Moonfall – Ameaça Lunar é o mais novo filme catástrofe que causa fetiche ao ver a destruição em massa em uma narrativa que traz perspectivas pessoais de quem tenta sobreviver à colisão ou de quem deseja salvar o mundo. É um longa que apresenta um enredo interessante cujo ritmo é lento em um desenvolvimento crescente que sabe entregar justificativas surreais, mas plausíveis à situação, com efeitos especiais bastante satisfatórios. Mesmo com ressalvas, é uma história que desperta curiosidade para conhecer.
Dirigido por Roland Emmerich – que já tem experiência com este cenário como Independence Day e 2012 – em Moonfall – Ameaça Lunar, a Lua sai de sua órbita e passa a se deslocar em direção à Terra, podendo causar uma colisão catastrófica. Ainda sem saber quais são os motivos que estão direcionando para esta tragédia global, a ex-astronauta da NASA, Jo Fowler acredita que pode impedir que o impacto maior aconteça, porém apenas um dos seus colegas lhe dá apoio.
Em situação de emergência, um trio aceita a missão de ir até a Lua e impedir a colisão antes que a vida humana seja extinta. Mas ao chegarem lá, eles percebem que a Lua não é exatamente a pedra gigante orbitando a Terra que acharam que era. Com o mundo à beira da aniquilação, Jo Fowler precisará unir forças a um colega do seu passado e um fanático teórico da conspiração para uma missão impossível no espaço para, assim, salvar a humanidade.
Moonfall – Ameaça Lunar chama a atenção pela premissa da Lua colidir com a Terra, no entanto, o filme não foca somente na destruição proeminente do planeta, dando justificativas surreais e consistentes à situação, mergulhando a trama ao gênero ficção científica que, no fim das contas, funciona ao apresentar uma solução plausível, mesmo com alguns tropeços no desenvolvimento, além de algumas resoluções fáceis em meio ao caos global.
O primeiro ponto positivo do filme, sem dúvidas, são os efeitos especiais nas sequências que se passam no espaço, como a sequência inicial que ganha uma camuflagem misteriosa para entendermos o que aconteceu anos atrás, o erro que acarretou em perdas, injustiças e o silêncio absoluto diante da verdade e como isso influencia na catástrofe atual, além das atitudes dos protagonistas. As cenas dos personagens tanto dentro do foguete quanto orbitando no espaço são amplas e bonitas dando a sensação de mistério e medo em meio ao universo infinito.
Já as sequências em que o público acompanha a aproximação e a colisão da Lua com a Terra causam impacto ao nosso olhar ao se deparar com fraturas do satélite caindo sobre o planeta e gerando uma destruição crescente, em que ora parece que a Terra será engolida pela água, ora soterrada pelo gelo, ora inundada pelas chamas que caem do céu. Além disso, o filme toma o cuidado de sempre mostrar que toda vez que a Lua gira e “esbarra” no planeta, a gravidade é ativada, em que alguns usam este fator como a oportunidade certa para sobreviver neste caos.
Já a narrativa sofre alguns percalços por conta da sua fragmentação ao acompanhar pontos de vista diferentes diante da catástrofe. Mesmo com vários momentos dinâmicos, a história se estende por 2h10min o que, facilmente, poderia ser mais enxuta. Além disso, alguns personagens tem o seu espaço, destaque e papel importante na trama, mas nem todos poderão cair no gosto do espectador.
O trio principal é quem assume as rédeas de toda a situação e se colocam a frente para impedir a extinção do planeta. Assim, Moonfall – Ameaça Lunar entrega um bom background de cada um para compreendermos suas motivações para estarem onde estão e as ações desafiadoras diante da catástrofe.
O ator Patrick Wilson entrega um Brian Harper marcado pela injustiça e punição que sofreu anos atrás, o que o fez perder o trabalho na NASA, o status e, até mesmo, sua família, especialmente o relacionamento com o filho Sonny. Por ser astuto e saber quando e como arriscar, o astronauta é novamente recrutado pela antiga colega de trabalho, o que faz ele reviver o passado, remoer sentimentos mal resolvidos e passar por cima de tudo em nome de um bem maior.
A atriz Halle Berry é a ex-astronauta que toma as rédeas da situação enquanto outras autoridades se acovardam diante da catástrofe. Jo é decidida e se arrisca com o objetivo de que seu filho tenha um planeta para viver, o que a faz bater de frente com o governo e militares ao tomar atitudes radicais e, possivelmente, irremediáveis. A relação de Jo com Brian é estremecida por conta do passado, mas a conexão volta a se firmar rumo à salvação mundial.
