Após sete anos do lançamento do primeiro filme, Moana 2 chega aos cinemas para dar continuidade às aventuras de nossa protagonista no oceano. A animação dá mais um passo nesta jornada com uma trama envolvente e divertida, novos personagens carismáticos, parcerias fortalecidas, novas canções e obstáculos maiores, emoldurados por um visual estonteante que te hipnotiza.
Mesmo com bons elementos apresentados, Moana 2 apenas dá continuidade ao que já fora introduzido, sem muitas novidades, mas com pequenas evoluções. Não é a melhor animação do ano, mas não deixa de ser boa e gostosa de assistir. E, pelo visto, esta história ainda vai continuar.
Com direção de David Derrick Jr, Jason Hand e Dana Ledoux Miller, Moana 2 se passa três anos após os eventos do primeiro filme, em que vemos Moana se destacar cada vez mais como líder e desbravadora do oceano, especialmente após descobrir o que há além dos recifes, devolver o coração à Deusa Te Fiti, ao lado do semi-deus Maui, e reestruturar o equilíbrio e os alimentos ao seu povo.
Agora, Moana acredita que há mais povos pelo oceano afora, além do seu, mas não sabe exatamente como encontrá-los. No entanto, após receber um chamado importante de seus ancestrais. Moana contará com a ajuda não só de Maui, mas também de uma pequena tripulação para se aventurar no oceano novamente.
Enquanto aprende a trabalhar em parceria, Moana terá o grande desafio de encarar águas desconhecidas, obstáculos maiores, uma maldição a ser quebrada e um vilão que não facilitará sua jornada marítima. Resta saber se Moana conseguirá descobrir se há mais povos além mar, e se voltará para casa para contar esta história.
Devo ressaltar que, como o primeiro filme encanta com a novidade, é normal ficar com o pé atrás com a sequência, já que certas continuidades acabam declinando uma trama boa. Talvez quem criou muitas expectativas, fique decepcionado com a história que não entrega tanta originalidade. No entanto, dizer que o filme é ruim, é uma afirmação precipitada demais, pois o longa tem os seus pontos positivos, além de uma evolução aos personagens, especialmente à protagonista.
Em um panorama, fica claro que Moana 2 é uma transição na história, em que vemos mudanças e transformações para o ápice final acontecer. Ao que tudo indica, é possível que a Disney faça uma trilogia, especialmente quando vemos a cena pós-créditos.
Dito isso, o primeiro ponto positivo é a história que, apesar de não ter enormes reviravoltas, apresenta avanços satisfatórios nesta jornada, além de mais um passo importante à evolução da protagonista.
Se no primeiro filme vemos Moana em meio a sua autodescoberta, desbravando o oceano, quebrando regras e consertando o que estava fora do lugar, agora, a garota fortalece mais a sua conexão com as águas, encara lugares perigosos e lida com obstáculos maiores que vão desafiar o seu potencial e sua força, mas ela não está sozinha.
Outro acerto de Moana 2 é a introdução de novos personagens. Se no primeiro filme, acompanhamos uma dupla divertida, agora, nada mais justo do que assistir esta nova aventura em grupo, composto pela engenheira Loto, talentosa na arte da marcenaria, que está sempre em busca de conhecimentos para melhorar o seu trabalho. Ela é mais pé no chão e enxerga o mundo com um olhar mais direto, digamos assim.
No grupo, também temos o fazendeiro Kele, um senhor resmungão que não gosta de comemorações ou cantar o tempo todo; e o artista Moni, que faz desenhos e pinturas para retratar as histórias de seu povo e, agora, tem a chance de fazer parte de uma aventura também. Além disso, ele é fã número 1 de Maui, o que é engraçado de assistir.
Claro que Moana 2 não ia deixar de trazer de volta o famoso galo Hei Hei, que conta com a parceria do porquinho Pua. Além deste novo time, o espectador também se encanta com a pequena Simea, que admira fortemente Moana, tendo sua irmã como uma inspiração.
Obviamente, a animação repete a parceria de Moana e Maui, muito bem aproveitada no primeiro filme. Aqui, fortalecem esta conexão em alto mar, em que os papeis são invertidos. Desta vez, é Maui quem apoia e acredita na força de Moana que, por um momento, se vê perdida quando um mal maior lhe chacoalha, colocando sua missão em grande risco. Há uma sequência musical em que Maui coloca a autoestima da amiga lá em cima, provando o quanto esta amizade é única.
À medida que os personagens desbravam o oceano, tanto eles quando o público se depara com novas ambientações e barreiras a serem vencidas, como a escuridão do oceano, a força de um molusco gigante e o retorno da tripulação de coquinhos que, agora revela suas intenções para estar em alto mar. Assim como Moana, eles também estão em busca do seu próprio povo, para assim, encontrar o caminho de casa. Com isso, vemos que eles não são inimigos, iniciando uma nova parceria entre eles e a tripulação da protagonista.
Mas estes pequenos contratempos são apenas o começo, pois o maior de todos é a fúria de Nalo, o deus da tempestade, que impede que os povos sejam encontrados, pois ele sabe que não há nada mais perigoso do que o poder dos humanos.
