Você se atreve assistir O Manicômio (Heilstätten), um filme de terror que se passa em uma enorme casa abandonada e infestada de atividades sobrenaturais? Não sei vocês, mas alguns youtubers desafiaram os seus medos e resolveram passar 24 horas dentro deste mausoléu. Mas mal sabiam eles que o pior estava por vir, o que faz deste filme um terror divertido justamente por não se levar a sério, fazendo com que os jumps scares, bons movimentos de câmeras e o grande plot twist funcionem.
Dirigido por Michael David Pate, a trama apresenta quatro youtubers de sucesso (e seus amigos/ajudantes) com canais de pegadinha pesada, maquiagem/lifestyle e vlogs pessoais. Entre competições e rixas para saber quem ganha mais curtidas, inscritos e faz mais sucesso na internet, eles lançam o desafio de passar 24 horas em um manicômio alemão abandonado desde a 2ª Guerra Mundial, com a fama aterrorizante de ter atividades paranormais pelos corredores e quartos, fazendo com que qualquer um que entre ali jamais encontre a saída.
O grande problema é que nem todos sabem a verdade sobre o local. A estância de saúde Grabowsee tratava pessoas com tuberculose pulmonar, que eram usadas em experimentos e torturas mortais na época nazista. Todas as vítimas deixaram uma marca, remorso, raiva, dor e sofrimento. Entre elas, destaca-se uma mulher que transforma as 24 horas as piores possíveis para o grupo.
O Manicômio ganha pontos por não ser um terror que se leva a sério. O roteiro é satisfatório e não há nenhuma atuação excepcional, no entanto, o filme funciona bem do começo ao fim ao explorar cada canto do manicômio, utilizando bons movimentos de câmera, como por exemplo, ela estar nas mãos dos personagens, focada em seus rostos e balançando de acordo com o movimento corporal, o que causa agonia e desespero em quem está assistindo. É possível até lembrar de filmes como A Bruxa de Blair e Atividade Paranormal. Além disso, tal técnica até amplifica a experiência dos youtubers com os tipos de ferramentas que vão usar no local escuro, como câmeras térmicas, visão noturna e aparelhos para enxergar marcas não vistas a olho nu. Ou seja, o público não está acompanhando amadores.
À medida que os personagens e o espectador adentram no local, a atmosfera de suspense e terror vai crescendo a cada corredor e quarto sujos, além dos barulhos misteriosos. Os bons jumps scares se encontram nessas sequências em meio à escuridão, criando expectativas de que algo ruim vai acontecer a qualquer momento. Além de explorar bem o espaço, o filme sabe aproveitar os objetos do manicômio, como a banheira, o holofote que pisca repentinamente, o pônei de madeira que se mexe sozinho, as batidas de portas e janelas, o movimento brusco das correntes do elevador, entre outros.
Claro que o desafio e a paranoia que crescem no local transformam o comportamento do grupo que, mesmo com medo, não deixam o lado ‘youtuber’ para trás, afinal, o objetivo de passar por tudo isso é viralizar na internet. Aqui, o filme cutuca com provocações sobre o papel do produtor de conteúdo que, muitas vezes, só se importa com o número de seguidores e ‘likes’ contribuindo, assim, mais para estupidez da juventude do que o conhecimento. E isso é bem exemplificado pelo canal de pegadinhas feito por Chris e Charly e as futilidades no canal da Betty. Já Marnie usa desse momento tenebroso para desmentir alguns fatos e revelar outros que contribuem para o grande ápice da história.
Com ataques brutais, desaparecimentos repentinos e a loucura de não saber mais o que é realidade e imaginação, O Manicômio finge que vai caminhar para um desfecho previsível e monótono, mas entrega um plot twist que pode deixar os espectadores de queixo caído, uma reviravolta que causa perplexidade tamanho o absurdo que é, mas funciona bem. E não para por aí, pois há uma pequena reviravolta dentro do plot twist, entregando um desfecho mais macabro e vingativo.
Considerações finais
O Manicômio funciona por não se levar a sério e entregar um terror cujo roteiro e personagens são satisfatórios, o cenário é bem explorado, as técnicas e movimentos de câmera contribuem para a criação da atmosfera de suspense e os jump scares, entregando uma reviravolta que surpreende. Além disso, faz uma rápida e afiada crítica sobre produtores de conteúdo inúteis da internet.
Pode até ser um filme esquecível, mas diverte, assusta e surpreende no final.
Ficha Técnica
O Manicômio
Direção: Michael David Pate
Elenco: Sonja Gerhardt, Nilam Farooq, Emilio Sakraya, Davis Schulz, Tim Oliver Schultz, Maxine Kazis, Lisa-Marie Koroll, Farina Flebbe e Timmi Trinks.
Duração: 1h29min
Nota: 6,7