The Good Doctor é a primeira série médica a retornar nesta fall season 2020 e a primeira a retratar a pandemia do coronavírus. Posso dizer que esta season premiere da 4ª temporada começa com o pé direito ao retratar de forma crescente, emocionante e ainda sutil uma situação na qual o mundo vive atualmente. Confira a review em texto ou em vídeo.
******CONTÊM SPOILERS******
The Good Doctor terminou sua 3ª temporada com uma season finale que se dividiu entre a emoção e a tragédia. Após a queda de um estabelecimento e um resgate difícil, vemos finalmente o amor de Lea e Shawn Murphy explodir, enquanto o espectador se despede de forma abrupta do Dr. Melendez, que morreu em decorrência do desabamento. A morte do personagem já era algo estabelecido desde o início da temporada pela produção (e o próprio ator), pegando todos os fãs da série de surpresa e deixando um gosto amargo na boca, afinal, a despedida foi repentina e, até um pouco sem sentido, afinal, Dr. Melendez era um personagem querido e com presença forte na série. Particularmente não gostei deste desfecho.
Assim, a 4ª temporada começa e, sem perder tempo, parte para a pandemia, retratando o início em um recorte das cinco primeiras semanas do estado de emergência nos Estados Unidos. Com isso, o primeiro episódio mostra os primeiros passos de como o coronavírus chegou e avançou rapidamente, pegando todos de surpresa, uma vez que alguns acreditavam ser apenas uma gripe, até deixar as pessoas sem respirar, lotando os hospitais.
Há cortes bruscos que mostram este avanço, como a Dra. Morgan atendendo uma paciente com sintomas de gripe e, logo depois, sendo internada com o diagnóstico do coronavírus, levando a paciente à morte, enquanto sua filha lhe aguarda do lado de fora do hospital, sem visitas, sem aproximação, sem despedida.
O mais interessante – e acredito que também será em outras séries médicas – é que The Good Doctor mostra as variadas vertentes desta pandemia e como as pessoas lidaram e ainda lindam com isso. O principal é a visão dos médicos lidando com a pandemia, o afastamento da família, a solidão em casa e nos corredores do hospital, a força em cuidar dos pacientes, enquanto eles também se tornam vulneráveis. De exemplo, vemos o Dr. Marcus Andrews lidando com o lado solitário ao ter que “morar” na garagem de casa, para não infectar sua esposa; Dr. Alex Park passa a morar temporariamente com Shawn, uma vez que não pode voltar para casa, porque seu filho é do grupo de risco; o cansaço mental e físico da Dra. Audrey Lim ao ter que lidar com a parte burocrática do hospital para dar prioridade aos casos de coronavírus, enquanto os demais problemas de saúde são deixados em segundo plano; o estresse crescente e a dor de perder pacientes rapidamente é visto pelo olhar da Dra. Claire, que se vê de mãos atadas por não saber como ajudar mais, além de ter que lidar com o recente luto.
The Good Doctor também nos dá a perspectiva dos médicos com relação ao distanciamento social, afetando os relacionamentos. De um lado, temos Shawn e Lea no auge de uma paixão em meio à pandemia. Eles mantêm a relação à distância, com conversas por vídeo chamada, chegando ao máximo de um ir à porta do apartamento do outro, retratando bem que a ausência do próximo afeta mental e sentimentalmente uma pessoa.
Mas preciso fazer uma observação: a relação de Shawn e Lea não me convence ainda, uma vez que, desde o começo, Lea deixou claro que não sentia o mesmo que o protagonista, apenas carinho e amor de amiga. O final da 3ª temporada entrega essa paixão de forma repentina, mas que não criou, ainda, certa credibilidade. O início desta 4ª temporada, o sentimento de desconfiança ainda permanece, já que o Shawn mostra mais o lado apaixonado, enquanto a Lea revela um sentimento mais forte de amizade. Será que a relação à distância vai dar certo? Será que a relação vai melhorar quando eles voltarem a se ver? Vamos aguardar os próximos episódios.
Do outro lado deste distanciamento social, vemos o Dr. Glassman fazendo o ótimo retrato da pessoa que não aceitou bem a quarentena, uma vez que ele é do grupo de risco e não pode se expor no hospital, tendo que trabalhar em casa. Isso não só afeta o lado profissional, como também o casamento com a Debbie, balançando bastante o relacionamento, já que a rotina mudou drasticamente para o dois, o que faz ambos discutirem por coisas mínimas.
O final deste episódio nos dá um parâmetro do que The Good Doctor irá trabalhar nos próximos episódios, como o luto de Claire, que ainda não aceitou bem a morte do Dr. Melendez, inclusive, ela acaba tendo uma visão dele na última cena. Aliás, já que a perda foi tão repentina, nada mais justo do que preparar uma despedida decente do personagem nesta 4ª temporada.
Crítica: Jovens Bruxas – Nova Irmandade
Me diga nos comentários o que vocês acharam do retorno de The Good Doctor!