Moxie: Quando As Garotas Vão à Luta é a nova produção da Netflix que retrata o início da revolução feminina dentro de uma escola. É um filme que ganha um tom divertido sem menosprezar a crítica à cultura sexista que vemos entre os adolescentes e a forma como os adultos podem camuflar situações graves. É uma história boa, empoderada e com boas intenções, mas que derrapa no final ao abordar um tema pesado com superficialidade. Mesmo assim não deixa de ser uma trama interessante e que vale a pena assistir.
Baseado na obra de Jennifer Mathieu e dirigido por Amy Poehler, Moxie: Quando As Garotas Vão à Luta acompanha a protagonista Vivian, uma adolescente que tem uma vida tranquila, é tímida e gosta de ficar na dela. Após as férias de verão, ela retorna para mais um ano na escola, mas, desta vez, as coisas mudam quando ela conhece a nova aluna Lucy (Alycia Pascual-Pena), uma garota negra que tem opinião forte e não abaixa a cabeça para ninguém, especialmente para Mitchell Wilson, atleta popular da escola, que faz piadas infames, é machista e usa da sua popularidade para diminuir os demais, especialmente as garotas.
Ao presenciar um momento desconfortável e horrível, Vivian começa a notar o grau do status sexista e tóxico na escola, principalmente quando uma lista que objetifica as garotas é publicada. Ao conversar e descobrir que sua mãe era rebelde na adolescência e sempre protestava a favor das coisas certas para as mulheres, Vivian cria o Moxie, um grupo revolucionário feminista em que aponta os erros e luta pelos direitos das garotas. Ao distribuir folhetos anonimamente, uma revolução raivosa se inicia na escola.
A direção de Amy Poehler é muito boa e a temática abordada no filme é incrível. A forma como o feminismo é retratado na história ganha equilíbrio em que vemos momentos divertidos e românticos misturados a protestos pacíficos e com força. O grupo Moxie nasce a partir do momento em que as garotas demonstram cansaço e frustração diante do desrespeito, machismo e autoridade do grupo masculino que é camuflado por regras estúpidas da escola juntamente com a falta de posicionamento dos adultos responsáveis como a diretora Shelly (Marcia Gay Harden) e o professor Sr. Davies (Ike Barinholtz).
O estopim é a publicação da lista infame que reduz as garotas apenas a partes do corpo ou a facilidade em aproximar delas, como por exemplo, ‘a garota com os maiores seios da escola’; ‘a garota com a maior bunda’; ‘a garota mais obediente’; “a garota mais pegável’ e assim por diante. Consequentemente, as punições são dadas para as alunas e não para quem fez a lista, como na cena em que vemos uma das meninas levando uma punição por não vestir uma roupa que lhe cubra melhor.
À medida que essas punições acontecem, o grupo Moxie cresce, levantando a voz das garotas, o que inicia uma revolução feminina. A partir daqui elas começam a lutar por seu espaço e seus direitos, seja para vestir uma blusa qualquer sem ser humilhada ou objetificada pelos corredores ou concorrer a uma bolsa para a faculdade, competindo com os atletas favoritos como Mitchell.
Crítica – Para Todos Os Garotos: Agora e Para Sempre
Enquanto tudo isso acontece, apenas o espectador sabe que Vivian (Hadley Robinson) é quem criou o grupo, enquanto as garotas seguem sem saber a identidade da criadora do Moxie. A personagem cresce na história, evolui muito diante de como ela começa na trama, com direito a um romance fofo. Porém, ela comete erros – como acontece com várias protagonistas dos filmes – e erra a mão na hora militar, especialmente com a melhor amiga Claudia (Lauren Tsai), que se sacrifica por ela em determinado momento da história; e com sua mãe Lisa, que não sabe o que está realmente acontecendo com a filha na escola. São momentos bons e que dão um ótimo gás no filme, especialmente para o final.
Mitchell Wilson (Patrick Schwarzenegger) é a incorporação do machismo e sexismo do filme. Ele tem as piores atitudes e se camufla na falsidade e na pele do bom moço, vítima de um grupo revolucionário que o desmoraliza, enquanto nos bastidores, ele desdenha de tudo e mostra sua verdadeira face.
As demais personagens são ótimas com destaque para Claudia, melhor amiga de Vivian, que no começo tem receio ao se juntar ao grupo, mas quando ingressa nessa luta, é fiel até o fim e briga quando é necessário para abrir os olhos de Vivian. Lucy é quem dá o ponta pé inicial de tudo, dá força ao grupo e espaço para as vozes das outras garotas. Já Seth (Nico Hiraga) é o primeiro garoto a se posicionar e ser a favor ao grupo Moxie.
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O único problema de Moxie: Quando As Garotas Vão à Luta é na reta final, quando o filme aponta um problema muito grave que acontece com a líder de torcida Emma (Josephine Langford), em que ela só revela nos minutos finais. Infelizmente, esse assunto fica mal resolvido e superficial, uma vez que ele deveria ter sido abordado no meio da história para ganhar um desenvolvimento melhor. O filme até entrega uma resolução aparentemente justa, mas ainda assim, a temática perde força por ter sido mal abordada.
Considerações finais
Moxie: Quando As Garotas Vão à Luta mostra uma revolução feminina equilibrada e bem-intencionada diante da atmosfera sexista e machista da escola. A trama ganha um bom desenvolvimento com personagens fortes e empoderadas, mas derrapa no final ao abordar um assunto importante e pesado de forma superficial e desleixada. Mesmo com essa ressalva, o filme não perde o seu bom mérito e vale a pena conhecer a história.
Ficha Técnica
Moxie: Quando As Garotas Vão à Luta
Baseado no livro da autora Jennifer Mathieu
Direção: Amy Poehler
Elenco: Hadley Robinson, Amy Poehler, Lauren Tsai, Alycia Pascual-Pena, Nico Hiraga, Patrick Schwarzenegger, Josephine Langford, Sabrina Haskett, Sydney Park, Marcia Gay Harden, Ike Barinholtz e Joshua Walker.
Duração: 1h51min
Nota: 7,3