A franquia Transformers é sucesso de bilheteria e com o público, mas, infelizmente, perde pontos com a crítica devido a uma história rasa em um cenário estrondoso e radical de carros robôs em ação. Desta vez, este universo retorna aos cinemas com Bumblebee e, posso dizer, que é um dos melhores filmes da saga, que vai cair nas graças dos espectadores e, até mesmo, dos críticos especializados, devido a um cenário oitentista nostálgico, uma trama bem desenvolvida que empolga e emociona, a relação mais humanizada entre garota e autobot e uma ótima trilha sonora.
Dirigido por Travis Knight, o filme dá início com uma guerra em Cybertron, em que Optimus Prime e B-127 lideram o grupo contra os Deceptions, que desejam liquidar toda a resistência Autobots. A fim de encontrar um novo esconderijo, Optimus Prime envia B-127 para a Terra, com o objetivo de encontrar um lar, proteger o planeta e evitar que os inimigos o encontre em hipótese alguma. No entanto, um dos deceptions acaba seguindo o soldado que, junto com uma artilharia pesada das autoridades da Terra, é derrotado, perde a memória e se transforma na única coisa registrada em sua mente: um fusquinha. Os anos passam e o filme leva o público para 1987, época em que conhecemos Charlie Watson (Hailee Steinfeld), uma garota que acaba de fazer 18 anos e tenta se reencontrar após o falecimento do pai. Como presente de aniversário ela ganha um fusca amarelo caindo aos pedaços, do jeito que ela gosta para poder consertá-lo. Só que quando B-127 ganha vida, Charlie nota que seu novo amigo é muito mais do que um simples automóvel de estimação.
O primeiro ponto positivo de Bumblebee é que o roteiro cria uma relação humanizada e forte entre Charlie e o Autobot. Aliás, o nome ‘Bumblebee’ é dado pela garota, cujo significado ganha coerência no filme. A dupla apresenta uma química fofa, divertida e envolvente justamente por estar tentando encontrar um espaço na sociedade. Enquanto o Autobot amarelo precisa relembrar os últimos eventos de sua vida e ainda ter um espaço para ficar, ele encontra carinho e confiança em Charlie, uma garota que também se sente perdida após a morte de seu pai. Mesmo tendo a mãe, o irmão e o padrasto ao seu lado, ela toma consciência de que ainda não superou o luto, o que a faz se sentir fora da caixa e estagnada no tempo, enquanto todos ao seu redor seguem em frente. O filme faz questão de trazer emoções nada forçadas entre os dois e ainda desenvolver bem a trama de cada um, fazendo com que o público tome conhecimento satisfatório de seus protagonistas.
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Outro ponto interessante é o bom desenvolvimento da personalidade e trejeitos do Autobot, exemplificando bem as razões que levam Bumblebee a agir com receio e medo de se machucar, ao mesmo tempo em que ele tem atitudes engraçadas, como quando Charlie o ensina a se esconder caso algum estranho apareça. Além disso, a ideia de fazê-lo falar através do rádio do carro é sensacional. Ele responde com frases de várias músicas que se encaixam perfeitamente na cena.
Tudo isso é ambientado nos anos 1980, que pode agradar bastante o público nostálgico e fã desta época, desde figurinos coloridos e cenários amarelados, até referências aos clássicos do cinema, como Clube dos Cinco e a sensacional trilha sonora oitentista com direito a faixa inédita Back To Life, música-tema do filme composta por Hailee Steinfeld.
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Um fator que pode dividir o público são as famosas cenas de ação dos autobots. Em Bumblebee, as sequências de luta e batalhas épicas no ar e chão são ótimas e bem feitas, mas são bem mais dosadas e menos exageradas ao comparar com Transformers. Acredito que muitos vão gostar das cenas eletrizantes e mais comedidas, enquanto outros, fãs da franquia, talvez se frustrem justamente por esperar os tradicionais momentos estrondosos e explosivos neste filme. Sinceramente? Bumblebee acerta em cheio ao trazer ação na medida certa misturada a uma história bem contada e mais envolvente.
Se de um lado temos uma ótima dupla que luta por seu espaço na sociedade, do outro temos oponentes fortes e impetuosos que vão fazer de tudo para destruir essa harmonia entre humanos e autobots. Os chamados Deceptions querem a destruição total de Cybertron e, o melhor, a derrota definitiva de Bumblebee e Optimus Prime. Em cena entra Shatter e Dropkick, uma dupla forte e agressiva que usa o exército do planeta Terra para ir até as últimas consequências a fim de atingir o objetivo. São antagonistas que desafiam com voracidade e sem piedade.
Interpretado por John Cena, o agente Burns tem motivações plausíveis em querer impedir os autobots na Terra. Mas quando ele passa a enxergar as verdadeiras intenções de cada um e a ter clareza sobre quem é bom e quem mau, o personagem ganha outro patamar na trama.
O filme é do Bumblebee, mas há uma participação pequena e especial de Optimus Prime que funciona e, com certeza, vai agradar os fãs de Transformers.
Considerações finais
Bumblebee faz parte do universo de Transformers e pode ser considerado o melhor filme, até agora. Apresenta um roteiro bem estruturado e desenvolvido, uma relação envolvente e humanizada entre garota e autobot, que entrega uma química divertida e emocionante em meio às cenas de ação bem mais equilibradas, sem deixar de serem eletrizantes. Os vilões são bons e agitam bem a trama ambientada no nostálgico cenário dos anos 80, com uma excepcional trilha sonora.
É um filme dinâmico, nada cansativo, que diverte e prende a atenção do começo ao fim.
Ficha Técnica
Bumblebee
Diretor: Travis Knight
Elenco: Hailee Steinfeld, John Cena, Jorge Lendeborg Jr, Jason Drucker, Pamela Adlon, Stephen Schneider, John Ortiz, Glynn Turman, Len Cariou, Megyn Price, Lenny Jacobson, Lars Slind, Paul Black, Kenneth Choi, Abby Quinn e Rachel Crow.
Elenco (dublagem): Dylan O’Brien, Angela Bassett, Peter Cullen e Justin Theroux.
Elenco (dublagem brasileira): Paolla Oliveira e Guilherme Briggs
Duração: 1h54min
Nota: 8,0