Através da Minha Janela (A través De Mi Ventana) é a nova produção da Netflix que, talvez, não cairá no gosto de todos, uma vez que é voltado para o público que curte romance hot, mas mesmo quem não faça parte desta comunidade de apreciadores de tal gênero, pode curtir este filme que te desprende um pouco da realidade ao mergulhar na trama sobre uma paixão adolescente clichê, prazerosa e divertida na medida certa.
Com direção de Marçal Forés e adaptado do livro da autora Ariana Godoy, Através da Minha Janela apresenta Raquel, cuja vida se resume a trabalhar em uma lanchonete de um parque, sair com os seus dois melhores amigos, estudar, focar na escrita e, principalmente, observar pela janela do quarto o seu vizinho alto, atlético, misterioso e lindo como um deus grego, como o próprio nome dele já diz.
Ares Hidalgo é a paixão secreta de Raquel, mas os dois nunca trocaram uma palavra. No entanto, a situação muda quando a garota descobre que o vizinho vem usando o seu wi-fi sem permissão, o que lhe dá coragem para confrontá-lo e também falar com ele pela primeira vez. Assim, os dois iniciam um jogo de atração e obsessão enlouquecedor, que vai mostrar a Ares que Raquel não é apenas uma garota tímida e insegura que todos imaginam.
O intuito de Raquel é fazer com que esta paixão platônica se torne realidade, o que a faz ficar envolvida com Ares que mostra ser um cara frio e sem emoções. Até que ponto Raquel está disposta a ir para ter o que sempre quis?
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Como não li o livro, não farei comparações entre a adaptação e a obra original, mas posso dizer que Através da Minha Janela consegue entregar um romance hot teen satisfatório que irá agradar quem gosta do gênero – acredito que os fãs do livro também – além de servir como experiência positiva para quem deseja conhecer este universo romanticamente prazeroso, como foi o meu caso.
O filme é praticamente carregado pelos dois protagonistas cuja intenção é desenvolver este jogo na qual o público vê os sentimentos de ambos crescer. A atriz Clara Galle entrega uma Raquel aparentemente tímida, mas que de introvertida ela não tem absolutamente nada, afinal, os primeiros passos para este romance acontecer são dados por ela, que não esconde a atração que tem por Ares e diz exatamente o que quer dele, afirmando que irá conquistá-lo de alguma forma.
A personagem agrada por sua personalidade sincera e prática, deixando claro que os sentimentos que ela tem pelo vizinho são verdadeiros e objetivos na qual ela deseja jogar limpo. Caso não dê certo, Raquel seguirá em frente, um ponto que obviamente não será tão fácil de obedecer, uma vez que ela já está mergulhada neste clima.
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Junto ao romance, o filme desenvolve o lado escritora de Raquel, que sempre se sabota nas aulas por não acreditar que sua desenvoltura para escrita seja boa, um detalhe que faz parte do seu histórico familiar. Não darei mais detalhes para não dar spoilers, porém, gostaria que o roteiro tivesse se aprofundado mais para vermos este lado intelectual vulnerável da personagem, em que debate consigo mesma com relação ao seu potencial escondido. No fim das contas, esta subtrama é apenas a base que se conecta com tudo o que acontece na história.
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Do outro lado, Através da Minha Janela apresenta Ares (Julio Peña) que, sim, tem o nome de um deus grego assim como os seus irmãos Artemis e Apolo. Os três fazem parte da família Hidalgo que se destaca na cidade por ser bem sucedida nos negócios, uma reputação e um compromisso que o pai deseja que os filhos deem continuidade, sem obstáculos, especialmente os relacionamentos.
Quando o espectador dá conta de como é a estrutura familiar dos Hidalgo, é possível compreender a razão para Ares ser frio e não se envolver emocionalmente com ninguém, um ciclo que é quebrado ao conhecer Raquel, o que fará o personagem andar em cima do muro, dividido entre seguir o seu coração ou ter o seu destino controlado pelo pai.
Quando o filme entrega os parâmetros dos personagens e o status emocional de cada um, a trama desenrola todo o romance que ganha vários momentos clichês, entre discussões, beijos, promessas, decepções e novas chances.
A química de Raquel e Ares é instantânea e não há como negar, seja nas provocações, nas trocas de beijos, declarações e, até mesmo, nas discussões. As cenas de sexo são boas, prazerosas na medida certa, sem serem explícitas ou vulgares. Acredito que o filme acertou em cheio nestas sequências.
Com relação aos momentos clichês, não há como fazer vista grossa para algumas cenas particularmente bregas, o que até acaba se tornando divertidas, como a cena da festa em que Raquel e Yoshi dançam ao som de uma música que, na minha opinião, não se encaixou com o momento, o que tornou até cômico; e a cena em que Ares e Raquel discutem na biblioteca, em que a garota faz caras, bocas e expressões corporais bem típicas de um casal discutindo em público. Isso sem contar nas inúmeras vezes em que Ares entra no quarto da garota pela janela, o que o deixa com a impressão de folgado, o que deva ser proposital. Caso leve todos estes momentos a sério demais, obviamente não irá gostar, mas se abraçar tudo isso e entrar na onda deste romance, a trama será melhor apreciada.
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Claro que o filme também entrega momentos em que Ares tem atitudes julgáveis e desagradáveis com Raquel, o que faz ele ganhar o rótulo de babaca temporariamente, mas à medida que as camadas do personagem ficam expostas, assim como a dinâmica da sua família, é possível compreender melhor as suas ações e, consequentemente, as reações de Raquel que ativa a defensiva para não se machucar mais.
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Já os personagens coadjuvantes trazem um complemento satisfatório ao filme, como é o caso da Daniela (Natalia Azahara), amiga divertida de Raquel que, inclusive, tem um estilo parecido com a da personagem Maddy da série Euphoria (só o estilo, tá?). Yoshi (Guillermo Lasheras) é o amigo cujos sentimentos se afloram mais do que esperado com relação à Raquel, o que não curti tanto, afinal, queria ter visto mais da amizade raiz dos dois na trama. Já a mãe (Pilar Castro) da protagonista serve de apoio emocional, um ponto que também gostaria que fosse mais explorado.
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Já a família Hidalgo, todos os integrantes tem o seu pequeno momento, com destaque para o irmão mais velho Artemis (Eric Masip), que planeja pequenas artimanhas para trazer Ares de volta aos trilhos, tornando-se um reflexo do pai. Por ser o filho mais novo, Apolo (Hugo Arbues) é sempre podado pela família com o intuito de que siga as regras, o que também é quebrado quando ele conhece Raquel.
Considerações finais
A reta final ganha a típica atmosfera romanticamente clichê com uma reviravolta interessante para dar aquela chacoalhada na narrativa, culminando em um final bonito que abre portas aos verdadeiros objetivos dos protagonistas em que o romance se torna a base dos dois que, finalmente, viram donos dos seus próprios destinos.
Através da Minha Janela irá agradar os apaixonados por romance hot, assim como também pode agradar os fãs do livro. O mais interessante é que o filme abre portas para quem deseja conhecer o gênero, tornando esta experiência positiva com uma história romântica clichê, prazerosa e um pouco brega que, no fim das contas, é satisfatória.
Ficha Técnica
Através da Minha Janela
Direção: Marçal Forés
Adaptação do livro da autora Ariana Godoy
Elenco: Clara Galle, Julio Peña, Pilar Castro, Hugo Arbues, Eric Masip, Rachel Lascar, Natalia Azahara, Guillermo Lasheras, Marià Casals, Lucía de la Puerta e Emilia Lazo.
Duração: 1h53min
Nota: 3,2/5,0