Cinco cartas. Cinco amores. Um mistério: quem espalhou o segredo de Lara Jean? Antes de mergulhar nesta doce investigação, quero dizer que Para Todos Os Garotos Que Já Amei (To All The Boys I’ve Loved Before) é mais um acerto da Netflix (temos também A Barraca do Beijo e O Plano Imperfeito) e, mais do que isso, é mais um acerto no quesito adaptação literária. A diretora Susan Johnson traz uma história leve, doce, divertida e de puro amor. Sim, a obra de Jenny Han é, acima de tudo, romântica e Susan consegue transmitir esse sentimento mais fofo em forma de filme. Estou muito feliz em dizer que estou plenamente satisfeita em ver uma das minhas histórias favoritas ganhar uma adaptação tão honesta.
Tudo isso é graças não só a direção, mas também ao elenco teen que eleva o nível de interpretação, entregando uma atuação descontraída e natural, como se tudo aquilo realmente tivesse acontecendo com eles. Na trama, conhecemos nossa protagonista Lara Jean (Lana Condor), uma jovem do ensino médio que – bagunceira e sempre com o quarto em desordem – é uma adolescente apaixonada que, assim como muitas, sonha em viver uma paixão forte e verdadeira como ela lê nos livros e vê nos filmes.
Até hoje, ela viveu cinco grandes amores que, entre eles, dois se destacam: Josh, seu vizinho e melhor amigo, mas também namorado de sua irmã mais velha Margot; e Peter Kavinsky, o playboy, atleta e popular da escola, o primeiro garoto que ela beijou. Lara Jean é uma garota que sonha em viver um grande amor, porém ela guarda tudo isso dentro de si, tornando uma pessoa introvertida e as cenas que se passam na escola deixam bem claro. Quando Margot se muda para outro país para fazer faculdade e suas cartas são enviadas misteriosamente, Lara Jean se vê em apuros ao ter que lidar, real e oficial, com esses sentimentos que ela guardou por tanto tempo. Como dizer ao seu melhor amigo e namorado de sua irmã que é (ou já foi) apaixonada por ele? Como explicar aos outros pretendentes que aquelas cartas são verdadeiras, mas que aquele sentimento já é algo do passado?
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É aí que a reviravolta de Para Todos Os Garotos Que Já Amei começa, repleto de cenas românticas clichês, mas que não incomodam absolutamente em nada, divertem e ainda deixam os nossos corações ‘quentinhos’. Para mostrar que não está nem aí para Josh e nem que Margot descubra a verdade, Lara Jean inicia um ‘namoro fake’ com Peter e a graça toda está aí, pois os dois são completamente opostos, mas combinam perfeitamente. Claro que a aproximação e a mentirinha os unem e faz com que um novo sentimento nasça entre eles. Em determinado momento, é possível acreditar que o filme vá para um caminho que mostre Peter metido e como o manda-chuva da relação, mas nada disso acontece; o filme quebra esses paradigmas e entrega um personagem popular doce com sua suposta namorada, revelando um sentimento de amizade e amor natural e simples, como deveria ser com todo mundo. Noah Centíneo entrega uma interpretação boa, cuja química com Lana Condor é plena e singela, fazendo o espectador torcer por eles o tempo todo.
Outro ponto interessante do filme é a movimentação de câmera, que não hesita em estar sempre focado nos rostos dos personagens como se quisesse que o público soubesse o que realmente passa na cabeça e no coração de cada um, isso sem falar nas cenas panorâmicas, revelando cenários bonitos, seja na escola, no campo de futebol, na casa da protagonista ou na rua. Outro ponto positivo para mim é que eu tive a chance de assistir ao filme no cinema (obrigada Netflix e Intrínseca) o que tornou a experiência ainda melhor. Claro que muitos verão pelo celular, pela televisão ou computador, mas peço que escolham a melhor opção para assistir, para que vocês sintam a mesma sensação que eu, de estar dentro do filme e acompanhar a história de pertinho.
