir das investidas do rapaz.
Intrigado com a resistência de Abby e cada vez mais envolvido, Travis propõe uma deliciosa aposta: se perder a próxima luta, ele ficará sem fazer sexo por um mês; se ele ganhar, Abby deve morar com ele – que divide o apartamento com Shepley e America – pelo mesmo período de tempo. Bom, sabemos no que isso vai dar, né? Assim, à medida que Travis fica mais íntimo de Abby, mais mistérios ele descobre sobre a vida da garota, e mais certeza ele tem de que está se apaixonando por ela.
Como não li o livro, já adianto que esta crítica irá focar apenas no filme. Por não ser muito fã de romance hot, assisti Belo Desastre sem expectativa alguma, esperando mais um desastre do que algo belo. No entanto, a surpresa está pelo fato do longa abraçar a proposta e saber desenvolvê-la, sem se levar a sério. Além disso, o filme apresenta pontos positivos, que não costumamos ver em outras produções do gênero, o que faz o público gostar um pouco mais desta história.
Acredito que o elemento fundamental está na construção do romance do casal de protagonistas, que faz com que os demais detalhes da trama acabem soando bem. Apesar dos variados momentos clichês que são bem exagerados e cômicos, como por exemplo, o primeiro encontro de Abby e Travis – com direito a sangue respingado no rosto da garota – o romance ganha menos toxicidade, uma vez que o principal elemento de uma relação finalmente é desenvolvido aqui: a comunicação.
Claro que Belo Desastre não deixa de pesar a mão na dramaticidade, seja com brigas, discussões, diálogos cafonas e momentos bregas que beiram ao constrangimento, criando aquele caos que, curiosamente, consegue ser resolvido, uma vez que os personagens colocam para fora tudo o que pensa e sente, fazendo com que a história não fique empacada e dê sequência para situação seguinte.
O ator Dylan Sprouse interpreta Travis, um bad boy cuja surpresa está em não ser tão marrento, em que o personagem sabe intimidar os demais, é excelente em briga, não abaixa a cabeça para qualquer um, e ainda, entrega pura sensualidade e alívios cômicos que, juntos, conquista o espectador imediatamente. Sim, você se apaixona pelo Travis.
Outro ponto positivo de Travis é que, mesmo apresentado como o bad boy conquistador, ele não é o típico personagem que vamos vê-lo com várias garotas. No instante em que ele conhece a Abby, ele fica apenas concentrado nela, deixando claro o que está sentindo por ela e o que ele quer, do jeito galanteador e safado, mas deixa. Isso prova que o filme sabe aproveitar a boa comunicação, o que diminui o grau de toxicidade na relação.
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A atriz Virginia Gardner entrega uma Abby que está determinada a recomeçar sua vida, após deixar para trás a relação com pai, uma vez que ele é um jogador de pôquer viciado, o que resulta em problemas, dívidas e ameaças. Abby também é uma excelente jogadora, chamando a atenção no universo do pôquer, o que faz ela tomar a decisão de se afastar. Claro que este segredo vem à tona, uma vez que os problemas a encontram novamente e ao lado de Travis, que não a deixará sozinha.
No geral, Abby ganha uma construção satisfatória, mas é uma personagem que pode irritar no decorrer da história, justamente por não deixar claro o que sente, mesmo que isso esteja escancarado em seu rosto e nas suas ações. Apesar dela querer se afastar de Travis, ela demonstra sentir algo pelo rapaz, além das investidas e provocações que faz. No entanto, chega em um momento que tal indecisão se torna um jogo cansativo de acompanhar. Além disso, quando ela precisa de ajuda e é ajudada, ela demonstra não gostar. Compreende tal frustração com relação à personagem? Ainda assim, ela consegue evoluir, fazendo o público torcer por ela.
A química de Travis e Abby é gigantesca e palpável na tela, uma vez que o filme se debruça muito mais na sensualidade do que, de fato, em cenas de sexo desnecessárias. Há mais cenas hot entre eles, na qual o prazer e o tesão falam mais alto, do que o ato em si. Belo Desastre acerta em cheio neste quesito, mesclando com ótimos alívios cômicos que fará o espectador dar risada, seja de diversão, certo constrangimento ou por ver algo sensual e bom.
Por causa disso, arrisco a dizer que Belo Desastre ganha mais pontos, tornando-se superior a After no quesito menos toxicidade. Aliás, o filme faz questão de inserir referências e easter eggs do filme baseado nos livros de Anna Todd. Se você já viu os filmes, é fã da história ou tem um olhar afiado, vai captar tais referências rapidamente. Algumas estão mais explícitas, enquanto outras exigem uma atenção maior.
Com relação ao terceiro ato de Belo Desastre, acredito que este seja o momento em que o filme dá uma decaída por ser extremamente exagerada e caótica, desde o instante em que Abby retorna ao mundo do pôquer para ajudar o pai, descobre uma traição e recebe a ajuda de Travis, com direito a uma cena de sexo esculhambada em que os protagonistas decidem quebrar todo o cenário, enquanto tentam transar. É uma mistura de vergonha e diversão, em que o espectador demora a digerir o que acabou de ver. Claro que nem todos vão curtir, mas é possível desfrutar da parcela de alívio cômico.
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Com relação aos demais personagens coadjuvantes, os maiores destaques vão para os amigos America (Libe Barer) e Shepley (Austin North); o pai de Abby, Mick (Brian Austin Green), que surge da metade para o final do filme para chacoalhar a vida da filha; e a família de Travis, em que conhecemos o pai Jim (Michael Cudlitz) e todos os irmãos do protagonista. A sequência é curta e divertida.
Considerações finais
Belo Desastre é um romance hot que empolga aqueles que não criaram expectativas, exceto os fãs do livro que estão à espera de uma adaptação fiel à obra.
Dito isso, o longa não se leva a sério e abraça o seu exagero na dramaticidade, nos clichês e no cômico que, no fim das contas, se equilibram e funcionam bem. Mas o melhor de tudo, é que é um romance menos tóxico, mais frenético e funcional, com protagonistas cuja química é altíssima e faz tudo funcionar dentro da proposta.
Belo Desastre está longe de ser perfeito, mas pode se tornar um filme divertido, sensual, cômico e envolvente para quem comprar a história e souber aproveitá-la. Vale a pena assistir quem realmente estiver com vontade de ver e gostar do gênero.
Ficha Técnica
Belo Desastre
Adaptação da obra de Jamie McGuire
Direção: Roger Kumble
Elenco: Dylan Sprouse, Viriginia Gardner, Libe Barber, Austin North, Brian Austin Green, Michael Cudlitz, Rob Estes, Samuel Larsen, Autumn Reeser, Neil Bishop, Jack Hesketh, Declan Michael Laird, Trevor Van Uden e Micky Dartford.
Duração: 1h45min
Nota: 2,9/5,0