O episódio 20 intitulado ‘Splinter’ de The Walking Dead trouxe momentos até empolgantes, focou em um único personagem, entregou informações interessantes e que podem até ajudar no futuro, porém, não explorou um ponto principal que plantou a semente na cabeça dos fãs desde o último episódio exibido em outubro. No geral, este episódio começou um pouco chato, mas rendeu bons frutos na próxima temporada.
Desta vez, acompanhamos o grupo com Eugene, Yumiko, Ezekiel e Princesa que estavam a caminho para encontrar uma possível nova civilização. Para quem não se lembra, Eugene manteve contato com Stephanie, a mulher do rádio que, no final, revela a localização de onde estaria. No meio da viagem, o trio conhece a Princesa e já nota o quanto a personagem é diferente e peculiar por um ponto importante: todos estes anos ela se manteve isolada, sem contato com ninguém. Mas mesmo assim, o grupo a acolhe para irem a este encontro que, no fim das contas, torna-se uma armadilha.
The Walking Dead: review do episódio 19 da 10ª temporada
Ao chegar na estação dos trens, o quarteto é surpreendido por um grupo de soldados com armaduras brancas sem revelar qualquer vestígio de suas identidades. Na tentativa de fugir, Princesa tenta atacar, mas falha e ainda faz Yumiko ser atingida por um dos soldados. Assim, cada um fica preso em um vagão, isoladamente.
Quem é a Princesa?
É a partir deste ponto que o episódio se alinha a acompanhar somente um personagem, no caso, a Princesa, revelando seu ponto de vista sob o que poderia estar acontecendo em sua volta e deduzir quem seriam os soldados brancos.
Por um lado, o episódio é positivo por focar na Princesa e revelar pontos interessantes sobre a personagem e como o seu passado afetou o seu destino. No vagão, ela conversa com a Yumiko na tentativa de ajudá-la a ter forças para não pensar no machucado. Neste momento, a personagem conta como era sua relação com a mãe e o padrasto, revelando ter um sentimento de mágoa, por um dia, ter sido ferida pelo padrasto e ter recebido o desprezo da mãe, o que implanta no subconsciente da Princesa que o conceito de família é uma ilusão, uma mágoa, uma desunião. Mas a gente sabe que há vários tipos de famílias e nem todos são assim, certo?
À medida que o episódio entrega informações sobre a Princesa, além do que já sabemos dela anteriormente, o espectador compreende como o mundo pré e pós-apocalítico afetou a personagem. Quando a Princesa aparece na história, pela primeira vez, o público descobre que ela se manteve sozinha todo esse tempo, tendo apenas os mortos como companhia no dia a dia. Lembram das cenas em que o trio encontra os walkers com roupas, chapéus e até colocados em cadeiras e mesas?
Junto com a informação sobre a sua família, é até possível chegar a uma conclusão de que a personagem, talvez, tenha escolhido ficar sozinha com medo de se aproximar de alguém e se machucar, como ela foi machucada pela própria família. Mas os anos de solidão afetaram seu psicológico e emocional, o que faz o episódio entregar cenas boas e que vão confundir, mas também, entender o que se passa na cabeça da personagem.
Realidade vs imaginação
Focado apenas em uma única personagem, The Walking Dead mostra somente o ponto de vista da Princesa presa dentro do vagão, enquanto tenta encontrar um jeito de sair dali e ajudar os seus amigos. Ela até acha uma saída e consegue conversar com Eugene, que lhe convence a voltar para não irritar os soldados, uma vez que eles possam ser pessoas do bem e, até mesmo, sejam da comunidade da mulher do rádio.
Enquanto tenta encontrar um jeito de sair desta situação, vemos que a Princesa ficar extremamente incomodada com um fiapo que entrou em seu dedo e a forma como fica atordoada com isso mostra que ela sofre de extrema ansiedade e TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade), o que é confirmado por ela mesma. Para controlar a sua inquietude, impulsividade e desatenção dentro de um vagão que lhe sufoca e tira do sério, ela começa a contar os passos e a falar nomes das cidades em ordem alfabética com o objetivo de acalmar a sua mente.
Primeiras impressões de Falcão e o Soldado Invernal
É aqui que o episódio começa a brincar com o que é real ou não. Enquanto se acalma e tenta encontrar um jeito de salvar seus amigos, Ezekiel escapa e invade o vagão para lhe resgatar. Os diálogos entre os dois são bons e com palavras duras, mas as entrelinhas indicam um truque, algo equivocado e que não combina com Ezekiel.
Quando um soldado entra para deixar a comida, Ezekiel surpreende e o coloca como refém, batendo no rapaz compulsivamente, até que o episódio revela a verdade: Ezekiel nunca entrou no vagão. As ações e conversas são frutos do subconsciente da Princesa que a coloca contra parede diante das suas próprias atitudes e dos seus pensamentos.
É nesta hora que passamos a entender um pouco mais a personagem que, de um lado, se sente feliz e acolhida por ter encontrado pessoas do bem; do outro lado, está receosa em acreditar em algo que aconteceu tão facilmente. Será que eles são pessoas boas ou serão mais um que irá machucá-la mais uma vez?
O papel do Ezekiel dando vida ao subconsciente da Princesa é muito legal, não só por enganar o espectador, mas também por falar em voz alta os medos, as dúvidas e inseguranças da personagem: será que se a Princesa for embora vão sentir falta dela? Seria egoísmo da parte dela deixar os outros para trás? Ela realmente considera Ezekiel, Yumiko e Eugene amigos, mesmo tendo conhecido o trio apenas há três dias? Se fosse o contrário, será que eles a deixariam para trás?
Mesmo com um turbilhão pensamentos, Princesa toma a decisão em ajudar quem lhe acolheu, cedendo ao soldado e entregando algumas informações a fim de amenizar a situação. No entanto, o episódio acaba com todos encapuzados sendo levados para outro lugar. Mas qual?
Quem são os soldados?
Mesmo entregando um arco interessante e informações relevantes sobre a Princesa, The Walking Dead não fez questão de revelar detalhes sobre os soldados brancos. Quem eles são? De que comunidade eles pertencem? Eles seguem alguma crença?
Mesmo no diálogo entre o soldado e a Princesa, confesso que não acreditei em nenhuma palavra que o rapaz disse, o que aumenta ainda mais a desconfiança com relação ao caráter deste grupo. E isso fica ainda mais complicado na cena em que um dos soldados interroga a Princesa, ressaltando uma personalidade agressiva e violenta. Difícil crer que existe algum ato de bondade da parte deles depois desta entrevista, hein? E se existe, eles vão ter que provar.
Crítica: Cherry – Inocência Perdida
Mesmo sem respostas, quem for pesquisar irá descobrir que nas HQs de The Walking Dead, estes soldados brancos fazem parte da chamada Commonwealth, uma grande cidade que abriga 50 mil habitantes e funciona como se o apocalipse zumbi não existisse mais.
Como esta história faz parte do arco final de The Walking Dead nas HQs e a 11ª temporada será a última da série, então é possível que o programa adapte fielmente esta trama e, nos futuros episódios, os personagens irão conhecer Commowealth e tudo o que há por trás desta grande e enigmática cidade.
O que acharam deste episódio de The Walking Dead?