“Nunca deixe de sonhar e não desista facilmente, mesmo que a caminhada seja difícil”. Essa é a mensagem que A Bailarina entrega às crianças, mas que também serve para os adultos. A animação, dirigida por Eric Summer e Eric Warin, se passa no século XIX, na França, época em que conhecemos Félicie (Elle Fanning/ Mel Maia), uma menina órfã e extremamente sonhadora. Sempre ativa, alegre e cheia de energia, seu sonho é se tornar uma grande bailarina de Paris e fazer o que mais ama: dançar. Para alcançar esse objetivo, a garota foge do orfanato ao lado de seu melhor amigo Victor (Dane DeHaan), um menino também alegre, astuto e muito, mas muito estabanado. Ele também tem um sonho que é ser um grande inventor e ele tem o dom para isso.
Depois de uma fuga bem alucinante, os dois colocam os pés em Paris, se separam acidentalmente, mas nada é por acaso: a vida os coloca em caminhos diferentes que lhe darão a oportunidade de dar o primeiro passo para a realização de ambos os sonhos. Enquanto Victor se aventura pela cidade e conhece pessoas que podem ajudá-lo a se tornar um inventor, Félicie encontra a famosa escola de orquestra e balé, onde se concentra as melhores bailarinas da cidade. Lá, ela conhece Odette (Carly Rae Jepsen), uma faxineira ranzinza, que aparenta tristeza em seu rosto, ama balé secretamente e esconde um passado triste e melancólico. Félicie também cruza o caminho de Camille (Maddie Ziegler), uma garota antipática e arrogante que está determinada a entrar na escola de balé, custe o que custar. Para isso, ela tem o apoio e a ajuda de sua mãe, uma mulher sombria, egoísta e má que não se importa com os outros e ainda faz Odette trabalhar 24 horas por dia.
Quando Félicie fica sob os cuidados de Odette e passa a ajudá-la no trabalho doméstico, uma carta endereçada à Camille chega em suas mãos. É com esta carta que ela vê a oportunidade de entrar na escola de balé, porém com a identidade de outra pessoa. Ao entrar no grupo, a menina enfrenta os primeiros desafios e questiona se o balé é realmente a sua paixão.
O filme é direcionado mais para o público infantil, carregado de mensagens bonitas, como “nunca desista dos seus sonhos”, “descubra porque você ama determinada coisa”, “não deixe que os outros digam o que tem que fazer ou que você é uma fracassada”, “persista e alcançará os seus objetivos”. Tais lições de vida são até clichês, mas muito revigorantes e inspiradores para a criançada.
O roteiro é simples e até bem desenvolvido, porém ele apresenta alguns furos, algo que me incomodou um pouco. Pra começar, a história apresenta a trama principal de Félicie tentando entrar na escola de balé, além das subtramas da protagonista com outros personagens: os responsáveis do orfanato; a aproximação e o carinho por Odette; a rivalidade com Camille; a amizade com Victor; o primeiro contato com Rudolph, amigo da escola; e o conflito com a vilã da história. Algumas subtramas são bem aproveitadas, enquanto outras ficam superficiais. Por exemplo, quando descobrimos que Odette tem uma perna machucada e que, um dia, ela foi bailarina, o público fica com vontade de saber mais sobre sua história: quem é ela de verdade? O que aconteceu no passado? Por que ela se tornou faxineira? Infelizmente a trama não responde essas questões e apenas dá indícios do que aconteceu no passado.
Outro ponto que fica a desejar é a vilã. A mãe de Camille dá a entender que fez parte do passado de Odette, mas nada é confirmado. Além disso, há uma cena em que a vilã comete uma de suas ruindades e o filme deixa passar sem que ela receba uma punição. Como a animação é para as crianças, o roteiro teria que ter explicado o que é o certo e o errado, além de ter exemplificado o conceito de punição, como eles fizeram ao retratar a redenção e o perdão através de um dos personagens da trama.
Mas o filme tem os seus pontos positivos, como o cenário retrô de Paris, uma paleta de cores vivas (vermelho, azul, branco e verde) e uma trilha sonora envolvente.
Personagens
Félicie é aquela típica garota sonhadora que te inspira para que continue persistindo nos seus sonhos. Ela é graciosa e, ao mesmo tempo, doidinha, desencanada e descontraída. Ela sabe receber uma bronca e aceitar quando está errada, mas também sabe se impor quando é necessário e, principalmente, quando está certa.
Victor é o melhor exemplo do que é uma amizade verdadeira. Além de leal, ele ajuda Félicie em qualquer coisa, principalmente o de se tornar uma grande bailarina. No começo, ele pode até irritar um pouco pelo fato de ser muito, mas muito estabanado, mas no decorrer do filme ele vai conquistando o público com o seu carisma.
Odette é uma mulher que aparenta ser ranzinza, mas ela só é assim por carregar um passado triste nas costas. A conexão que ela tem com Félicie é instantânea e é muito lindo vê-las juntas em qualquer cena. Parecem mãe e filha. Infelizmente o filme não dá mais espaço para essa personagem, algo que ela merecia, pois acredito que sua história, por mais triste que seja, seria bastante inspiradora não só para Félicie como também para os espectadores.
Camille é uma garota bastante forte e determinada, especialmente quando o assunto é balé. Porém, o que a deixa “feia” é sua personalidade, já que ela é esnobe, arrogante, egoísta, antipática e má. Ela vai irritar em vários momentos, mas o público vai entender as razões da garota ser assim. Ela é o exemplo de que uma pessoa pode mudar de atitude com o tempo.
Considerações finais
A cena final apresenta alguns furos e momentos de “Hã? Por que isso aconteceu?”. Mesmo assim, o final é bonito e até aceitável. A Bailarina não é só uma animação para entreter, ela também traz bonitas lições de vida para a garotada. Infelizmente, o filme apresenta alguns furos no roteiro como disse anteriormente. Eu assisti a animação dublada, mas acho que teria gostado mais se tivesse assistido legendado. Não tenho nada contra, eu gosto muito de ver animações dubladas, mas, neste caso, a dublagem ficou um pouco a desejar.
Quando assistir ao filme, deixe nos comentários o que achou da história!
Ficha Técnica
A Bailarina
Direção: Eric Summer e Eric Warin
Dublagem original: Elle Fanning, Dane DeHaan, Maddie Ziegler e Carly Ray Jepsen.
Dublagem brasileira: Mel Maia
Duração: 1h30min
Nota: 6,5