Já ouviu falar na expressão “ex bom é ex-morto”? A gente sabe que nem todo ex é tão ruim assim, mas tem alguns que se tornam uma pedrinha no sapato que te inferniza até você se livrar de uma vez por todas. Estou falando isso, pois Paixão Obsessiva é um filme que faz jus a essa frase. A premissa é interessante, algumas interpretações são boas, mas o filme apresenta algumas falhas que poderiam ter sido evitadas.
Dirigido por Denise Di Novi, a trama nos apresenta Julia (Rosario Dawson), uma mulher independente que deixa o trabalho e os amigos para ir morar em outra cidade com o seu noivo. David (Geoff Stults) é um rapaz divorciado e com uma filha, da qual Julia se adapta muito bem. A grande surpresa é a ex-esposa do rapaz, Tessa (Katherine Heigl), uma mulher fina, plena e requintada que não aceita muito bem o fato do ex-marido estar em um novo relacionamento rapidamente, afinal, eles se divorciaram e ele ainda ficou com a casa e a guarda da menina. Dominada pela raiva e o ciúme, Tessa inicia um jogo de possessão, armando um plano para sabotar o relacionamento do casal, usando não somente a filha Lily, mas também o passado sombrio de Julia.
Paixão Obsessiva é aquele filme que diverte e é uma boa opção para passar no Super Cine, afinal quem não gosta de um suspense ou thriller na madrugada? Apesar de ter uma premissa bem interessante, o roteiro apresenta falhas que entregam o mistério de bandeja ao público, deixando a trama previsível. A narrativa não linear é um bom recurso, pois deixa o espectador entusiasmado com a história de imediato, pois ele quer saber o que vai acontecer até aquela cena que lhe foi apresentada logo de cara. No entanto, o “erro” desse filme foi entregar um elemento chave que faz o público sacar imediatamente qual será a jogada desenvolvida na trama. A partir daí, é uma questão de tempo para confirmarmos o que vai acontecer.
O roteiro é repleto de situações clichês das quais estamos acostumados a ver em alguns filmes de suspense: briga entre a(o) protagonista e antagonista, ciúmes, raiva, possessão, jogo maquiavélico para eliminar a(o) concorrente, uma criança que é usada como “chantagem” em situações de risco, o rapaz (ou a moça) que se faz de bobo(a) e só descobre a verdade quando o pior acontece, entre outras coisas. Mas, mesmo com falhas e uma bela dose de previsibilidade, é instigante acompanhar uma mulher psicótica prestes a dar o bote. A atriz Katherine Heigl incorpora muito bem o papel da mulher fina, delicada, sensual e extremamente cuidadosa, mas que, no fundo, é bastante perturbada devido ao seu passado, algo que reflete muito bem em suas atitudes ruins e até macabras. Ela nos apresenta uma verdadeira Barbie psicótica. Não se preocupe porque não é spoiler, já que o trailer revela isso.
Rosario Dawson também está bem no papel e mesmo em um relacionamento saudável atualmente, a personagem carrega nas costas um passado pesado e doloroso, marcado pelo relacionamento abusivo e a violência doméstica que sofria de seu ex-namorado. Aliás, esse é um fator bastante interessante do filme que poderia ter sido melhor desenvolvido para aumentar ainda mais o mistério proposto. Infelizmente, isso não acontece, pois a história torna-se óbvia demais logo na metade do filme. Ainda assim, é interessante acompanhar esse plot da personagem.
Já o personagem David, interpretado por Geoff Stults é a pessoa mais neutra da trama e mais boba também. Mesmo divorciado e com a guarda da filha nas mãos, David não consegue enxergar a verdadeira personalidade de Tessa e ver que há algo de errado com sua ex-esposa. Foi necessário a Julia entrar em sua vida para a máscara de Tessa cair. Compreendo a jogada de colocar um personagem alheio à situação, no entanto, poderiam ter colocado o benefício da dúvida nas costas do personagem um pouco antes de tudo vir à tona.
Considerações finais
Já que o longa é previsível, o final não poderia ter sido diferente. No entanto, a última cena se torna até engraçada, pois algo inusitado acontece dando abertura para uma possível continuação. Alguns espectadores podem gostar disso, enquanto outros nem tanto. Paixão Obsessiva é um suspense que apresenta uma premissa interessante, mas as falhas no roteiro tornam a história muito óbvia. As interpretações das atrizes estão boas e o desfecho e até satisfatório, mas teria sido melhor se não tivesse essa última cena. Quem for assistir vai entender o que estou falando.
E aí, o que acharam do filme? Deixem nos comentários!
Ficha Técnica
Paixão Obsessiva
Direção: Denise Di Novi
Elenco: Katheirine Heigl, Rosario Dawson, Geoff Stults, Sarah Burns, Whitney Cummings, Cheryl Ladd, Robert Wisdom, Jayson Blair e Marissa D’Onofrio.
Duração: 1h40min
Nota: 5,5