Neste episódio 19 da 10ª temporada, intitulado ‘One More’, The Walking Dead traz mais uma dupla para o público acompanhar nesta jornada de sobrevivência após a última guerra. No entanto, este episódio é mais reflexivo, revelando como os personagens analisam e observam as pessoas diante deste novo mundo pós-apocalíptico. Será que ainda há salvação mesmo que o normal não retorne mais?
Desta vez, acompanhamos Aaron e o Padre Gabriel que saem de Alexandria em busca de comida e ferramentas para reabastecer a comunidade devastada após a guerra com o Sussurradores. Há duas semanas longe de casa, nota-se o cansaço pela busca, a frustração por não encontrar alimentos suficientes e a falta de paciência ao ter que lidar com os walkers no caminho. Aaron sente falta de casa e da filha Gracie; Gabriel também sente falta da filha, mas sabe que é preciso explorar mais um pouco, e falta apenas um local marcado no mapa que Maggie entregou: a Torre de Água.
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Nesta caminhada, Aaron e Gabriel notam um padrão estranho e trágico: casas destruídas e queimadas com pessoas dentro. Eles notam que famílias moravam ali, pela forma como os esqueletos são encontrados, retratando ser mãe, pai e filhos, o que faz eles questionarem quem poderia ter feito isso. Uma teoria? Os Ceifadores, já que o mapa é da Maggie, além dela conhecer essa facção que ataca comunidades a sangue frio. Ou pode ser apenas uma fuga para dar o fim nesta vida pós-apocalíptica. Quem sabe?
A partir desta paisagem triste, a busca intermitente por comida, a saudade do lar e por tudo o que já passaram, Aaron e Gabriel iniciam uma conversa interessante, reflexiva e filosófica sobre o bem e o mal. Ao passar a noite em um galpão abandonado, eles encontram um javali preso (essa cena é sensacional) para alegria deles, afinal, eles encontraram comida. Entre um pedaço de carne, um gole de bebida e a distração com o jogo de cartas, eles começam a relembrar como iniciaram suas jornadas neste mundo pós-apocalíptico. De um lado, tínhamos o Aaron que, na época, procurava por pessoas para levar até Alexandria, é desta forma que o grupo de Rick conheceu a comunidade, lembram?
Do outro lado, tínhamos Gabriel, que desde cedo pregou sobre a palavra de Deus aos seus fiéis com o objetivo de criar uma conexão com as pessoas e estar presente para os mais necessitados, uma grande lição que ele aprendeu com o seu mentor que, inclusive, ele conta esta história no episódio. Além disso, lembram como conhecemos o Padre Gabriel, lá pela 3ª temporada? Um homem medroso e receoso diante do mundo pós-apocalíptico, que evoluiu a cada temporada, especialmente ao lado de Rick Grimes.
É no famoso “papo de bêbado” que Aaron diz que ambos, e todos da comunidade, ainda estão marcados e traumatizados pelo que passaram com o Sussurradores, fazendo Gabriel soltar a seguinte frase: o mal não é a exceção e, sim, a regra. Por mais equivocada possa ser esta frase, neste momento, será que Gabriel está completamente errado? The Walking Dead vem apresentando antagonistas que utilizam do mal como o grande poder para controlar todos aos redor, tornar as pessoas submissas, além de pregar conceitos e crenças que são absurdas aos outros. O Governador, o Terminal, Salvadores, Sussurradores e, em breve, os Ceifadores são ótimos exemplos em que a pessoas usam o mal como poder e para sobreviver, o que faz a série entregar outro questionamento: as pessoas foram corrompidas para sempre ou ainda há salvação? Ainda é possível fazer o antigo trabalho de Aaron e dar uma chance às pessoas desconhecidas? Ainda é possível criar uma conexão com as pessoas como Gabriel fazia com a palavra de Deus?
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É no meio de toda essa reflexão que temos o exemplo perfeito da pessoa corrompida e o mal que a domina. Ao acordar, Gabriel é surpreendido por um homem que faz ele e Aaron de reféns. Ao colocá-los frente a frente, o homem ordena que eles joguem roleta-russa com uma arma, contendo apenas uma bala, obrigando que eles façam uma escolha: atirem em si mesmos ou atirem um no outro, afim de que despertem o mal dentro deles.
É uma cena tensa e intensa, pois o espectador teme que um dos personagens morra de forma estúpida e pelas mãos de um desconhecido. Mas a verdade é que a aparição deste homem é o retrato ideal da pessoa corrompida pelo mundo pós-apocalíptico, que apenas enxerga o mal em todas as pessoas. Isso é confirmado quando o homem conta à Aaron e Gabriel que, no passado, matou o irmão e a família por causa da comida.
Mas ao observar as intenções do homem e levá-lo na lábia de que ainda poderia ter uma nova chance, o homem diz que seu nome é Mays, na tentativa da série tentar humanizá-lo. Porém, Gabriel o mata friamente, uma cena que é inesperada e até assusta, mas que faz o público entender que aquele homem não tinha mais chance.
É isso é confirmado quando Aaron questiona como o homem havia escutado a conversa deles durante à noite, já que, supostamente, eles estariam sozinhos. Assim, eles encontram o sótão e descobrem que Mays manteve o irmão vivo até hoje. Ou seja, a vingança pela traição foi matar a família toda na frente do irmão e deixar ele viver com essa culpa por ter traído um membro da família. Finalmente, quando ele vê a chance de se libertar, o irmão opta em se matar para reencontrar a família e, é claro, colocar um ponto final na culpa e ter paz. Detalhe, quando a cena foca em uma foto, descobrimos que eles eram irmão gêmeos.
Crítica: After – Depois da Verdade
Depois de uma noite tão conturbada, Aaron e Gabriel decidem continuar a caminhada, já avistando a Torre da Água. Com tudo o que aconteceu, os personagens compreendem que, mesmo o mal ainda dominando este mundo, tal sentimento não pode se tornar uma regra unânime. É preciso continuar lutando para que mais pessoas ganhem uma nova chance e não sejam corrompidas para sempre.
O que vocês acharam deste episódio de The Walking Dead?