E se, durante uma viagem para se divertir e passear, a sua melhor amiga simplesmente desaparecesse da noite para o dia? Esta é a premissa de Naquele Fim de Semana (The Weekend Away), nova produção da Netflix que me chamou a atenção por ser um thriller e estrelado pela atriz Leighton Meester, conhecida por interpretar a Blair em Gossip Girl.
No geral, o filme é regular e não tenta ser maior do que sua proposta, no entanto, as reviravoltas acabam se tornando previsíveis, mesmo que os detalhes tentem enganar o olhar do espectador. Mesmo com uma protagonista que consegue segurar as pontas, alguns personagens ficam a desejar, seja os pontos incômodos do texto ou a construção falha deles.
Naquele Fim de Semana é uma adaptação do livro da autora Sarah Alderson. Não farei comparações, pois não fiz a leitura, porém, somente pela sinopse da obra é possível notar duas diferenças como a troca de nomes da protagonista: no filme, ela se chama Beth; no livro, se chama Orla; e o local onde tudo acontece: a adaptação se passa na Croácia, enquanto que o original é retratado em Lisboa. Mas até aí, tais mudanças não prejudicam em absolutamente nada.
Dito isso, focarei somente na adaptação em que acompanhamos Beth que, recentemente se tornou mãe de primeira viagem, e leva um casamento que não está 100%. Do outro lado, Kate (Christina Wolfe) precisa lidar com o recente divórcio. Desde que se tornaram amigas, todo ano as duas tiram um final de semana para viajar juntas com o objetivo de ter um tempo só para elas.
Depois de um tempo distantes, Beth e Kate finalmente vão passar um final de semana na Croácia, com direito a passeios, bebidas, comidas e muita dança. Mesmo não estando em total sintonia e disposição, Beth aceita as vontades de Kate e partem para se aventurar à noite em uma boate. No dia seguinte, Beth percebe que bebeu demais, não sabe como voltou para casa e, o pior: Kate não está no quarto. Ao tentar contatar a amiga por horas e ainda descobrir sangue no chão e que haviam acompanhantes no quarto, Beth procura toda a ajuda possível para encontrar a amiga, seja a polícia ou o taxista Zain (Ziad Brakri) que conheceu no aeroporto e levou as duas até a balada. Enquanto procura por pistas, Beth questiona se Kate apenas deu um chá de sumiço ou algo pior aconteceu.
Naquele Fim de Semana propõe uma trama simples, mas que poderia ter ganhado amarrações melhores entre as reviravoltas, uma vez que se tornam previsíveis por conta da construção e atitudes de certos personagens. Infelizmente a atmosfera de mistério e tensão não são tão bem trabalhados ao ponto de tornar a história instigante e fazer com que o espectador crie dúvidas sobre quem está falando a verdade.
Outro ponto que incomoda, na minha opinião, é a polícia que, infelizmente, tem atitudes nada profissionais, usa da agressividade e do desdém durante o depoimento de Beth, muito menos registra o ocorrido o que, automaticamente, levanta suspeitas para o público que, mais a frente, recebe a confirmação do que já havia previsto no início da história. Nota-se claramente que o filme expõe o machismo e a culpabilização da vítima por parte das autoridades, o que é uma dinâmica interessante e irritante simultaneamente.
Às vezes, é difícil compreender porque em histórias do gênero thriller, as autoridades se abstêm da situação até o pior acontecer, ou desdenham de tudo, se desculpando quando a verdade aparece? Digo isso, pois este filme exigia uma atenção e desconfiança maior da polícia, o que iria garantir um desenvolvimento do suspense mais elevado, instigando muito mais o espectador.
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Ainda assim, Naquele Fim de Semana consegue segurar as pontas com a determinação de Beth (Leighton Meester) em buscar a verdade sobre a fatídica noite do desaparecimento da amiga. A parceria dela com Zain funciona e o filme até faz questão de colocá-lo na lista de suspeitos, o que funciona temporariamente.
Da metade para a reta final, o filme faz questão de colocar três personagens como possíveis chaves para o desfecho desta história: Sebastian, o dono do pequeno hotel, cujas atitudes medonhas são descobertas por Beth; o policial Pavic (Amar Bukvic) que, desde o início, desdenha e injeta um machismo repugnante sobre o caso, fazendo de tudo para desviar a atenção e colocar a culpa na protagonista; e, por fim, o marido de Beth, Rob (Luke Norris), que ganha uma personalidade sonsa e sem graça, mas que guarda um segredo que faz tudo mudar e, consequentemente, as peças se encaixarem no final.
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A partir daí, Naquele Fim de Semana entrega um desfecho plausível e até coerente com tudo o que foi apresentado até o momento. No entanto, quando tudo parece estar finalizado, o filme ganha uma nova reviravolta expondo o verdadeiro culpado sobre o desparecimento de Kate, relatando exatamente o que aconteceu tanto com Beth quanto com a amiga na última noite em que estavam juntas. Talvez alguns se surpreendam, porém acredito que a maioria não sentirá um impacto maior por conta da previsibilidade que ronda a história o tempo todo.
Considerações finais
Naquele Fim de Semana é um thriller simples em sua premissa, cuja previsibilidade acaba prejudicando o desenvolvimento da história que poderia ter sido mais instigante, criando-se uma atmosfera de suspense mais ousada que causaria um impacto mais potente na revelação final.
Mesmo não sendo um excelente filme, o thriller consegue trazer temáticas relevantes, manter sua linearidade e prender a atenção do espectador que, no fim das contas, deseja saber o que realmente aconteceu, mesmo não se surpreendendo tanto. Naquele Fim de Semana é um filme que você pode até gostar, se não criar muitas expectativas.
Ficha Técnica
Naquele Fim de Semana
Adaptação do livro da autora Sarah Alderson
Direção: Kim Farrant
Elenco: Leighton Meester, Chrstina Wolfe, Ziad Bakri, Luke Norris e Amar Bukvic.
Duração: 1h31min
Nota: 2,3/5,0