Adoro filmes de terror, mas não gosto de assistir sozinha. Enchi o saco dos meus amigos desde a estreia para assistirmos Annabelle. O resultado? Decepcionante. Calma, eu vou explicar melhor os motivos que me levaram a não gostar do filme, mas antes vou contar do que se trata a história. Annabelle é uma espécie de spin-off de Invocação do Mal. A boneca apareceu pela primeira vez no filme que relata um dos casos, baseado em fatos reais, do casal demoniologista Ed e Lorraine Warren.
O médico John Gordon (Ward Horton) vive um dos momentos mágicos com sua esposa Mia (Annabelle Walis – coincidência o nome, não?). À espera do primeiro filho (uma linda menina), ele dá o presente perfeito para a mulher: uma rara boneca que usa um vestido de noiva branco. Mas, a alegria de Mia com Annabelle dura pouco. Em uma noite horrível, a casa é invadida por membros de um culto satânico que atacam violentamente o casal. Antes disso, eles atacam os vizinhos e o matam (que, por acaso, são os pais de um deles). Sangue derramado e terror não são tudo o que eles deixam como rastro. Quando os membros da seita invocam uma entidade maléfica, o seu objetivo é levar a alma de alguém. E ele não sossegará enquanto alguém não oferecer a sua alma. Porém, o que casal não esperava era que esse demônio ficasse incorporado em Annabelle.
Em primeiro lugar, o filme é recheado de clichês: a garota que vai em direção ao barulho; alguém que corre pela floresta escura; a pessoa que olha pela fresta da porta e é atacada por trás ou se assusta com o que vê. O que seria dos filmes de terror sem os clichês? Não tenho nada contra em usá-los, só quando exageram. Em Annabelle isso acontece, mas o que estraga é que essas cenas óbvias não causam medo a ponto de deixar o telespectador tenso. Eu, pelo menos, não fiquei assim. Filme de terror bom é aquele que impacta a ponto de não fazer se esquecer da história quando já está em casa; é aquele que faz você ligar a TV só para não ficar no silêncio absoluto, ou até mesmo, tira o sono por uns dois dias.
Outro ponto que me incomodou demais no filme foram os atores, pois a interpretação ficou a desejar e muito. Não sei se é exagero da minha parte, mas achei o casal parecido com a Barbie e o Ken, para início de conversa. Em nenhum momento os personagens transmitiram emoção, medo, angústia ou aflição.
Vamos começar por Mia. Primeiro, ela aceita um presente medonho. Quando que uma pessoa gosta de uma boneca de braços compridos e com uma cara assustadora? Toda vez que eu entrasse no quarto ficaria com medo. Após o ataque, ela é a primeira a notar que há algo de errado com a boneca e, para acabar com as dúvidas, ela se livra do brinquedo. Curiosamente, na nova casa, a boneca reaparece. E o que Mia faz? Pega a boneca de volta. Por um lado entendo a atitude, pois se ela não ficasse com Annabelle, o filme acabaria. Por outro, dava para descartar essa cena, mas isso à critério de cada um. Ao longo do filme, várias coisas vão acontecendo (não vou contar porque é spoiler), mas à medida que a situação vai piorando, não conseguia sentir a perturbação da protagonista. Era como se nada tivesse acontecendo. Nem o cabelo dela ficava bagunçado (sim, até isso me incomodou).
Com John é a mesma coisa. Além de achá-lo muito superficial, suas ações foram bastante fracas a ponto de não convencer em quase nada. Outros personagens como Evelyn (Alfre Woodard) e Padre Perez (Tony Amendola) foram mal aproveitados. Eles poderiam ter tomado as rédeas da situação para deixar a história mais instigante. Por ter passado por uma situação semelhante, Evelyn poderia ter se aprofundado mais na investigação ao lado de Mia e, junto com o Padre Perez, poderia até ter invocado a entidade para saber o que ele realmente queria, ao invés de ficar deduzindo.
Para não dizer que o filme é 100% ruim, algumas cenas foram bem feitas e assustam bastante. Mas, tirando isso, ficam os clichês e os famosos jump scares (cenas de suspense com música alta que preparam o telespectador para o susto que está por vir).
Quanto à boneca? Eu achei que fosse assustar mais. Ela já é feia, mas eu esperava mais ações e movimentos com o brinquedo.
Vale a pena assistir ao filme? É difícil afirmar. Se você for uma pessoa muito curiosa, como eu, assista e tire as suas próprias conclusões. Eu fiz isso e não me arrependo. Só fiquei decepcionada, pois era pra ter sido um filme bom e não foi. Acho que criei muitas expectativas. Vou continuar assistindo filmes de terror? Claro! Mas, Annabelle? Pra falar a verdade, ela me assustou mais em Invocação do Mal. E olha que foi só uma participação.
Ficha Técnica
Annabelle
Direção: John. R. Leonetti
Elenco: Annabelle Wallis, Ward Horton, Alfre Woodard, Eric Ladin, Kerry O’Malley e Tony Amendola.
Gênero: Terror
Duração: 98 minutos
Nota: 4,5
Fotos: IMDB