Besouro Azul (Blue Beetle) é o novo filme da DC que chega aos cinemas chamando a atenção não por ser mais um filme de herói, mas por termos a atriz brasileira Bruna Marquezine co-estrelando ao lado de Xolo Maridueña, na qual ambos são os pilares deste filme. No geral, posso dizer que esta nova produção é um dramalhão heroico que se divide entre pontos positivos e negativos. Mesmo com observações a se fazer, é um longa que serve entretenimento e pode até ser considerado um filme de herói sessão da tarde para assistir, relaxar e desligar a mente. E vou te dizer o porquê.
Com direção de Angel Manuel Soto, Besouro Azul apresenta Jaime Reyes que, recém-formado na faculdade, volta para casa cheio de expectativas para o futuro, mas logo descobre que seu lar não é mais o mesmo e sua família enfrenta sérios problemas financeiros.
Enquanto tenta encontrar um jeito de ajudar as pessoas que amam e buscar pelo seu propósito no mundo, o destino intervém e faz chegar às mãos de Jaime uma antiga relíquia da biotecnologia alienígena. Quando o Escaravelho escolhe Jaime como seu hospedeiro simbiótico, sua vida muda para sempre. Com uma incrível armadura que lhe dá poderes extraordinários, Jaime se torna o super-herói Besouro Azul. Agora, o rapaz terá que encarar a nova realidade, aprender a lidar com os poderes e a força, enquanto enfrenta uma empresa e sua líder obcecada em transformar o Escaravelho em uma grande arma.
Besouro Azul não é inovador, nem genial, nem obra-prima, muito menos você sairá impactado do cinema por ter visto algo completamente diferente. Calma, não estou querendo menosprezar o filme, mas é preciso dizer que o longa entrega a fórmula narrativa genérica dos filmes de super-herói na qual conhecemos o protagonista, o seu primeiro contato com o poder, a jornada do herói, a sua grande motivação, o vilão a ser enfrentado, perdas e como destino será traçado daqui para frente.
Sim, já vimos isso em vários filmes de heróis que apresentam a origem do seu protagonista e Besouro Azul não foge da tradicional narrativa. Mas, existe algum diferencial? A resposta é sim. O novo longa da DC é feito especialmente por latinos e para os latinos, trazendo uma forte representatividade para dentro do universo heroico, o que deixará muitos felizes com isso.
Toda a trama é movimentada pela família Reyes e sua luta para ter uma vida boa e encontrar oportunidades quando portas são fechadas. Aliás, posso dizer que a maior motivação do protagonista é a família. Jaime quer ajudar cada membro e, quando o escaravelho o escolhe e lhe transforma em um herói forte e tecnológico, notamos que, à primeira vista, ele não quer este caminho, mas aceita o destino, conhece o seu propósito e usa para proteger quem ele mais ama.
Sim, todos os personagens que compõe a família Reyes são pilares importantes da história de Besouro Azul, mostrando uma união forte, mesclado com a cultura latina na qual vemos uma comunidade unida em que a gentileza e generosidade fazem parte do sangue.
Claro que o filme aplica uma dose exagerada de drama, não é à toa que Besouro Azul pode ser chamado de dramalhão heroico, uma vez que a narrativa se apoia em um tom dramático elevado, como se estivéssemos assistindo a uma novela mexicana, com direito a choros, falatórios, momentos bregas e, é claro, diálogos divertidos e bons, mas usados até mais que o necessário em algumas ocasiões. Aliás, o filme faz referências divertidíssimas a novela Maria do Bairro, Maria Mercedes (com a incrível Thalía) e a clássica série Chapolin, o que dá aquele toque especial.
Do núcleo familiar, todos são importantes e tem seu tempo de tela, como a irmã Milagro (Belissa Escobedo) que faz piadas e está sempre ao lado do irmão, ajudando-o desde o início; os pais com destaque para o pai Alberto (Damián Alcázar), figura admirável de Jaime que o ajuda a encontrar o seu propósito; a vovó (Adriana Barraza), que surpreende quando conhecemos seus verdadeiros talentos radicais; e o tio Rudy (George López), que ajudará sobrinho a enfrentar o caos e lidar com a responsabilidade de ser um herói. É um personagem bem caricato e exagerado e, talvez, nem todos irão gostar dele.
Assim como em todo filme de herói, temos um vilão a ser combatido, e aqui em Besouro Azul conhecemos a empresa Kord, antes comandada por Ted Kord que, atualmente, se encontra desaparecido. Agora, o império está sob o comando da irmã, Victoria Kord, que está transformando toda a cidade em um conglomerado futurístico, passando por cima de pequenas comunidades que são fortes pela região, um dos pontos principais que abala a família Reyes.
Ao colocar as mãos no Escaravelho, Victoria que transformar este objeto em uma grande arma de segurança, mas até que ponto isso realmente será seguro e com quais intenções? E quem vai contra este plano é Jenny Kord, sobrinha de Victoria e filha de Ted, uma vez que a jovem quer continuar o legado do pai e vai contra os princípios malignos da tia. Para isso, Jenny toma a radical decisão de roubar o Escaravelho e, a partir, daí já sabemos o que acontece.
