A saga John Wick conquistou milhares de fãs por saber vender um universo criminoso único em que conhecemos um homem cuja força, perspicácia, fidelidade e honra teme quem estiver a sua volta. Um universo cujas regras geram compromisso e traição, desmascarando quem segue tais princípios ou não. Como o próprio filme diz, ‘toda ação gera uma consequência’ e esta trama entrega as melhores consequências de se admirar em uma grande tela.
Pode se dizer que a história do mais famoso assassino de aluguel é dividida em três partes. Em John Wick – De Volta Ao Jogo conhecemos o protagonista aposentado e de luto pela esposa. O que o move a voltar ao antigo caminho é a perda do seu cachorro e carro que, por possuir um grande significado, faz a cidade acordar e os amigos e inimigos voltarem a temer os grandes feitos de Wick, desde o excelente manuseio com armas, até a mais simples luta com apenas um lápis na mão. Em John Wick 2 – Um Novo Dia Para Matar, temos um John Wick provocado e ameaçado mais uma vez, decidido a retornar ao mercado para terminar o trabalho. Porém, as regras são quebradas, o que faz Wick ser um homem banido e o mais procurado pelo mundo.
John Wick 3 – Parabellum inicia poucos minutos após os eventos do segundo filme. Ao matar Santino D’ Antonio dentro do Continental, ele quebra a regra número 1 do hotel: não levar negócios, muito menos derramar sangue dentro do local. Assim, o gerente Winston (Ian McShane) bane Wick de qualquer privilégio e lhe dá apenas 1 hora para fugir, enquanto o contrato social é aberto a partir de US$ 14 milhões de dólares, tornando a cabeça de Wick a mais valiosa da lista e despertando a ambição de todos os assassinos profissionais, seja qual for o seu grupo.
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O filme não perde tempo e inicia uma atmosfera claustrofóbica de suspense e tensão a partir da contagem regressiva para o protagonista fugir pelas ruas de Nova York, enquanto seus inimigos anseiam pela caçada mais bem paga que já existiu. Neste capítulo da saga, o roteiro tenta entregar caminhos para que John Wick encontre uma forma de redenção e término do contrato, mas à medida que ele tenta progredir, não só as saídas vão se fechando, como tudo em sua volta se complica cada vez mais, ficando mais difícil de poder confiar em alguém.
O que mais o espectador irá ver são cenas de lutas que servem de grande base à história, uma vez que o personagem é o mais procurado e, logo, praticamente todos irão atrás dele. As sequências são formidáveis, viscerais e ganham um toque de realidade fascinante, fugindo completamente de uma possível fantasia que tiraria o crédito tão bem construído neste universo. Por exemplo, quando Wick luta, ele tem a regra de atirar duas vezes: uma para imobilizar e outra para eliminar. Mas quando o oponente evolui, John se retira da zona de conforto, se arriscando diversas vezes para ficar bem próximo do inimigo e, assim, poder eliminá-lo. Tais cenas como estas me fazem lembrar dos jogos de videogame e esta é uma boa sensação que o público pode ter.
Outro ponto positivo é que o roteiro elabora sequências longas, mostrando a evolução do personagem, apesar do cansaço físico, e a capacidade de derrubar o rival com os objetos mais inusitados. Se ele ficou famoso por golpear com apenas um lápis, imagina o que ele pode fazer com um livro? Aliás, esta cena, a luta com facas e a fuga com o cavalo são as melhores, retratando uma versão mais nua e crua de John Wick.
Claro que não poderia deixar de enaltecer Keanu Reeves mais uma vez, pois ele entrega um protagonista três vezes mais cansado, realista com o seu novo destino e muito mais bruto e visceral do que o espectador viu nos filmes anteriores.
Apesar de ser temido e bom no que faz, John Wick está em fase de grande vulnerabilidade, o que lhe faz render a pedidos de ajuda improváveis, seja para Diretora (Anjelica Huston) sua antiga protetora, ou para Sofia, nova gerente do Continental marroquino e que deve um favor à Wick. Halle Berry tem uma participação pontual e formidável que, novamente, rende uma sequência inusitada de ação e reação, com direito a muitos tiros, chutes, socos e, é claro, mordidas. Aliás, Sofia tem a proteção de dois cachorros que faz qualquer um pensar duas vezes em querer chegar perto. A verdadeira ‘vingança dos cachorros’ começa aqui.
Juntando a caça, fuga e a vulnerabilidade do protagonista, a situação fica ainda mais complicada com chegada da Juíza (Asia Kate Dillon), autoridade da Alta Cúpula que determina o destino de Wick e sentencia os fiéis e traidores. Junto a ela, vemos um novo destino a ser traçado para Winston, Bowery (Laurence Fishburne) e a Diretora que você só vai saber se assistir ao filme.
Considerações finais
O ato final entrega duas sequências de lutas em que a primeira é, novamente, hipnotizante, porém, a segunda é um pouco cansativa. O desfecho ganha uma reviravolta surpresa que, junto com algumas pistas deixadas ao longo da história, faz John Wick 3 abrir portas para um possível e futuro quarto capítulo.
John Wick 3 – Parabellum é o terceiro capítulo desta história ainda mais eletrizante, forte e visceral, entregando um protagonista mais calejado, relutante e dilacerador em suas ações diante de consequências claustrofóbicas e de extremo perigo. O melhor amigo do cachorro está de volta para fascinar mais uma vez e, acredite, ele hipnotiza do começo ao fim. Vale o ingresso e o seu tempo para conhecer mais um pouco deste universo criminoso estonteante.
PS: A história faz você entender o significado do termo ‘Parabellum’.
Ficha Técnica
John Wick 3 – Parabellum
Direção: Chad Stahelski
Elenco: Keanu Reeves, Halle Berry, Ian McShane, Laurence Fishburne, Lance Reddick, Anjelica Huston, Asia Kate Dillon, Mark Dacascos, Jerome Flynn, Jason Mantzoukas e Robin Lord Taylor.
Duração: 2h10 min
Nota: 9,0