Os dias passam e, às vezes, não percebemos nossas atitudes, não damos conta das palavras que saem da boca e, muito menos, valorizamos o carinho que recebemos dos outros. Já parou pra pensar que apenas um sorriso e um ‘bom dia’ poderia mudar o dia de uma pessoa? E se hoje você fosse o último dia da sua vida, mas com mais algumas chances? O que você mudaria?
Todas essas perguntas são discutidas no filme Antes Que Eu Vá, uma adaptação cinematográfica da obra de Lauren Oliver. Dirigido por Ry Russo-Young, a trama conta a história de Samantha/Sam (Zoey Deutch), uma linda jovem que tem tudo: o namorado mais cobiçado, três amigas fantásticas e popularidade no colégio. Mas Sam tem suas falhas: ela não dá a devida atenção à família; é um pouco arrogante; não liga para as pessoas que gostariam de se aproximar dela; ignora e maltrata o garoto que gosta dela e ainda colabora quando as outras meninas zoam de uma garota quieta e estranha da escola. Mas tudo isso muda quando o dia 12 de fevereiro chega. Neste dia, Sam e suas amigas vão a uma festa que termina de forma triste e trágica. Ao ir embora, as garotas sofrem um acidente fatal, tornando aquele dia o último. Mas não para Sam. Ela ganha uma segunda chance. Sete segundas chances, na verdade. E ao reviver o mesmo dia várias vezes, Samantha desvenda o mistério que envolve a sua morte, descobrindo o verdadeiro valor de tudo o que está prestes a perder.
Por ter uma pegada mais teen, talvez muitos não se interessem pelo filme. Mas não se engane. O roteiro aborda de forma delicada e objetiva assuntos bastante discutidos nos dias hoje como bullying (que é o grande destaque), família, amigos e morte. De forma natural e progressiva, o público acompanha Sam e como suas atitudes podem influenciar na vida das pessoas. Logo de primeira não entendemos o porquê dela ser distante da família, principalmente da mãe, mas assim que o motivo é explicado, você compreende a situação e vê que uma atitude tão boba pode afetar e distanciar duas pessoas. E isso vai acontecendo à medida que mergulhamos na vida da protagonista e passamos a viver o mesmo dia ao lado dela, afinal, enxergando os defeitos e erros da personagem. O mais legal é que o espectador consegue refletir o que está vendo no filme em si mesmo e passa a se perguntar: “Será que eu dei bom dia ou será que fiz cara feia só porque estou de mau humor?”; “Será que eu magoei alguém com alguma palavra qualquer?”; “Hoje eu sorri para alguém?”; “Será que eu ajudei aquela pessoa que um dia me ajudou?”.
Pode-se dizer que o roteiro é uma mistura de Feitiço no Tempo e Se Eu Ficar. Se você já assistiu aos dois filmes, vai saber do que estou falando. Por ela ter sete chances de viver o mesmo dia, a trama não se estende e nem mostra todos esses dias, apenas os mais cruciais focando nas atitudes mais drásticas que ela toma com o intuito de descobrir o que está acontecendo para mudar o seu destino. Não vou falar o que acontece, pois seria uma grande SPOILER. Assista e descubra.
Personagens
Zoey Deutch interpreta uma delicada Sam que, no começo, o público não acredita que ela seja chata ou arrogante devido a sua delicadeza e a forma carinhosa como ela trata as suas amigas. Mas são nas pequenas atitudes da garota que percebemos suas falhas e Zoey consegue transmitir isso naturalmente e de forma progressiva. Assim que ela percebe o que realmente está acontecendo, o público passa a torcer a favor para que a personagem corrija os seus próprios erros a tempo e descubra o que realmente está acontecendo para que seu destino tenha sido traçado desta forma.
Vivida por Halston Sage, Lindsay é a melhor amiga de Sam e suas atitudes arrogantes com os outros mostram o quão problemática a sua vida é. Em vários momentos, a personagem é irritante e chata, acreditando ser a última bolacha do pacote. Mesmo quando você descobre a razão dela agir assim com as pessoas, você não se sente tão cativado por ela, já que suas ações não são tão modificadas, nem mesmo quando Sam bate de frente com ela e a faz enxergar o quão ruim ela é com os demais, até mesmo com as melhores amigas.
Elena Kampouris é Juliet Sykes, a garota quieta e estranha da escola que sofre bullyling dos demais, especialmente do grupo de Sam. O que eu não curti muito foi a forma caricata da personagem, com roupas largas e feias e um cabelo enorme jogado na cara só para retratar a sua estranheza. Achei um pouco exagerado e desnecessário. Além disso, gostaria que o filme tivesse mostrado mais sobre a vida de Juliet para entendermos como o bullying a afeta. Mesmo com essas ressalvas, Juliet é uma boa personagem e peça fundamental na trama.
Considerações finais
Se o enredo é triste e tocante, o final não poderia ser diferente. Antes Que Eu Vá é um filme que tem uma pegada teen, mas trata de assuntos importantes como bullying, morte, amigos e família com objetividade e um toque de delicadeza. Os personagens são bons, como a Sam, mas alguns poderiam ganhar um pouco mais de espaço na trama para sabermos mais a respeito dele ou dela, como é o caso de Juliet. Sem dúvida, é um filme que vai fazer os mais sensíveis chorar. Vale a pena conhecer essa história. Você vai sair do cinema um pouco mais reflexivo com relação às suas atitudes.
E aí, o que acharam do filme? Deixem nos comentários!
Ficha Técnica
Antes Que Eu Vá
Direção: Ry Russo-Young
Elenco: Zoey Deutch, Halston Sage, Elena Kampouris, Medalion Rahimi, Erica Tremblay, Diego Boneta, Logan Miller, Jennifer Beals, Liv Hewson, Kian Lawley e Nicholas Lea.
Duração: 1h38min
Nota: 8,0