A construção do amor, a luta, perda e sobrevivência é o que torna Vidas à Deriva (Adrift) um filme romântico e dramático na medida certa, pegando os mais sensíveis desprevenidos. Mais do que isso, o filme de Baltasar Kormákur é uma homenagem bonita sobre uma história triste.
Baseado em uma história real do livro Red Sky in Mourning: A True Story of Love, Loss and Survival At Sea, de Tami Oldham Ashcraft, a trama acompanha Tami (Shailene Woodley) e Richard Sharp (Sam Claffin) que se conhecem no Taiti e iniciam um romance bonito, pleno e único. Após meses vivendo um amor intenso, Richard recebe a proposta de um casal de amigos para levar o veleiro até a Califórnia, contrariando um pouco as expectativas de Tami que não imaginava retornar para casa tão cedo. Mas apaixonados, um não deixaria o outro para trás e, assim, partem para uma viagem até a costa do Pacífico. No entanto, eles não poderiam prever que estariam navegando diretamente para um dos furacões mais catastróficos da história. Ao término da torrencial tempestade, ficando inconsciente por 27 horas, Tami desperta e parte em busca de Richard. Ao encontrá-lo gravemente ferido e com o barco em ruínas, Tami começa a imaginar o que pode acontecer com eles. Sem esperança de resgate, ela precisa encontrar força e determinação para salvar a si mesma e o único homem que já amou.
O filme desenvolve a história em uma narrativa não-linear em que o público acompanha a construção e o envolvimento dos personagens em flashbacks, enquanto a tragédia e a sobrevivência se passam no tempo presente. Claro que quem já conhece a verdadeira história, sabe muito bem o que esperar em seu desfecho, no entanto a essência que faz Vidas à Deriva ter o seu toque especial é o amor, principal elemento trabalhado no roteiro. Pode ser que alguns não gostem do ‘vai e vem’ dentro da narrativa, caminhando entre o passado e presente, no entanto, achei que a estrutura e a montagem estão boas e bastante compreensíveis.
Logo nas primeiras cenas o espectador fica ciente de que o acidente já aconteceu e o extinto de sobrevivência vai começar, mas enquanto isso voltamos no tempo para conhecer Tami e Richard e a paixão que se aflora rapidamente, cuja credibilidade é genuína e nada forçada. Não dá pra negar que Shailene Woodley e Sam Claffin são nomes de peso e que ajudam muito a alavancar o filme, no entanto, eles provam que a química entre eles funcionam ao entregar um casal pra qual você admira e torce pelo amor, mesmo sabendo o que está por vir.
Sessão Pipoca: A Morte do Superman
Com relação à interpretação, há duas pequenas coisas que ficam a desejar, mas são mínimas e que não prejudicam o filme: o primeiro é o fato de Richard ser um velejador veterano, mas não ter características físicas que condizem com o seu trabalho, como o fato dele não ser bronzeado. Pode ser exagero da minha parte? Sim, mas isso mostra certo descuido da parte da produção. Segundo, há momentos em que Shailene Woodley exagera nas expressões e reações, especialmente nas cenas em que está sozinha, o que torna o momento um pouco forçado e diminui a credibilidade da cena para o público.
Os momentos de tensão em alto mar, que culminam no ápice da tempestade e nas assustadoras ondas de quase 15 metros de altura – efeitos especiais muito bons, por sinal – criam um clima de agonia, angústia e medo, o que dá um tom realista e impactante às cenas. Uma coisa muito é interessante e que vale a pena mencionar é a maquiagem dos atores, após dias em alto mar. Está real e muito bom.
Minissérie Maniac ganha trailer, pôster e novas imagens
A reviravolta é o ponto alto e crucial do filme e, assim que ela acontece, a emoção aflora, a sensibilidade aumenta e a vontade de chorar é completamente compreensível.
Mesmo com uma ressalva e outra, Vidas à Deriva traz um bom roteiro e entrega uma dupla de atores cuja química é natural na tela. É um filme bonito e dramático não só por contar uma história que realmente aconteceu, mas também por celebrar um amor genuíno que viveu e sobreviveu no seu tempo.
Ficha Técnica
Vidas à Deriva
Direção: Baltasar Kormákur
Elenco: Shailene Woodley, Sam Claffin, Jeffrey Thomas e Elizabeth Hawthorne.
Duração: 1h38min
Nota: 7,3