Muitas vezes, criamos muitas expectativas e nos decepcionamos quando o filme ganha uma sequência. Será que vai ser bom? A qualidade do roteiro vai cair? Será que os personagens vão evoluir? Será que a história vai ser um sucesso? Meu Passado Me Condena 2, dirigido por Júlia Rezende, passou em todos esses quesitos. Se o primeiro filme agradou, o segundo não fica a desejar em nenhum momento.
Depois do repentino casório de Miá (Miá Mello) e Fábio (Fábio Porchat) e a lua-de-mel em alto mar, agora, acompanhamos o desenrolar desse relacionamento. Depois de três anos juntos, conhecendo as manias e diferenças de cada um, a vida do casal apaixonado acaba caindo na rotina. Enquanto Miá se preocupa, desesperadamente, com as contas e os afazeres de casa, parece que Fábio se desliga de tudo isso e ainda se esquece do aniversário de casamento. Exausta pela falta de atenção e ambição do marido, Miá pede o divórcio. No entanto, ao receber uma ligação do avô dizendo que sua avó havia falecido, Fábio arranja a oportunidade perfeita para fugir do assunto “separação”, e ganhar tempo para solucionar o problema sem perder o amor de sua vida. Para fazer jus ao nome do filme, é claro que o passado vem à tona. Ao chegar a Portugal, conhecemos o avô Nuno (Antonio Pedro), Ritinha (Mafalda Rodiles), ex-namorada de Fábio e Álvaro (Ricardo Pereira), inimigo de infância e, agora, noivo da moça.
Em Meu Passado Me Condena 2, o roteiro é simples e bem amarrado. Os diálogos são bem construídos e, dentro dele, o que não falta é humor. A risada fica garantida em quase em todas as cenas. Cansativo? Nenhum pouco! Mesmo sendo engraçada, a história retrata, de fato, como é um casamento. Os personagens principais exploram bem esse universo, com brigas, discussões, ex-namorados, inimigos do passado e, é claro, com amor. O que mais chamou a atenção é que a trama quebra a visão de conservadorismo e machismo, mostrando que a mulher, hoje, vai muito mais além, é independente e capaz de cuidar da casa, trabalhar fora e pensar em si mesma. A cena final de Miá com Álvaro na estação de trem deixa bem claro que o “conceito de princesa encantada” já está bem ultrapassado (por sinal, é a minha cena favorita).
Os condenados
É difícil falar dos dois separadamente, pois um completa o outro. Os atores Miá Mello e Fábio Porchat transbordam química para fora da tela do cinema. O casal imperfeito se torna perfeito aos nossos olhos. Miá é carismática do começo ao fim. A gente sofre quando vê a personagem triste e se fortalece quando ela mostra sua coragem e determinação em busca da felicidade. Fábio, o que dizer desse rapaz que, assim que aparece em cena, já curtimos pacas? Suas qualidades e defeitos nos conquistam, assim como conquistou Miá: é engraçado, enrolado, fofo, atrapalhado e muito apaixonado. Não posso negar que algumas de suas atitudes irritam, mas essa irritação logo passa quando ele se dá conta dos seus erros e corre atrás daquilo que é melhor para si.
Ricardo Pereira e Mafalda Rodiles formam o casal mais oposto que já vi. Enquanto Álvaro representa o puro conservadorismo e machismo, Ritinha nos mostra sua vontade de sair de casa, se aventurar e viver uma vida sem regras impostas 24 horas por dia. Posso dizer que eles dão um tempero a mais no relacionamento de Miá e Fábio e, é claro, na história toda. Quem também não fica para trás é Antonio Pedro. Quem não queria ter um vovô Nuno como ele? As histórias do passado e o verdadeiro amor por sua amada faz Fábio perceber que Miá é a mulher certa para ele.
A outra parte cômica fica por conta de Inez Viana, Marcelo Valle e Rafael Queiroga. Quem não riu com o casal Suzana e Wilson? Sempre em busca de dinheiro e uma vida de luxo, ele abrem uma casa funerária em Portugal e até armam para colocar a mão na grana de Nuno. Já o famoso amigo, Cabeça, está de volta para dar o ar de sua graça e se aventurar novamente junto com Fábio. Mais química do que com Miá, só com o Queiroga.
Considerações finais
Meu Passado Me Condena 2 é um filme para assistir sozinho, com amigos, namorado(a), pais, primos e toda a família. A comédia brasileira tem bom roteiro, ótimos personagens, ótimo elenco, humor e seriedade muito bem equilibrados. O final é um pouco clichê, mas satisfaz bastante o espectador. Meu Passado Me Condena é uma história que deu certo na televisão, no teatro e no cinema. Agora, tem livro também. Alguém já leu?
E aí, o que vocês acharam do filme?
Ficha Técnica
Meu Passado Me Condena 2
Direção: Júlia Rezende
Elenco: Fábio Porchat, Miá Mello, Ricardo Pereira, Mafalda Rodiles, Inez Viana, Marcello Vale, Antonio Pedro, Ernani Moraes e Rafael Queiroga.
Duração: 1h45min
Nota: 10