Já o ator John Bradley interpreta KC Houseman, um teórico da conspiração que descobre sobre a colisão antes de todo mundo e espalha a notícia na internet propositalmente, o que faz ele se aproximar de Brian e, consequentemente, se infiltrar entre os responsáveis para impedir a catástrofe. KC é inteligente, perspicaz, excelente em fazer contas rápidas, mas é um personagem fanático que pode dividir opiniões, uma vez que o filme força a sua aproximação com os demais personagens, já que ele entende com propriedade sobre o assunto, mas nunca trabalhou na área, por exemplo. Além disso, KC é colocado como um alívio cômico na trama que, algumas vezes, torna-se chato, cansativo e repetitivo, o que pode ser um incômodo ou não de acordo com o ponto de vista de quem for assistir ao filme.
Enquanto o público acompanha a missão do trio de protagonistas no espaço, Moonfall – Ameaça Lunar também entrega a perspectiva de quem tenta sobreviver ao caos na Terra, como é o caso do filho do Brian, Sonny (Charlie Plummer), a ex-esposa Brenda (Carolina Bartczak), suas duas filhas, o atual marido Tom (Michael Peña), o filho de Jo, Jimmy (Zayn Maloney) e a estudante de intercâmbio Michelle (Wenwen Yu).
O grupo parte rumo ao bunker militar onde o pai de Jimmy, Doug (Eme Ikwuakor), se encontra, um personagem que só faz caras e bocas e fala ao telefone. Sua única ação acontece na reta final o que, pelo menos, impede que algo pior aconteça. Já ator Donald Sutherland faz uma breve participação especial, na qual ele revela um grande segredo que faz situação ficar às claras para Jo.
As sequências de fuga deste grupo são boas e arriscadas, relevando certas atitudes duvidosas dos personagens. Um ponto que o roteiro faz questão de evidenciar é que, mesmo diante do fim mundo, é possível que o ser humano exponha tanto a selvageria de seu comportamento, como na cena em que Sonny enfrenta um grupo de ladrões enquanto tenta chegar a um local seguro com a família e companheiros; quanto os sacrifícios daqueles que desejam salvar quem ama.
Em contraposição, o filme falha em mostrar somente este grupo sobrevivendo à catástrofe, deixando de lado todo o resto da população. Onde estão as pessoas do planeta? Todos morreram? Conseguiram escapar? A sensação que dá é que mais ninguém importa, somente a família do trio de protagonistas, o que soa estranho e egocêntrico. É possível relevar tal facilidade que o filme entrega, mas sem fazer vista grossa para esta decisão.
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O roteiro também tropeça em diálogos com frases de efeito em excesso, soando piegas em algumas ocasiões, salvando-se quando apresenta explicações científicas e mais palpáveis sobre a situação.
Considerações finais
O terceiro ato de Moonfall – Ameaça Lunar desvia temporariamente da atmosfera catastrófica e imerge no gênero ficção científica em que tanto os protagonistas quanto o público ganham explicações surreais e engrandecedoras sobre a origem da Lua justificando a colisão entre planeta e satélite, o que faz sentido no fim das contas, com a famosa “explosão mental” acontecer neste instante.
A reta final é marcada por momentos cruciais culminando em um desfecho emocionante em que as peças do quebra-cabeça sobre a real origem da Lua finalmente se encaixam, apesar de facilitar alguns detalhes.
Moonfall – Ameaça Lunar é um filme que se destrincha entre o gênero e subgênero ficção científica e catástrofe, cujas cenas de ação ganham efeitos especiais que deixam o espectador saciado com o que vê na tela. Mesmo com uma história mais extensa do que o necessário, com certas facilidades e algumas ressalvas, a narrativa entrega perspectivas interessantes dos personagens que se desafiam a lutar e sobreviver ao fim do mundo.
Ficha Técnica
Moonfall – Ameaça Lunar
Direção: Roland Emmerich
Elenco: Patrick Wilson, Halle Berry, John Bradley, Michael Peña, Charlie Plummer, Donald Sutherland, Wenwen Yu, Eme Ikwuakor, Carolina Bartczak, Ava Weiss, Azriel Dalman e Zayn Maloney.
Duração: 2h10min
Nota: 3,0/5,0