Brightburn – Filho das Trevas gerou curiosidade desde sua primeira apresentação durante a CCXP 2018 (Comic Con Experience), uma vez que vimos uma espécie de salvador em ascensão, mas que de heroísmo não há nada. Assim que a sinopse foi revelada, o filme dirigido por David Yarovesky prometia iniciar um novo gênero: o de horror de super-herói. De fato, ela até começa, no entanto, não é um filme tão inovador quanto parece ser, e ainda propõe que o próprio público tire suas conclusões sobre alguns pontos que, propositalmente ou não, não foram desenvolvidos na trama.
A história se inicia 10 anos antes, em que o espectador conhece Tori e Kyle Breyer, um casal apaixonado que tenta construir uma família. Uma noite, os dois são surpreendidos por um terremoto perto de sua casa, descobrindo uma espécie de nave espacial que havia caído junto com um bebê. Os anos passam, o casal adota a criança e, mesmo sabendo de sua origem peculiar, resolve lhe dar a vida mais normal possível.
Brandon é um garoto mais introspectivo e extremamente inteligente, o colocando em um nível superior na escola, o que desagrada alguns colegas de classe, enquanto outros o admiram, como é caso de Caitlyn. À medida que o tempo passa, o garoto não só cresce como a atração à sua verdadeira origem aumenta, uma vez que certas habilidades passam a aflorar em sua pele, como uma força extraordinária.
A partir daqui, inicia-se um desequilíbrio em toda a rotina, uma vez que Tori e Kyle relutam para que Brandon não saiba a verdade, mas quando essa força o atinge totalmente, seus poderes são ativados, o transformando no chamado super-herói. Porém, tanto a personalidade quanto sua essência revelam o contrário do que um herói é.
Brightburn entrega uma história que vai prender a sua atenção do começo ao fim, no entanto, é possível ver nas entrelinhas um roteiro similar a outras tramas já vistas em filmes de terror, como por exemplo, Maligno. O que o difere são os seus elementos. A ideia de misturar horror e heroísmo é interessante, pois espera-se que um ser de outro planeta se transforme em um protetor da humanidade, como temos o retrato exemplar do Superman. No entanto, tal força o molda em algo maligno, inflexível, irredutível e, a cada ‘batalha’ vencida, a figura do mal evolui, ficando mais próxima do seu objetivo, que é revelado no filme.
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Assim que Brandon é atingindo pela força, o garoto toma medidas mortais ao ser contrariado ou rejeitado. Há uma briga na escola que o faz ter uma atitude letal, e o público toma conhecimento de suas habilidades como voo, velocidade, raio laser, tudo o que um herói tradicional tem. A partir daí uma série de atrocidades inicia e o garoto não mede força nem quando se trata de sua própria família.
Enquanto o pai (David Denman) navega por clima de desconfiança e medo, Elizabeth Banks encarna uma mãe protetora, que ama incondicionalmente sua criatura, mesmo não sendo do seu sangue, o que a faz relutar a aceitar que tais efeitos colaterais sejam provocados por Brandon.
Enquanto um herói de verdade emana lealdade e proteção a todos, acima até de sua própria vida, Brandon deixa rastros de sangue e cenários macabros pela cidade, tornando o filme mais chocante o que, particularmente, é algo positivo. Outro ponto interessante é que, diferente de um herói, o protagonista não se importa em deixar sua identidade à mercê, muito menos esconder sua assinatura, pois tem o conhecimento de que pode derrotar qualquer um.
Algo que pode frustrar alguns é o fato de que Brightburn não explica absolutamente nada sobre a origem do protagonista. Não há informações a respeito da nave espacial, como ela caiu na Terra, que tipo de força o atinge e se ele é um alienígena ou não. Talvez seja proposital? Sim. Talvez o filme nunca quisesse entregar a origem deste mal, apenas as consequências? Sim. Talvez o fato de Tori e Kyle não terem filhos seja algo já arquitetado para eles acolherem Brandon na Terra? Sim. Há várias justificativas que só o próprio espectador pode concluir, mas sem ter a certeza.
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Jackson A. Dunn está bem no papel e entrega um personagem crescente em sua personalidade, iniciando como um garoto bom, inteligente, amado e amoroso, terminando como um monstro invencível. A química de mãe e filho com Banks funciona bem na tela, mesmo sendo uma fórmula já vista em tramas similares.
Considerações finais
O desfecho faz o público acreditar que será algo previsível, no entanto, torna-se avassalador e satisfatório, dando a possibilidade de vermos alguma sequência no futuro. Brightburn – Filho das Trevas não é tão inovador quanto se espera, mas difere por entregar um possível super-herói cometido por uma essência maligna, indestrutível e mortal. Não é um filme ruim, mas pode ser um filme interessante para alguns e esquecível para outros. Vai depender do ponto de vista de cada um.
Ficha Técnica
Brightburn – Filho das Trevas
Direção: David Yarovesky
Elenco: Elizabeth Banks, David Denman, Jackson A. Dunn, Emmie Hunter, Matt Jones, Meredith Hagner, Becky Wahlstrom, Terence Rosemore, Abraham Clinkscales, Christian Finlayson, Jennifer Holland e Gregory Alan Williams.
Duração: 1h31min
Nota: 6,9