Quando se trata de uma live-action de um game ou desenho animado que conquistou milhares de corações e fez sucesso para uma geração, é normal ficar com o pé atrás com relação ao tipo de adaptação que irá ganhar e o nível de fidelização que seguirá. Pokémon: Detetive Pikachu é o exemplo deste receio, no entanto, o filme quebra essa barreira e entrega uma nostalgia harmônica, sai da zona de conforto ao não seguir exatamente a história original e entrega uma trama que agrada não só os fãs de longa data, mas também conquista jovens e crianças desta nova geração, misturando fofura, diversão e uma boa pitada de mistério.
Dirigido por Rob Letterman, a trama inicia com o desaparecimento do detetive Harry Goodman, levando o seu filho Tim a ir atrás das pistas para saber o que aconteceu. Ao chegar na famosa Ryme City, onde humanos e pokémons vivem em harmonia, o rapaz conhece Pikachu, antigo parceiro de seu pai que, por sinal é capaz de se comunicar com ele. Juntos, eles iniciam uma jornada rodeada de mistério, mergulhando em uma amizade divertida e verdadeira entre humano e pokémon.
Pokémon: Detetive Pikachu é uma grande nostalgia aos fãs que acompanharam o desenho clássico, colecionaram álbuns de figurinhas, como também jogavam o game. Pode se dizer que Ryme City é uma grande pokébola onde você encontra os pokémons mais admirados, como Chamander, Psyduck, Bubassauro, Squirtle, Snorlax, Jigglypuff, Charizard, Ditto, Magikarp, Eevee, entre muitos outros. O diferencial é que a regra da cidade é clara: as pokebolas são dispensáveis, o título ‘treinador’ não é mais utilizado e as batalhas são proibidas, uma vez que a harmonia é a causa da união entre o homem e pokémon, enfatizando a evolução comportamental e a fidelização entre as espécies. O melhor exemplo disso é ver as cenas em que as pessoas andam tranquilamente ao lado de seus monstrinhos.
Quando falamos da metrópole e de seus habitantes, automaticamente presta-se atenção nos efeitos especiais ao mesclar o real com o fictício. Os pokémons ganham um bom grau de realidade, tornando satisfatória a interação dos personagens com o que é apenas efeito. No entanto, é possível notar o CGI em algumas cenas, como também perceber que a trama não abre espaço para explorar melhor os demais pokémons e suas habilidades como se gostaria.
Além da nostalgia que agrega e conquista boa parte do público, o filme entrega uma trama bem diferente do que conhecemos, ou seja, aqui não há os personagens originais do desenho como o Ash, Brock, Misty, Jessie, James entre outros. Cria-se um novo protagonista que cresce e evolui à medida que o mistério sobre seu pai é desenvolvido.
Justice Smith está bem confortável no papel e entrega um Tim solitário e rancoroso com a ausência paterna. O espectador se depara com um passado triste do protagonista que o leva a não se conectar com pokémons, tornando-se uma pessoa mais reclusa e bem diferente das demais. Mas essa barreira é logo quebrada ao conhecer Pikachu, dublado pelo incrível Ryan Reynolds que esbanja fofura e ousadia em seus diálogos, entrega uma inocência amena, o divertido vício por café e a disposição em ajudar Tim a encontrar Harry, especialmente pelo fato de que o pokémon perde a memória e tenta relembrar qualquer informação que os leve ao desfecho deste mistério. A investigação ganha um bom reforço com a repórter iniciante Lucy (Kathryn Newton), que tem um bom faro para encontrar pistas e a astúcia de não pensar tanto antes agir. Claro que seu pokémon, Psyduck não só ajuda como também entrega cenas hilárias.
Junto a este mistério a ser resolvido, o filme faz questão de enfatizar que nem sempre o homem está satisfeito com a paz e o equilíbrio, como é estabelecido em Ryme City, se afundando no egoísmo e na ambição a fim de atingir a máxima evolução humana, algo que acaba afetando a relação entre pokémons e humanos – como pode ser visto quando Tim descobre as consequências de uma misteriosa substância química – e despertando as ações de um dos pokémons mais poderosos que existe: Mewtwo.
Crítica: A Maldição da Chorona
Prestes a resolver tudo com certa previsibilidade positiva, o roteiro entrega plots twists que se tornam uma grata surpresa ao espectador e um desfecho bom e surpreendente à história.
Considerações finais
Pokémon: Detetive Pikachu surpreende ao entregar uma história distante do original, com um mistério bem desenvolvido, ótimas interações entre os protagonistas e um desfecho que acaba sendo uma grata surpresa. É um filme que exala fofura e prende a atenção pela nostalgia, o clima de suspense pelas ruas de Ryme City e a agradável dupla Justice Smith e Ryan Reynolds.
PS: A dublagem brasileira está muito boa, mas também vale assistir legendado.
Ficha Técnica
Pokémon: Detetive Pikachu
Direção: Rob Letterman
Elenco: Justice Smith, Ryan Reynolds, Kathryn Newton, Bill Nighy, Ken Watanabe, Chris Geere, Suki Waterhouse, Rita Ora e Karan Soni.
Dublagem brasileira: Philippe Maia
Duração: 1h45min
Nota: 7,5