Coney Island, 1950, quatro personagens terão seus destinos traçados em Roda Gigante (Wonder Wheel). O novo filme de Woody Allen é uma reflexão sobre a vida e de como ela dá muitas voltas, assim como o título do filme. Mas também, pode ser passageira com apenas uma volta.
Os personagens se deparam com diferentes situações que mexem com o psicológico, tornando cada um especial de alguma forma, mesmo em meio às incertezas, medos e paixões. Woody é capaz de chamar a atenção do espectador por meio de situações caricatas e, claro, quando derruba a quarta parede com o objetivo de aproximar o personagem e o público.
O narrador e salva-vidas Mickey (Justin Timberlake) se interessa por Ginny (Kate Winslet), ex-atriz e atual garçonete, que largou a carreira por erros do passado que se repetirão em seu atual casamento sem amor. Ela é casada com Humpty (Jim Belushi), um operador de carrossel e ex-alcoólatra, que tem uma filha do primeiro casamento, Carolina (Juno Temple), que aparece depois de cinco anos sem falar com o pai à procura de abrigo, pois está fugindo de gângsters.
São muitas histórias complexas para serem desenroladas em um filme, são personalidades diferentes para serem entendidas, algumas vezes até diálogos desconexos, mas, ainda sim, Woody capta, na verdade, personagens reais que sempre estão enfrentando dilemas, até porque nem todo filme precisa terminar com um final feliz.
Se tem uma coisa que vale muito a pena nos filmes de Allen, com certeza, é a fotografia. Cada cena planejada tem conexão com a fase que o personagem está passando ou dizendo, ou seja, tudo se liga perfeitamente. Vittorio Storaro é o responsável por essa arte e realmente é digno de mais um Oscar. Todos os efeitos com as luzes e ângulos estão em perfeita sincronia, tornando o filme ainda mais interessante e até apaixonante para muitos.
Um parque que tem uma roda gigante de frente para o mar traz uma trilha sonora calma, bastante leve, intrigante e até dançante, o que dá ritmo para a narrativa. O estilo jazz é bastante utilizado no filme, além de ser uma das preferências musicais do diretor.
Personagens
É impossível não se lembrar da jovem Winslet como a marcante e mimada Rose, de Titanic, e perceber sua evolução como atriz. A sua interpretação é tão genuína e marcante que fica fácil de assistir e querer ajudar Giny em suas próprias armadilhas, confusões sentimentais e suas ideias de adolescente.
Próximo do filme acabar, preste muita atenção. Winslet protagoniza uma das melhores cenas do filme, um monólogo inquietante e fervoroso. É uma entrega tão apaixonante, emocionante e com a ajuda da fotografia, é muito simples se encantar com as loucuras psicológicas do ser humano.
Justin Timberlake é aquele ator que se esforça, mas não gera expectativas, ficando apenas na média. O que não é um problema para o seu personagem, que acaba sendo mais um fio condutor que irá complicar a vida de Giny. Mas, sem tirar o mérito dele, suas cenas são bem-feitas e divertidas.
Além dos personagens principais apresentados, há outros que são excessivamente citados. Um que merece atenção é o excêntrico Richie (Jack Gore), filho de Giny, fruto do seu primeiro casamento. O garoto tem uma obsessão que chega a assustar e é um dos elementos que desencadeia o ápice da trama.
Considerações finais
Roda Gigante é um filme bonito de se ver e até certo ponto desconcertante, porque mostra o quanto as pessoas querem viver inúmeros roteiros, transformando a vida em um palco, sendo que nem sempre isso é possível. Woody Allen é capaz de pegar esses sentimentos mais estranhos e mostrar ao espectador que ele também é assim, um ser humano que tem muitos sentimentos e não sabe qual é a melhor forma de lidar com tudo isso e está tudo bem, porque isso é bastante normal.
Ficha Técnica
Roda Gigante
Direção: Woody Allen
Elenco: Kate Winslet, James Belushi, Juno Temple, Debi Mazar, Justin Timberlake, David Krumholtz, Max Casella, Jack Gore, Tony Sirico, Steve Schirripa e Jacob Berger.
Duração: 1h44min
Nota: 9,0