Vou ser bem sincera: Dominação é classificado como filme de terror, mas não é tão terror assim. Está mais para um suspense ou terror com açúcar. Dirigido por Brad Peyton, a trama conta a história de Seth Ember (Aaron Eckhart), um homem que, desde novo, consegue entrar no subconsciente de uma mente possuída, tornando-o, por assim dizer, um exorcista não convencional. Após um acidente de carro que matou sua esposa e seu filho e ainda o deixou paralítico, Seth dedica o seu tempo integral para libertar as pessoas perturbadas com a ajuda dos seus assistentes. Enquanto confronta o passado que ainda lhe atormenta, o rapaz precisa ajudar Cameron (David Mazouz), um garoto de nove anos que está possuído por um demônio muito mais forte do ele imaginava.
A premissa de Dominação é boa, pois temos um personagem que expulsa os demônios no momento em que ele “entra” na mente da pessoa. Além disso, Seth precisa lidar justamente com o mesmo demônio que destruiu sua vida. Infelizmente, o roteiro é raso e não desenvolve e nem dá maiores detalhes da história. Há três exemplos que justificam o que estou falando. Primeiro: o roteiro não dá espaço para explicar o porquê Seth começou a entrar no subconsciente das pessoas. Por que ele é capaz de fazer isso? Por que ele foi o escolhido? Segundo: Cameron logo é possuído pelo demônio, mas, de fato, não sabemos por que isso acontece. Seria o demônio se aproveitando da vulnerabilidade do garoto e também do relacionamento conturbado que ele tem com o seu pai? Quem for assistir ao filme vai entender melhor a personalidade deste pai. Terceiro: por que o demônio escolheu justamente Seth para atormentar? O filme até explica que a razão disso é o fato do personagem ter o dom de entrar na mente das pessoas, mas ainda assim a explicação é vaga. Seria realmente só isso? Se for, é até aceitável, mas não é tão forte e convincente. Além disso, o filme não revela a verdadeira “forma” do demônio. Toda vez que aparece, ele já está dentro do corpo e da mente de alguém. Gostaria de ter visto como o demônio é de verdade. Acredito que causaria medo nos espectadores.
Mas, calma! O filme não tem só pontos negativos. Há dois pontos que prendem a atenção do espectador. A primeira são as cenas de Seth entrando na mente da vítima possuída. A forma como esse “sonho” é construído chega a ser bastante realista e o personagem vai destruindo o demônio à medida que ele vai “seduzindo” a pessoa e pedindo para que ela pense em coisas que gosta (seja um objeto ou uma cor) para encontrar a saída. O segundo ponto positivo é a tecnologia utilizada pelo grupo para monitorar o demônio e ajudar Seth a entrar na mente das pessoas. O espectador acredita que será algo bem amador ou manual, mas o que acontece é ao contrário. Eles utilizam bons equipamentos não só para localizar o demônio, como também para induzir Seth a entrar e sair da mente do seu cliente. Essas cenas são legais de assistir.
Personagens
O que me levou a assistir ao filme foram os atores escolhidos. Gosto muito do Aaron Eckhart e ele está bem na pele de Seth Ember. Seu personagem é intrigante e você fica com vontade de saber mais sobre a sua história, porém, o roteiro não dá muito espaço para isso, já que o personagem vai direto ao ponto para salvar o menino. O espectador sabe mais do seu passado por meio dos flashbacks, mas, como disse, poderiam ter desenvolvido melhor.
David Mazouz também me fez assistir ao filme, justamente por gostar muito dele no papel de Bruce Wayne na série Gotham. Porém, na pele de Cameron, a interpretação fica a desejar. O medo é relativo e vai de cada um se assustar ou não. No meu caso, não fiquei com medo e nem assustada com o garoto possuído. A caracterização dele estava simples, mas não ao ponto de mostrar que ele realmente estava com o demônio dentro do corpo. O que faz a gente acreditar que ele está mal são as olheiras profundas, a voz distorcida que, por sinal, não é convincente, e sua força.
Os demais personagens, como Lindsey (Carice Van Houten), mãe de Cameron, a investigadora Camilla (Catalina Sandino Moreno), o pai de Cameron (Matt Nable) e os assistentes de Seth estão ali para dar suporte ao protagonista e a criança, mas não ganham espaço no filme para conhecermos melhor.
Considerações finais
A cena final dá o desfecho para a história do garoto, porém a trama que envolve o demônio fica em aberto dando a possibilidade para uma nova sequência. Dominação é um filme de suspense/terror, mas não é assustador. Como disse, o medo é relativo e vai de cada um se amedrontar ou não com a história. O filme tem pontos positivos como os sonhos e a tecnologia utilizada para se livrar do demônio; e pontos negativos como o roteiro raso e a falta de profundidade nos detalhes, deixando alguns pontos da trama bem superficiais. Eu gosto bastante de filme de terror e sempre assisto, seja ele bom ou ruim. Sempre torço para que a trama seja ótima, ao nível de Invocação do Mal, mas infelizmente nem sempre isso acontece. Vale a pena assistir? Sinceramente, não muito. Mas, mesmo assim, acho que todos devem assistir parar tirar as suas próprias conclusões. O filme estreia dia 5 de janeiro.
Ficha Técnica
Dominação
Direção: Brad Peyton
Elenco: Aaron Eckhart, David Mazouz, Carice Van Houten, Catalina Sandino Moreno, John Pirruccello, Keir O’Donnell, Matt Nable, Emjay Anthony, Karolina Wydra e Tomas Arana.
Duração: 1h31min
Nota: 5,5