Aqui não temos uma princesa em apuros ou à espera de um príncipe encantado. Muito pelo contrário, temos uma princesa em busca de uma aventura pelo oceano para salvar sua tribo e encontrar a sua verdadeira identidade. É meio clichê, mas até hoje esse clichezão tem funcionado nas histórias da Disney e Moana – Um Mar de Aventuras chegou para provar novamente este acerto.
A animação dirigida por John Musker e Ron Clements conta a história da jovem corajosa Moana Waialiki, filha do chefe Tui da tribo da Oceania, vinda de uma longa linhagem de navegadores. Desde pequena, Moana escuta histórias contadas por seu pai sobre sua tribo, como funciona e o trabalho do grupo de navegar para colher alimentos, nunca passando além dos recifes. Mas também, a garota ouviu de sua avó lendas da ilha, entre elas, a de Maui, um semi-deus que roubou o coração de uma ilha despertando o mal sobre o mar e a terra. A lenda começa a fazer mais sentido quando o povoado começa a perder suas plantações e as navegações ficam cada vez mais difíceis para buscar alimentos. Ao juntar a fome com a vontade de comer, ou seja, as dificuldades da tribo e o sonho de explorar o oceano, Moana parte para uma jornada muito além dos recifes para encontrar Maui, devolver o coração da ilha e restaurar a paz e o equilíbrio da natureza.
Quem já assistiu Aladdin, Mulan e O Rei Leão, já viu essa fórmula antes (ou bem parecida). Moana chegou para mostrar (novamente) que princesas não precisam ficar dentro de um castelo à espera de um príncipe encantado ou para tomar posse do trono. Esse tempo já passou. Moana é a típica jovem que precisa se descobrir, saber o que realmente quer e explorar locais e coisas que vão lhe garantir astúcia, conhecimento, experiência e força para, assim, poder ajudar a sua tribo. É uma história voltada para o público infantil, mas que também vale para os adultos.
O roteiro é equilibrado, satisfatório, bem desenvolvido e um pouco previsível, especialmente nas cenas em que Moana e Maui enfrentam obstáculos e entram em conflito por pensamentos e atitudes divergentes, mas que, no final, tudo dá certo. A química entre os dois personagens funciona muito bem, garantindo bons diálogos, boas aventuras e muita, mas muita cantoria. A trilha sonora da animação está excelente e o público vai ser absorvido pelas águas ao som de “How Far I’ll Go”, “Shiny”, “We Know The Way”, “Rhythm of the Culture”, “Heart”, “Sharing”, “Surprise”, “Tulou Talagoa” “I am Moana”, entre outras músicas.
Além das músicas lindas e contagiantes, outro ponto que prende a atenção, especialmente o da criançada, é a paleta de cores fortes usada no filme, entre azul, laranja, marrom, vermelho, laranja, verde e amarelo.
Personagens
Dublada por Auli’i Cravalho, Moana é uma jovem que mostra força desde pequena e não se sente intimidada por nada, nem quando leva algumas broncas de seu pai. Isso é exemplificado pelas vezes em que ela sente muita vontade de ir ao oceano para descobrir o que aquelas águas escondem. A personagem é o exemplo de uma moça que está na fase de descobertas, não só do que está em sua volta, mas especialmente de si mesma. Aqui fica uma boa lição de que as pessoas precisam saber o momento certo de ir em busca de algo novo e participar de novas aventuras para encontrar sua própria identidade, mas claro, sem desobedecer os pais ou passar dos limites ao ponto de colocar a vida em risco.
Dwayne Johnson dá a voz ao semi-deus Maui, um cara grande, robusto e todo cheio de si. Ele sabe que é forte e bom no que faz, mas não dá o braço a torcer quando o assunto é admitir os seus erros. Suas tatuagens contam as aventuras pelos quais passou, mas há uma bastante interessante que age como se fosse a consciência de Maui, mostrando o certo e o errado e qual caminho ele deve seguir para se redimir.
Por mais que sejam poucas cenas, quem ganha destaque na animação é a vovó de Moana, uma senhora gentil, contadora de histórias e que sabe de muita coisa que rola na ilha, isso sem contar na audácia e ousadia que ela tem. Ela é a principal incentivadora de Moana e quer que a neta siga seus sonhos e encontre o seu caminho no oceano.
Outros dois personagens que também são muito carismáticos são o oceano, o melhor aliado de Moana durante a jornada, e o galo HeiHei. Adorei ver a forma como a “ondinha” interage e ajuda a princesa nas horas em que ela mais precisa e como o galo coloca a garota em maus lençóis em certos momentos, garantindo boas risadas do público.
Considerações finais
Moana – Um Mar de Aventuras pode até ter uma fórmula clichê e algumas cenas previsíveis, mas não deixa de ser uma boa animação. Muito pelo contrário, o filme mostra uma princesa que não precisa de um príncipe para viver um grande amor ou uma aventura. Basta um sonho, uma vontade, determinação, ousadia e um barco para ir atrás do que ela realmente quer. Tudo isso é carregado de mensagens simples e bastante significantes para as crianças, como não desistir dos seus sonhos e saber agir na hora certa; enfrentar os obstáculos mesmo que esteja com medo; encontrar a sua verdadeira identidade e fazer as coisas por prazer e amor. Vale a pena assistir? Vale a pena pela história, pelos personagens, pela trilha sonora e pela lição de vida.
Trabalho Interno
O novo curta-metragem da Disney se encaixa perfeitamente com a história de Moana. Dirigido pelo brasileiro Leo Matsuda (storyboard artist de Operação Big Hero e Detona Ralph), Trabalho Interno conta a história da luta interna entre o lado lógico de um homem, comandado pelo cérebro, e sua outra metade aventureira e livre, liderada pelo coração. Além de divertido, o curta levanta uma das questões que mais se discutem até hoje: seguir a mente ou o coração? Em que momento devemos dar atenção a razão ou a emoção? É interessante a forma como a história mostra as reações e toda a rotina do homem quando ele decide seguir somente o cérebro e quando ele dá abertura para que o coração manuseie o seu corpo. Está aí mais um ótimo curta da Disney! Assista ao trailer:
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Ficha Técnica
Moana – Um Mar de Aventuras
Direção: John Musker e Ron Clements
Dubladores: Auli’i Cravalho, Dwayne Johnson, Alan Tudyk, Jemaine Clement, Temuera Morrison e Rachel House
Duração: 1h47min
Nota: 9,0