Crítica: Vermelho Branco e Sangue Azul
Outro ponto a se notar é que Besouro Azul se debruça bastante em cenários e efeitos especiais tecnológicos satisfatórios, seja na cidade futurística sendo transformada e, é claro, no próprio uniforme do super-herói repleto de dispositivos desde espadas, facas, até armas explosivas, com direito ao suporte dado ao Jaime para lutar e se defender (o que achei bem legal). Aliás, gosto como a uniforme se desenha e molda ao corpo do personagem.
O que posso dizer com relação ao antagonismo apresentado é que Besouro Azul apresenta uma vilã bastante genérica, sem inovações ou algum ponto que possa ser um diferencial em sua construção. A atriz Susan Sarandon é incrível, adoro suas atuações, mas aqui ela entrega o mais básico de uma antagonista, que aparece até menos do que o esperado, apenas para falar frases de efeito e dar comandos para outros façam o trabalho sujo. Isso é uma grande pena e um potencial desperdiçado.
Junto a vilã, temos o vilão Carapax (Raoul Max Trujillo), um ex-soldado cujo corpo foi modificado roboticamente com o objetivo de se tornar o protótipo da grande arma com os poderes do Escaravelho. A ideia é até legal, sem novidades, servindo apenas como um obstáculo maior e mais forte para o protagonista enfrentar.
Mas sabe quem é o outro pilar que segura a história de Besouro Azul? A dupla Bruna Marquezine e Xolo Maridueña que esbanjam uma química estonteante na tela com os seus personagens.
Devo dizer que estou muito feliz e orgulhosa com o trabalho de Bruna Marquezine, que estreia em Hollywood como co-protagonista em um filme da DC, e não apenas uma mera participação especial como havia imaginado. Bruna entrega uma Jenny Kord determinada, focada em dar continuidade ao legado do pai e disposta a enfrentar o que for possível para fazer o certo. Jenny recupera o significado de família ao conhecer a família Reyes e reconectar com este carinho e apoio que lhe dão, mesmo quando as coisas dão errado.
Jenny também sai da sua armadura quando revela sua vulnerabilidade ao Jaime ao falar sobre seus pais em uma cena sensível, na qual Bruna só confirma que atriz/ator brasileiro sabe chorar bem na atuação! Se tem uma coisa que ator brasileiro sabe fazer bem é chorar em cena. Aliás, a atriz tem uma ótima dicção falando inglês, sem tropeços, sem tom robótico ou inseguro. Está incrível.
E Jenny e Jaime funcionam do início ao fim graças à química charmosa de Bruna e Xolo, na qual eles provaram desde o início fora das telas e a confirmação se consagra no filme. Impossível não shippar os personagens, mas mais do que isso, o espectador torce para os dois em todos os momentos. Sinceramente? Você assiste Besouro Azul por causa deles.
Já Xolo Maridueña está super confortável no papel e entrega um herói em início de carreira, já que o próprio não esperava tal destino. Jaime é um Besouro Azul amador que conta muito com a ajuda da armadura e da inteligência artificial (com a voz de Becky G), mas a sua motivação em ir até o fim e lutar por quem ama vem da sua família, enaltecendo os seus princípios sólidos, que é o que faz ele se tornar um herói de verdade. Mas ainda há muito chão pela frente para Jaime descobrir e desfrutar.
Considerações finais
A reta final de Besouro Azul é o supra sumo do clichê heroico, com o protagonista enfrentando pela última vez seus inimigos, rumo à vitória. Claro que Jaime Reyes não faz isso sozinho e recebe a ajuda de sua família, mesmo depois de encarar perdas tristes. O recomeço será difícil, mas a ajuda vem da comunidade e até outros lugares improváveis. O caminho foi aberto e Besouro Azul tem uma jornada e tanto pela frente.
Besouro Azul não é um filme perfeito, tem falhas e entrega um roteiro bem genérico e uma fórmula narrativa nada inovadora. Mas cativa por sua representatividade latina e personagens carismáticos com grande destaque a Bruna e Xolo, os maiores pilares deste filme.
******CONTÊM SPOILERS******
Cenas pós-créditos
Besouro Azul contêm duas cenas pós-créditos. A primeira ouvimos um recado que chega na sala secreta da mansão Kord. A voz revela que Ted Kord, pai de Jenny, está vivo. Mas não revela onde ele está. Tal cena pode fazer conexão a futuros lançamentos do novo universo da DC de James Gunn.
A segunda cena é bobinha e divertida ao trazer uma cena engraçadinha da série animada Chapolin.
Ficha Técnica
Besouro Azul
Direção: Angel Manuel Soto
Elenco: Xolo Maridueña, Bruna Marquezine, Susan Sarandon, George López, Belissa Escobedo, Adriana Barraza, Damían Alcázar, Elpidia Carrillo, Raoul Max Trujillo e Harvey Guillén.
Duração: 2h07min
Nota: 3,0/5,0