Livro X Filme
Tenho que confessar que assim que o primeiro trailer saiu, fiquei um pouco receosa uma vez que o filme foi vendido de forma descontraída demais, tirando a essência da Lara Jean que eu conheci no livro. Mas eu me enganei e estou muito feliz, pois Para Todos Os Garotos Que Já Amei ganha uma adaptação honesta que respeita os principais momentos da obra de Jenny Han, mas ganha uma perspectiva diferente e mudanças que tornam o longa ainda mais prazeroso.
Pra começar, o roteiro abre espaço para alívios cômicos muitos bons e que não são nada forçados. Você vai se divertir com pequenas atrapalhadas da protagonista; vai se emocionar ao saber sobre a história da família de Lara Jean, que mantém um laço muito forte com suas irmãs e seu pai, após o falecimento de sua mãe. No livro sabemos o que, de fato, aconteceu, mas o filme apenas menciona e não detalha, o que deixa um clima triste e ameno, mas acerta ao mirar no emocional dos personagens.
Há cenas que eu li no livro e adorei ver no filme, como a relação de Lara Jean e sua irmã Kitty; o desespero ao ver suas cartas nas mãos de seus amores; a ida ao passeio de esqui; e, é claro, a famosa cena na banheira que faz o público vibrar!
Personagens
Como disse, o que torna o filme ainda melhor é o elenco muito bem escalado. Lana Condor entrega a Lara Jean do livro e eu estou muito feliz com esse acerto. Lara é fofa, apaixonante, nerd e com um espírito dos anos 80. Ela faz citações e referências maravilhosas sobre filmes dessa época como Gatinhas e Gatões e ainda faz a gente lembrar de outros como Admiradora Secreta, Coisas de Meninas e Meninos e, até mesmo, Clube dos Cinco. Ela bagunceira e um pouco desastrada, manda bem na cozinha e ainda tem um estilo encantador que vai fazer as garotas desejarem pelo seu guarda-roupa.
Conhecida pela série Pretty Little Liars, Janel Parrish faz uma pequena participação no filme, mas o suficiente para interpretar uma adorável e madura Margot, que entrega o bastão de líder para Lara Jean, assim que se muda para outro país. Mas quem se destaca mesmo é a irmã mais nova, Kitty (Anna Cathcart), outra personagem favorita com o seu jeito ousado e despretensioso. Enquanto Lara é mais retraída, Kitty não hesita em falar as coisas na cara em um tom irônico e engraçado.
John Cobertt (Casamento Grego) também é outro acerto no elenco e adorei vê-lo como o pai das garotas. Gostaria de ter visto um pouco mais, mas as poucas cenas que ele tem com suas filhas são ótimas. Aliás, a cena dele tendo uma “conversa séria” com Lara Jean dentro do carro é sensacional! Apenas assistam. Israel Broussard (A Morte Te Dá Parabéns) também entrega um doce Josh que fica atrapalhado com os sentimentos das irmãs, mas jamais deixa de lado a verdadeira amizade que eles têm.
Outras duas que também ganham espaço é a amiga de Lana, a divertida Chris (Madeleine Arthur) e a rival Genevieve (Emilija Baranac), que vai irritar e causar na vida de Lara, mas essa é a sua função.
Considerações finais
Para Todos Os Garotos Que Já Amei é uma comédia romântica que acerta em tudo: na história, adaptação, no elenco, nas cenas clichês e em um desfecho fofo, emocionante e divertido. A Netflix acertou mais uma vez e pode acertar de novo se este filme ganhar uma continuação do mesmo nível pra melhor, já que são três livros.
Ficha Técnica
Para Todos Os Garotos Que Já Amei
Direção: Susan Johnson
Obra: Jenny Han
Elenco: Lana Condor, Janel Parrish, Noah Centíneo, John Cobertt, Israel Broussard, Anna Cathcart, Madeleine Arthur, Emilija Baranac, Andrew Bachelor e Jordan Burtchett.
Nota: 9,0