Este personagem aparece apenas ao final, ou seja, o espectador apenas acompanha suas armadilhas pelo oceano para destruir a missão de Moana. Porém, ele conta com a ajuda de Matangi, uma personagem introduzida de forma misteriosa e enigmática, com profunda conexão com a natureza, além da habilidade de controlar morcegos.
A personagem é apresentada nas divulgações como uma antagonista do filme, mas não é exatamente isso que acontece. Ela prende Maui, para impedi-lo de resgatar a ilha afundada e unir os povos, mas ao mesmo tempo, ela atrai Moana e lhe ajuda, revelando que há sempre um novo caminho, um novo jeito de resolver as coisas. Matangi é debochada e charmosa, provando não ser esta vilã como foi pintada. No entanto, ela é uma marionete de Nalo, ciente de que pode sofrer consequências se contrariar o deus da tempestade.
Os vilões são interessantes e têm muito o que acrescentar à história, porém a apresentação de ambos faz parte da transição de toda a história de Moana. Ou seja, eles pouco aparecem, mostram o que podem fazer, mas o momento deste confronto não é agora. Pode ser que alguns se decepcionem pela forma como estes novos antagonistas são inseridos.
Além da história simples e crescente e os novos personagens adicionados, Moana 2 também acerta em sua estética que está ainda melhor que o primeiro filme. O visual da animação é estonteante, seja nos traços, os contornos nítidos e quase reais dos personagens, como os fios dos cabelos; e as sequências musicais, em que alguns ganham traços diferenciados para desenhar o que tal canção está contando, dando a sensação de que estamos folheando um pequeno conto infantil.
A paleta de cores é ainda mais vibrante e com mais tonalidades, especialmente para retratar o lado sombrio e desconhecido das águas e o encontro da protagonista com os seus ancestrais. É até difícil descrever, só assistindo para comprovar o quão hipnotizante é a estética que sobe de nível nesta sequência.
A trilha sonora de Moana 2 é boa e chama a atenção ao ganhar ritmos diferenciados em algumas músicas – como a de Loto e Maui cantando com Moana. O maior destaque é o título ‘Além’, muito bonita por sinal. Ainda assim, as músicas desta sequência não são tão marcantes quanto do primeiro filme.
Por fim, Moana 2 ganha novamente uma excelente dublagem que não fica nada a desejar, aperfeiçoando os diálogos com piadas e tiradas abrasileiradas, como o Maui chamando as crianças de ‘Monetes’ (fãs de Moana), além brincar dizendo que muitos já consideram a protagonista uma princesa.
Na versão legendada, a animação conta novamente com as vozes de Auli’i Cravalho, Dwayne Johnson nos papeis principais. Na versão dublada, Moana ganha a incrível voz de Any Gabrielly.
Considerações finais
A reta final de Moana 2 coloca todos em grande risco, um momento que faz o espectador emocionar e até lacrimejar. Mas, mais uma vez, o bem e a força da água vencem, fazendo a missão ser cumprida com sucesso.
Além disso, a animação traz um avanço importante para a protagonista que, agora, conta com poderes maiores. E isso será de grande benefício e importância, pois o mal está apenas começando.
Moana 2 é uma animação que não apresenta tanta originalidade ou reviravoltas, mas tem avanços satisfatórios em todos os aspectos, confirmando ser um filme de transição. Não é a melhor animação do ano, mas é uma boa animação que, provavelmente, fará sucesso com o público, especialmente a criançada.
E acredito que um terceiro filme vem aí para encerrar este mar de aventuras.
******CONTÊM SPOILERS******
Cena pós-créditos
Moana 2 tem uma cena pós-créditos. A cena finalmente revela o deus da tempestade Nalo, enfurecido por ter sido derrotado por Moana e Maui, que conseguiu reunir os povos do oceano.
Além disso, é revelado que Matangi trabalha para Nalo, em uma espécie de marionete nas mãos deste deus. Nalo promete voltar para o acerto de contas.
Com isso, a cena abre portas para um possível terceiro filme, em que veremos Moana e Maui lutando contra Nalo, para proteger todos os povos. Não é à toa que Moana recebeu um poder maior no final do filme. E Matangi fará parte deste caos. Resta saber de qual lado ela vai ficar. É apenas uma teoria.
Ficha Técnica
Moana 2
Direção: David Derrick Jr, Jason Hand e Dana Ledoux Miller
Elenco de voz: Auli’i Cravalho, Dwayne Johnson, Nicole Scherzinger, Rose Matafeo, Hualalai Chung, Awhimai Fraser, Khaleesi Lambert-Tsuda, David Fane, Rachel House, Temuera Morrison, Alan Tudyk e Gerald Ramsey.
Dublagem brasileira: Any Gabrielly, Saulo Vasconcelos, Lara Paciello, Saulo Javan, Mariana Elisabethsky, Ítalo Luiz, Walter Cruz, Éri Correia, Lara Suleiman, Delphis Fonseca e Vanderlan Mendes.
Duração: 1h40min
Nota: 3,0/5,0